quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

ALGO DA INTERNET (28)

FALSOS TEXTOS NA REDE INTERNÉTICA
Ao abrir os e-mails diariamente muitos textos, vários deles com imagens e slides que vão sendo repassados diante dos nossos olhos. Mensagens de todos os quilates, para todos os gostos. Alguns leio, outros logo deleto. Quando percebo algum indício de falsidade, ou melhor, de falta de autenticidade, deleto na hora. Nessa semana recebo um desses e eles vêem sempre com algo assim: “Lindo. Longo, mas vale a pena ser lido até o fim”. O que me deixa um tanto acabrunhado é o fato de que o texto pode ter lá sua boniteza, mas são poucos os que questionam sua veracidade, sua autenticidade. Tudo o que é recebido é como se fosse a mais pura e absoluta verdade. E passam para frente com a mesma velocidade que receberam. E acham lindo. Eu deleto na mesma velocidade.

Cito aqui dois casos. Primeiro o que recebi recentemente. Intitulado de “Um gênio de despede”, vem como se fosse obra de Gabriel García Márquez. Mais trágico não poderia ser, pois vem seguido de que o escritor após ter decidido se aposentar da escrita, faz uma espécie de desabafo e que tudo foi causado por uma doença incurável, um câncer, que outro já espalha ser um “cancro linfático agudo”. Comecei a ler e logo nas primeiras linhas constato que não pode ser coisa do “Gabo”, ele nunca escreveria daquele jeito. Fui verificar no google e poucos questionam a veracidade. A maioria segue na linha do “lindo”, “quase chorei” e “repasso para vocês, pois me tocou profundamente”. Deixo aqui uma das tantas reproduções feitas pelo texto na internet. Escolhi uma de forma alheatória, só para verem como são espalhadas e como são os comentários na seqüência: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090411104327AAGjPKF .

Outro que padece do mal da reprodução indiscriminada é o brasileiro Luís Fernando Veríssimo. Duvido que, dentre todos que me lêem, nenhum de vocês já não recebeu textos assinados pelo Veríssimo. Cito ele, pois quando esteve em Bauru, há uns três anos atrás, fui vê-lo numa palestra lá no SESC. No bate-papo surge a inevitável pergunta: Tem muita coisa falsa sua na Internet, não? Rindo ele disse: “Não existe como controlar isso. Já encontrei coisas muito bem escritas, algumas melhores do que as escritas por mim. Dessas me orgulho, mas de outras, fico apreensivo. Sei que os leitores que me conhecem sabem identificar algo meu e um texto tosco, preconceituoso e que foge da minha linha de pensamento”. Tudo o que recebo, tanto dele, como de figurões, passa por um crivo pessoal rigoroso. Achei muito interessante o que esse blog (http://www.rosangelaliberti.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=147039) fez, ao relacionar alguns desses textos.
OBS.: Na foto do Gabo, mostrando a língua (provavelmente para a morte), linda, foi sacada de um Gilete Press, na internet e todas as do Veríssimo foram tiradas por mim quando de sua passagem por Bauru em 2008.

2 comentários:

  1. E essa é uma mediocridade que só aumenta infelizmente. É a receita pronta, ninguém se aprofunda em nada, pega um email ali, um texto lá, e da-lhe babaquice, todos acreditam no que leem.

    Marcos Paulo
    Comunismo em Ação

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  2. Foi muito gostoso ler esse texto por aqui.
    Recebo diariamente uma infinidade de textos com nome de pessoas famosas e nunca havia me atentado sobre a veracidade dos mesmos.
    Não achava que o ser humano pudesse ficar alterando isso. E por que o fazem? Comque intuito?
    Vejoem alguns casos, textos com interesses, nesses sim.
    Mas muitos deles tem mensagens bonitas, de encorajamento. Nesses também podem estar nomes de famosos colocados de forma indevida. E por que? O que moveria um ser humano a escrever algo e divulgar em nome de outro.
    Seria para que ela tivesse um real aproveitamento mais rápido e eficiente do que tendo o nome de um desconhecido.
    Que coisa, hem...
    Ficarei mais atenta.

    Maria Clara

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