RADIALISTAS E O VÍNCULO EMPREGATÍCIO NÃO MAIS EXISTENTE
Circulo todo domingo pela feira e neste não foi diferente. Um encontro e um papo dos mais aproveitáveis com um senhor, um velho conhecido do microfone de Bauru, radialista da velha cepa, já tendo passado por muitos dails e hoje, infelizmente afastado pelos motivos que me expôs, pedindo o anonimato:
- "A coisa não anda fácil na cidade. Não estão mais dando emprego para radialistas em rádio AMs na cidade e na maioria do interior. Ou os horários estão todos tomados pelos programas religiosos ou você até pode ter um programa, mas tem que comprar o horário. Quer dizer, sou obrigado a pagar o horário e na minha idade, eu que sou um comunicador, acabo sendo também um revendedor dos horários comerciais da rádio. Elas não possuem mais funcionários experimentados para vender anúncios, nem setor específico para essa finalidade, somos nós que temos que fazer se quisermos continuar trabalhando. Isso é um drible nas leis trabalhistas e uma grande injustiça com todos que suaram a camisa para conquistar um nome. Muito perneta de microfone, qualquer um que sabe vender anúncios e acaba ocupando espaço de gente mais experiente como eu e tantos outros. Não existe mais uma grade de programação. A qualidade foi para a cucuia, pois entra no ar,quem paga. Antigamente, a programação era criteriosa, todo o horário preenchido com bons profissionais, hoje não mais. Os donos das rádios ficam lá no ar refrigerado, no bem bom e nós é que temos que ralar e suar a camisa. Não posso concordar com isso. Alguém precisa denunciar isso, pois isso agora é regra. Antes era uma exceção, hoje não, quase já não existe mais locutor que seja funcionário de emissora no interior paulista. Não se tem mais nenhum vínculo empregatício com a rádio, assinamos uma espécie de contrato, concordando com isso, com a compra do horário por um preço xis e só se vendermos acima daquilo, aí ganharemos alguma coisa. Isso só existe aqui no Brasil. Uma vergonha. Eu e tanto outros, que já estamos com uma certa idade não achamos justo também a forma como as rádios se utilizam dos estagiários de jornalismo. Eles não pagam nada, ou quase nada e esses meninos trabalham de graça, ocupando o espaço que poderia ser nosso. Falam livremente nos horários, ocupam longos espaços, com custos baixíssimos, enquanto muitos profissionais já qualificados penam na marginalização. Além disso, alguns deles devem vender também anúncios para a rádio, gerando mais lucros para seus diretores e donos. Eu queria muito voltar a trabalhar, mas na situação atual é difícil. Tem rádio que está quase toda ocupada com os programas religiosos, gente falando de qualquer jeito no microfone, tudo errado, sem preparo nenhum, uma conversinha fiada de doer os ouvidos e cada vez mais, só porque pagam e muito pelos horários. Tem radialista passando necessidade e alguns tendo que se virar em outras cidades de menor porte, com viagens massacrantes para continuar colocando o pão nas suas mesas. Só eu conheço uma meia dúzia em pior situação que a minha. E o que fazer para mudar isso? Tem diretor por aí que adora criticar o governo, como se fosse o cara mais impoluto do mundo, mas não enxerga os seus próprios erros, só pensa no dinheiro e nada mais. Uns com tantos, cada vez mais e os verdadeiros profissionais cada vez mais na miséria".
Sai da conversa quase sem fôlego, pois tudo me foi despejado de uma só talagada. A fragilidade do ser humano diante de suas dificuldades, as injustiças cometidas e o estar num beco quase sem saída, tudo isso está aí retratado. Um desabafo sentido, cheio de sinceridade e amargura. Dias atrás comentei aqui a situação de alguns profissionais, que só encontraram espaço na internet, transmitindo sem vínculo com rádios. Eu, que ouço rádio, principalmente AM, diariamente, não me furto em divulgar esse depoimento, mais esse nervo exposto, não só para reflexão, mas para que se tente alguma reviravolta, alguma solução. Será possível?
