LATUFF, A ÍNFIMA POSSIBILIDADE DE UM OUTRO MUNDO E ALGUMAS ALTERNATIVAS
Semana corrida (ufa!), agitação na segunda com Maringoni e na terça, tudo repetido em maior intensidade, alguns decibéis acima. A palestra (ou seria bate-papo?) com Carlos Latuff dentro da Semana Latino-Americana, do Colégio D'Incao foi algo a marcar todos os que lá estiveram. Os presentes receberam um toque dos mais significativos e a receptividade foi contagiante (só duas pessoas sairam da sala durante a fala). Reproduzo abaixo o que consegui ir captando em tão ousado procunciamento:
"Eu não empresto o meu talento para Deus e o Diabo, para picaretagem. Escolhi um lado e dele não saio, nem presto favores para o outro. Fui descoberto quando fiz uma charge de um colono judeu atirando num palestino pelas costas. Enviei por email e isso acabou distribuido mundialmente. Percebi o quanto isso poderia ser interessante. Sofro ataques mundo afora, até ameaçada de morte. O grupo ultra-direitista israelense Likud afirmou certa vez: "Israel deveria ter cuidar desse tal Latuff de um jeito ou de outro". Não tenho medo disso, pois se não se morre de bala, pode ser de dengue, malária, enchente, de um jeito ou de outro. Que ao menos seja rápido. Fui tres vezes para delegacias por causa de charges, mas sempre me disseram: vivemos numa democracia. O nome disso é intimidação. Depois fui entender como uma imagem pode causar tanto furor uterino na sociedade. O próprio governador Sérgio Cabral me censurou e mandou retirar outdoors com desenhos meus. Precisamos entender que estamos todos na merda. Muita gente ainda não se deu conta disso. Sabem a história de jogarem o sapo numa vasilha de água quente. Ele pula fora de qualquer jeito, agora se voce colocá-lo dentro da água fria e ligar o fogo ele cozinha ali dentro e não sai da água. O mesmo acontece conosco, estam cozinhando todos nós em fogo brando e nem percebemos. Tente fugir de pensar e agir fora dos padrões de produção vigentes. Dentro dessa pretensa normalidade atual precisamos é criar ruídos. Já que o mundo não vai mudar eu quero estragar a festa. Eu quero mostrar para as pessoas que não vivemos na normalidade. Num shopping chique um lustre é vendido a R$ 30 mil reais e na saída do mesmo garotos cheiram cola. A coisa não está normal. A manipulação ocorre todo dia no pior sentido da palavra. Nesse mundo tudo é o mercado, só que continuam morrendo de verminose, gripe suína, etc. Apregoam que não existe mais esquerda e que a luta de classes acabou. Fazer galhofa com político é fácil, o problema é bater onde dói, no sistema. Esse sistema é que não muda, o latifundiário, empresário, banqueiro continuam. Estamos caminhando para algo igual aos EUA, com dois partidos políticos. O bem e o mal. Por aqui certas coisas não podem ser tocadas. O povo pobre não pode contar com a imprensa burguesa para contar os seus feitos. A imprensa é fdp. Assasinato e pedofilia a imprensa mostra a toda hora, mas não aponta o dedo para os responsáveis pela violência. Eu não quero transformar a imprensa, eu quero destruir a imprensa. A esquerda não pode depender dessa gente. As vezes a gente perde o foco, isso decorre quando assistimos muita TV. Não existe nada imparcial na vida. Ser político é estar vivo, pode-se ser apartidário, não apolítico. Tento implantar uma minhoquinha na cabeça de cada um. Me dê umachance, leve isso tudo para casa e pense só um pouco no que ouviram aqui. Enquanto tivermos elite não iremos mudar. Podemor ir minando o sistema e no coletivo é mais fácil. Criar esses ruídos juntos. Faça como na história do dique e produza furinhos, vários deles, que a pressão da água fará o resto. A revolução não vai aocntecer amanhã. A tecnologia está aí e serve tanto para um como para o outro. A direita está sempre um passo a frente da gente, proque sabe se apropriar antes de nós. A esquerda é lerda. É necessário se apropriar da tecnologia e não das pessoas. Todo