NUM DIA DE CHUVA, MUITA CHUVA - crônica publicada edição 264, Revista do Caminhoneiro (dez/jan. 2010)
(Aqui uma explicação: Convidado por Graziela Potenza, editora da Revista do Caminhoneiro (www.revistacaminhoneiro.com.br - tiragem de 100 mil exemplares) e pelo amigo Fausto Bergocce, que ilustrará meus textos, mês sim, mês não, começo nessa edição a publicar crônicas mensais sobre a temática Caminhoneiros, em substituição ao escritor/caminhoneiro Henrique Lessa, recentemente falecido. Como todo começo, ainda pisando em ovos, um texto cheio de imperfeições, mas um começo, cheio de orgulho e com muita responsabilidade. Foi dado o pontapé inicial, acaba de chegar às bancas a edição impressa da revista).
Histórias e estórias, os caminhoneiros possuem um vasto repertório, verdadeiro anedotário de causos. Mas nem só de coisas escabrosas e fantásticas é constituída a maioria delas. Uma profissão onde o constante é não estar parado, viajando de um lugar para outro, cruzando cidades, fronteiras e encruzilhadas mil, muitas delas demonstram o lado mais sensível, o de encontros e desencontros amorosos, alguns dando errado e outros muito certos.
Conheço uma dessas histórias. Joaquim transporta jornais, distribuíndo-os ainda de madrugada em várias cidades, tudo para que estejam nas bancas logo ao amanhecer do dia. Sai da sua Avanhandava, interior de São Paulo, vem até Bauru (130 km), de onde carrega sua preciosa carga e lá pelas 2h30 da manhã começa a rotina, de cidade em cidade, contando mais de quinze. Faça sol ou chuva, frio ou calor, Joaquim segue sua rotina diária.
Os mesmos caminhos todo santo dia. Sua vida, anos atrás, estava em polvorosa, separado, sem ninguém a lhe fazer companhia nas idas e vindas, muito menos alguém aguardando o seu retorno com a mesa posta. Todo dia ele passava naquela vicinal entre Lins e sua cidade, quase 7h30 da manhã, e na maioria das vezes uma moça na beira da pista, num ponto de ônibus, à espera da condução, retornando de seu trabalho noturno num hospital. Passava sempre pouco antes do horário do ônibus e vai notando na roupa que ela veste, os embrulhos que carrega. Nada lhe passa desapercebido. Sonha.
Num dia de muita chuva sua vida sofre uma guinada. O trabalho estava atrasado, muita água na estrada e nem tudo correndo como queria e previa. Passando pelo tal ponto de ônibus vê que, pelo visto, o dia não estava dando lá muito certo não só para ele. Lá estava a moça, mesmo na cobertura de proteção, molhada e em desespero. Havia perdido o ônibus e o próximo passaria por volta da hora do almoço. Decide numa fração de segundos, dá ré e lhe oferece uma carona. Da desconfiança inicial, seguem juntos e respeitoso, entrega a moça sã e salva quase no portão de sua casa.
Quase seis anos após e vemos Joaquim na mesma rotina, agora com companhia diária na boléia, alguém que lhe ajuda em tudo, Maria, a ex-enfermeira, hoje sua esposa. Ambos seguem pelas estradas paulistas, trabalhando nas ininterruptas madrugadas, um mais feliz que o outro.
PS: Substituir o escritor Henrique Lessa é tarefa das mais difíceis, primeiro pela qualidade do seu texto, depois pela figura humana que era e por fim, pela inesgotável fonte de histórias que fluía naturalmente de sua mente. Tento à minha maneira e espero contar com a compreensão dos leitores, que como eu, admiramos o conjunto de sua obra.