- "A coisa não anda fácil na cidade. Não estão mais dando emprego para radialistas em rádio AMs na cidade e na maioria do interior. Ou os horários estão todos tomados pelos programas religiosos ou você até pode ter um programa, mas tem que comprar o horário. Quer dizer, sou obrigado a pagar o horário e na minha idade, eu que sou um comunicador, acabo sendo também um revendedor dos horários comerciais da rádio. Elas não possuem mais funcionários experimentados para vender anúncios, nem setor específico para essa finalidade, somos nós que temos que fazer se quisermos continuar trabalhando. Isso é um drible nas leis trabalhistas e uma grande injustiça com todos que suaram a camisa para conquistar um nome. Muito perneta de microfone, qualquer um que sabe vender anúncios e acaba ocupando espaço de gente mais experiente como eu e tantos outros. Não existe mais uma grade de programação. A qualidade foi para a cucuia, pois entra no ar,quem paga. Antigamente, a programação era criteriosa, todo o horário preenchido com bons profissionais, hoje não mais. Os donos das rádios ficam lá no ar refrigerado, no bem bom e nós é que temos que ralar e suar a camisa. Não posso concordar com isso. Alguém precisa denunciar isso, pois isso agora é regra. Antes era uma exceção, hoje não, quase já não existe mais locutor que seja funcionário de emissora no interior paulista. Não se tem mais nenhum vínculo empregatício com a rádio, assinamos uma espécie de contrato, concordando com isso, com a compra do horário por um preço xis e só se vendermos acima daquilo, aí ganharemos alguma coisa. Isso só existe aqui no Brasil. Uma vergonha. Eu e tanto outros, que já estamos com uma certa idade não achamos justo também a forma como as rádios se utilizam dos estagiários de jornalismo. Eles não pagam nada, ou quase nada e esses meninos trabalham de graça, ocupando o espaço que poderia ser nosso. Falam livremente nos horários, ocupam longos espaços, com custos baixíssimos, enquanto muitos profissionais já qualificados penam na marginalização. Além disso, alguns deles devem vender também anúncios para a rádio, gerando mais lucros para seus diretores e donos. Eu queria muito voltar a trabalhar, mas na situação atual é difícil. Tem rádio que está quase toda ocupada com os programas religiosos, gente falando de qualquer jeito no microfone, tudo errado, sem preparo nenhum, uma conversinha fiada de doer os ouvidos e cada vez mais, só porque pagam e muito pelos horários. Tem radialista passando necessidade e alguns tendo que se virar em outras cidades de menor porte, com viagens massacrantes para continuar colocando o pão nas suas mesas. Só eu conheço uma meia dúzia em pior situação que a minha. E o que fazer para mudar isso? Tem diretor por aí que adora criticar o governo, como se fosse o cara mais impoluto do mundo, mas não enxerga os seus próprios erros, só pensa no dinheiro e nada mais. Uns com tantos, cada vez mais e os verdadeiros profissionais cada vez mais na miséria".
Sai da conversa quase sem fôlego, pois tudo me foi despejado de uma só talagada. A fragilidade do ser humano diante de suas dificuldades, as injustiças cometidas e o estar num beco quase sem saída, tudo isso está aí retratado. Um desabafo sentido, cheio de sinceridade e amargura. Dias atrás comentei aqui a situação de alguns profissionais, que só encontraram espaço na internet, transmitindo sem vínculo com rádios. Eu, que ouço rádio, principalmente AM, diariamente, não me furto em divulgar esse depoimento, mais esse nervo exposto, não só para reflexão, mas para que se tente alguma reviravolta, alguma solução. Será possível?
Realmente as Ams estao virando um lixo...E elas estao sendo invadidas por esta praga...Tem que fazer o que faz o Esmeraldi que trabalha com producao propria e tem seu publico cativo e nao tem que aguentar aporinhacao de ninguem e o mesmo ja vem fazendo tambem o Rafael do Jornada Esportiva...Transmissao via Internet...Sabemos que e um veiculo de comunicacao que nem todos podem ter....Mas este e o caminho..Nao vejo outra maneira.Abrs.
ResponderExcluirO José Esmeraldi é o exemplo mais clássico aqui em Bauru. Chegou um momento que não suportou mais isso e mandou tudo às favas. Foi cuidar de sua vida e fazer o que gosta da sua maneira. Porém, nemtodos podem fazê-lo dessa forma. Esmeraldi é aposentado, tem uma certa renda, mas muitos não o são e padecem nas mãos de gente aproveitadora. Que isso sirva até para o Ministério do Trabalho averiguar o setor.
ResponderExcluirCarlos Júnior
Eu adoraria falar o que penso aqui sobre esse assunto. Externar meu ponto de vista dando nomes aos bois, mas sei que se fazê-lo não terei mais nenhum espaço na rádio que estarei denunciando com a maior propagadora de fatos iguais aos narrados no depoimento colhido por ti. É a mais pura verdade e ainda tem a cara de pau de criticarem os erros alheis. Todos podem fazê-lo, mas quando não possuem telhado de vidro.
ResponderExcluirg.
Um bom começo para acabar com isso é denunciar ao sindicato da categoria. Pelo que sei, quando as denúncias chegam, são encaminhadas para o Ministério do Trabalho. Não dando jeito, vai para o Ministério Público do Trabalho. O que não pode acontecer é ver a banda passar e esperar que as coisas se ajeitem por si só. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come?! Então basta enfrentar o bicho amigão. Não precisa se expor, denuncia de maneira anônima as emissoras, dê detalhes, quanto mais, melhor será a ação sindical.
ResponderExcluirForte abraço.
É o que o Werneck falou com muita propriedade: o indignado que ponha a boca no trombone, mesmo que anonimamente.
ResponderExcluirSomos apenas papagaios ou locutores pensantes?
É uma pena não termos radialistas com talento para a luta sindical em Bauru. Eu mesmo sinto-me travado para exercer algo de tamanha importância.
Abração
W.Leite
Revoltante mesmo.
ResponderExcluirAlém do teto salarial baixo, as dificuldades são enorme, criadas pelo dono...
Além do jabá, o constrangimento e ter que fazer o jogo podre de seus donos....
O duro é quem o poder deles é tao grande, que quem denuncia fica queimado....
....triste!
por isso que a classe está desmoralizada, o cara tá ferrado, quando aparece uma oportunidade para reclamar ele se esconde atraz da pior proteçao para alguem,o anonimato.
ResponderExcluirum abraço lázaro carneiro