comunista tem que aprender duas coisas, divulga muito mal a teoria e a prática do que acreditam. Tendo Propaganda/Marketing e Design Gráfico, aliado com o produto que tem em mãos, ninguém segurariam eles. É o tal do agarrar as pessoas pelo olhar. Competir com esse tipo de coisa, só mesmo com criatividade. Minha dialética está se dissolvendo. Eu não tenho mais fé na universidade, precisamos ser cada vez mais subversivos. O mundo é dito como maravilhoso, com um discurso onde se prega não ser racista, não sou isso e aquilo. Poucos mostram sua cara. Prefiro os camisa-verdes, pois seis quem são. A realidade não está mais falando aos nossos ouvidos, ela está gritando. Vejam um exemplo: um cinema cult no Rio passa filmes diferenciados, um deles mostra a rua, crianças maltrapilhas e esmolando. As pessoas saem da sala chorando, mas não enxergam os maltrapilhos na calçada defronte o cinema. Não nos iludamos com os filmes norte-americanos, pois em todos eles a ideologia está travestida de entretenimento"
Foi um soco no estômago para os desanimados e desarticulados. Algo mais do que concreto, a necessidade de se ter um pouco mais de coragem e resistir, provocar, cutucar e furar bloqueios. Farei isso... Efusivos parabéns para o professor Paulo Neves, o mentor da semana (aprendi a conhecê-lo melhor, virei fã nº 1). Aguardem para os próximos dias um Memória Oral com as incursões férreas de Latuff.
Sr Henrique
ResponderExcluirObrigado por ter passado o site do seu blog para alguns alunos.
Está um grande comentário aqui na escola entre os que perderam o bate papo. E nós que fomos atiçamos e deixamos eles mais putos, dizendo que foi ótimo mesmo.
Já ouvi por aqui que o diretor da escola vai trazer o Latuff de volta para uma palestra para toda a escola em junho.
Isso já corre de boca em boca
Ana Paula e Lígia
Latuff disse:
ResponderExcluir>>"Tendo Propaganda/Marketing e Design Gráfico, aliado com o produto que tem em mãos, ninguém segurariam (sic) eles [os comunistas]."
Ele obviamente está desinformado a respeito do Realismo Soviético, que foi uma influente escola de pensamento estético e linguagem gráfica. Várias vertentes das artes gráficas e do design modernos beberam nessa fonte [à revelia dos soviéticos].
Ponto negativo para o Latuff. :-)
Saudações cordiais.
Não Eraldo, todos nós, inclusive ele reconhece o que foi feito lá atrás pela Escola Soviética de Propaganda e Marketing, que nos anos 20 e 30 produziam cartazes fantásticos. Isso contribuiu e muito na boa divulgação das realizações soviéticas. É que depois disso, a geração atual, produz textos longos, cheios de conteúdo, mas de visual nada convidativo. É disso que nos fala Latuff. E nisso concordo
ResponderExcluirUm abraço Eraldo e minha mana já me convidou para te ver tocar num desses próximosdias, se não me engano lá no Alecrim. É isso mesmo?
Henrique - direto do mafuá
muito bom o encontro com Latuff!!a experiencia de vida q ele trouxe é muito rica eo modo como compartilha suas ideias e ponto de vista é de prender a atenção e fazer refletir.parabéns ao Colegio D'Incao pela iniciativa,deu vontade de conhecer melhor.senti a falta de uma preseça maior de alunos.caso a direção realmente traga de volta o Latuff para um encontro no Colégio será incrível e admirável.difícil ver uma escola abrir para algo assim polêmico eq traga reflexão,geralmente eles estão dentro do esquemão e preocupados em passar outros valores bem dentro do sistema.valeu estar lá!!Marisa F
ResponderExcluirOk, Henrique. Ponto de vista anotado. :-)
ResponderExcluirSim, meu caro, estaremos lá no Alecrim na próxima sexta. Será um prazer revê-los.
Forte abraço e continue com o bom trabalho.
Esse mafuá tá pra lá de bom...hehehehehe
ResponderExcluirCheguei ontem por volta das 10 e tal.
Mas a viagem transcorreu tranquila.
Estes dias foram realmente bacanas, graças a voce e o Paulo
Aguardo seu contato
Graaaaaaaaaaaaande abraço
CARLOS LATUFF