Conheço uma dessas histórias. Joaquim transporta jornais, distribuíndo-os ainda de madrugada em várias cidades, tudo para que estejam nas bancas logo ao amanhecer do dia. Sai da sua Avanhandava, interior de São Paulo, vem até Bauru (130 km), de onde carrega sua preciosa carga e lá pelas 2h30 da manhã começa a rotina, de cidade em cidade, contando mais de quinze. Faça sol ou chuva, frio ou calor, Joaquim segue sua rotina diária.
Os mesmos caminhos todo santo dia. Sua vida, anos atrás, estava em polvorosa, separado, sem ninguém a lhe fazer companhia nas idas e vindas, muito menos alguém aguardando o seu retorno com a mesa posta. Todo dia ele passava naquela vicinal entre Lins e sua cidade, quase 7h30 da manhã, e na maioria das vezes uma moça na beira da pista, num ponto de ônibus, à espera da condução, retornando de seu trabalho noturno num hospital. Passava sempre pouco antes do horário do ônibus e vai notando na roupa que ela veste, os embrulhos que carrega. Nada lhe passa desapercebido. Sonha.
Num dia de muita chuva sua vida sofre uma guinada. O trabalho estava atrasado, muita água na estrada e nem tudo correndo como queria e previa. Passando pelo tal ponto de ônibus vê que, pelo visto, o dia não estava dando lá muito certo não só para ele. Lá estava a moça, mesmo na cobertura de proteção, molhada e em desespero. Havia perdido o ônibus e o próximo passaria por volta da hora do almoço. Decide numa fração de segundos, dá ré e lhe oferece uma carona. Da desconfiança inicial, seguem juntos e respeitoso, entrega a moça sã e salva quase no portão de sua casa.
Quase seis anos após e vemos Joaquim na mesma rotina, agora com companhia diária na boléia, alguém que lhe ajuda em tudo, Maria, a ex-enfermeira, hoje sua esposa. Ambos seguem pelas estradas paulistas, trabalhando nas ininterruptas madrugadas, um mais feliz que o outro.
PS: Substituir o escritor Henrique Lessa é tarefa das mais difíceis, primeiro pela qualidade do seu texto, depois pela figura humana que era e por fim, pela inesgotável fonte de histórias que fluía naturalmente de sua mente. Tento à minha maneira e espero contar com a compreensão dos leitores, que como eu, admiramos o conjunto de sua obra.
xa, Henrique, que legal.
ResponderExcluirFiquei muito contente pela nova conquista. Quem escreve regularmente como você, deve saber que nem todo dia a inspiração bate com aquele ímpeto. Tem dias que tudo flui mais devagar, lentamente e em outros, tudo cai como uma luva. Toque o barco, que pelas suas constantes viagens, deve ter muitas, mas muitas mesmo, histórias e estórias. Torço por ti.
João
ah, que boa notícia Henrique! Parabéns! Vê merece espalhar seu talento pelo mundo!
ResponderExcluirAbração em você e no Fausto!
W.Leite
Valeu Henrique...Mais um bom motivo pra visitar a sua pagina e ler os seus textos.Parabens...Voce e o cara.
ResponderExcluirParabéns querido amigo!! muito sucesso na nova empreitada!!gde bjo!Marisa F...
ResponderExcluirHenrique ,
ResponderExcluirParabéns pelo seu primeiro texto na Revista do Caminhoneiro,com certeza terá sucesso !!!!
Seu primor na adequação das palavras, criatividade,sensibilidade na elaboração das histórias ,deixará seus novos leitores instigados para a próxima edição
Essa oportunidade vem consolidar seu talento como jornalista "Sem Diploma",mas com uma desenvoltura de causar inveja à muitos ...
Ter o privilégio de contar com as ilustrações magníficas, do seu amigo Fausto ,pode ficar pimposo,a repercussão será imediata.
Bjs.
Maria José
Fico feliz por ti irmão ...
ResponderExcluirSei do seu potencial, tenho certeza que se sairá muito bem nessa nova empreitada.
Realmente seu nome será reconhecido em outras paragens ...
Sorte e sucesso hoje e sempre .
Beijos
Helena Aquino