ARCÔNCIO E HELENO, 94 E 81, PASSEANDO NA FEIRA
Hoje uma historinha das mais simples, um reencontro, uma caminhada dominical de dois velhos senhores, que a lentos passos queriam rever um dos pontos mais movimentados da cidade. Pois foi assim, o ocorrido e eu conto como se sucedeu.
Hoje uma historinha das mais simples, um reencontro, uma caminhada dominical de dois velhos senhores, que a lentos passos queriam rever um dos pontos mais movimentados da cidade. Pois foi assim, o ocorrido e eu conto como se sucedeu.
Domingo, 07/03, 10h, sol de rachar mamona, adentro a feira dominical de Bauru, mais precisamente o reduto da denominada Feira do Rolo junto de duas pessoas de responsa. Eu, HPA, 50 anos quase completados, ladeado de dois senhores, de um lado Arcôncio Pereira da Silva, 94 anos e do outro Heleno Cardoso de Aquino, 81 anos. Andar num horário desses naquela babilônia é algo difícil para quem tem as juntas bem lubrificadas, imagine para nós três e com o sol a nos amolecer as moleiras.
Nossa parada primeira foi na banca de livros e discos do Carioca, bem defronte a sede da Associação dos Aposentados de Bauru e Região, onde seu Arcôncio ostenta a carteira de sócio nº 1 da entidade. Portões fechados, arrumo banquinhos para ambos descansarem numa providencial sombra. “Eles não abrem mais aos domingos, pois ficava uma fila para o xixi”, me explica um vendedor de relógios. Seu Heleno, meu pai fica a fuçar livros e um deles lhe atrai, “Tietê – Imagens que o Brasil não vê”, que o Carioca lhe passa às mãos por módicos R$ 2 reais. Tiramos fotos e caminhamos por entre as bancas até uma de pastel, que pudesse acomodar três suados senhores, nenhum de chapéu. Um de queijo para cada um, regado com refrigerantes e alguns encontros, esbarrões e conversas com gente curiosa.
Ali na mesa são mostradas carteiras de ambos, uma da Associação, a do Arcôncio e outra do Passe Livre da Emdurb, a do pai Heleno. Uma peculiaridade da história da cidade outrora ferroviária, Arcôncio conta ter saido da Cia Paulista em 1949, após liderar uma famosa greve e Heleno, adentra a mesma em 1946, para dela sair só aposentado. E ali bem ao lado dos trilhos, mal puderam vê-los, pois o largo estava de gente aos borbotões e as pernas de ambos já não correspondiam com a vontade expressa pelo corpo.
Muita conversa, muito calor e uma caminhada de volta até o carro em exatos 150m dali. Ambos queriam caminhar, sair da rotina, rever a feira, ver gente e assim foi feito. Caminhando lentamente, ora pelo centro da feira, ora pela calçada, com várias paradas, para descansar as juntas e para um alcançar o outro Deu para sentir que além do cansaço, ambos estampavam uma fisionomia de desbragada alegria. E assim fomos todos para o almoço. Tudo aquilo não durou mais que duas horas e tenham certeza, foi a melhor coisa que fiz naquele domingão de sol implacável.
Henrique, sua sensibilidade com seus pais me emociona de verdade.
ResponderExcluirabracitos da ana bia andrade
Puxa irmão ...nem sei oque falar ... isso me emocionou muito ...ver o pai assim feliz, sentindo uma emoção em cada espaço cruzado, é bom demais ... gratificante.
ResponderExcluirSabe irmão, as vezes nos esquecemos das pequenas coisas, temos uma vida atribulada, muita correria e não percebemos o quanto é importante um simples caminhar ... e também não temos tanto tempo para poder proporcionar esse pequeno caminhar à nossos entes queridos .... isso as vezes me dói sabe .... muito ...
Fico feliz e reconfortada por você estar perto dos nossos pais e por ser essa criatura maravilhosa que é, pois dá a referida atenção que eles merecem ....
Obrigada irmão mesmo irmão. Tenho certeza que o pai adorou tudo isso ....Continue assim querido ... e que Deus te proteja sempre...
Beijos
Helena Aquino