terça-feira, 26 de janeiro de 2010

RETRATOS DE BAURU (74)

REGINALDO, O PALHAÇO VENDENDO SUA SOBREVIVÊNCIA NO SINAL
Reginaldo Campanholli é mais um paulistano, dentre os muitos que aportaram em Bauru há alguns anos atrás, primeiro atrás da sobrevivência diária, depois do sonho de sua vida, o de estar mais perto de uma das poucas cidades que ainda consegue respirar ferrovia, uma de suas paixões. O primeiro ele realiza diariamente no sinaleiro do cruzamento da Avenida Nações Unidas com Nuno de Assis, quando travestido de palhaço revende doces e guloseimas, a forma encontrada para ganhar uns trocos, pagar a hospedagem no Hotel Cariani e comer. Essa a rotina cruel de sua vida. Sob sol ou chuva lá está, de carro em carro, sempre sorridente e solícito. No segundo, desde que por aqui chegou, passa a circular nos trilhos e já é parte integrante da Associação de Preservação Ferroviária e de Ferromodelismo de Bauru, com participação das mais ativas e interessadas. Faz e acontece ao seu jeito e maneira. Uma pessoa simples, de vida mais do que modesta, lutando contra suas necessidades, mas resistindo bravamente e tentando continuar a fazer o que gosta. Observar sua caminhada é constatar o quanto isso é difícil e complicado, pois rema contra uma maré de adversidades. Persistente, não desiste, tornando-se um exemplo para muita gente. Produzi com ele um longo texto de Memória Oral e hoje volto com suas fotos ampliadas, pois em cada passagem lá no seu local de trabalho, um novo pedido: "Me ajude, pois aquele seu texto foi muito importante, ajudou muito a ficar mais conhecido, vieram pessoas bater papo, paravam os carros para me conhecer e sinto falta de gente, não só para comprar meus doces, mas os que param e vem aqui conversar". Não resisto e Reginaldo está aqui novamente, com a cara e a coragem. Um bravo habitante de nossas ruas. No final, um vídeo dele no cruzamento das avenidas, ali pertinho da rodoviária.

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