EU NA ESTAÇÃO CENTRAL FERROCARRIL DE HAVANA
Uma pena! Está chegando ao fim (quase, ainda tem um pouco mais) este Diário e o que é pior, a viagem de 19 dias à Cuba. Relato hoje a segunda metade do meu dia 26/03/2008, uma quarta-feira, vivida intensamente em Havana, a capital cubana. Nossa agenda de compromissos, minha e do Marcos Paulo Rezende estava mais do que cumprida. Tudo o que ainda teríamos pela frente estaria no lucro. Acrescento, tudo por lá foi um imenso lucro. Ele tenta sair comigo para as ruas, mas volta e prefere ficar no quarto do hotel, lendo os livros que havia comprado. Sua definição para isso é das mais simples: “Não consigo fazer turismo em lugar nenhum. Penso nas pessoas que não estão na mesma situação. Vim aqui com outro propósito”. Entendo, mas quero continuar a desbravar lugares desconhecidos para mim.
Ando com o intuito de chegar ao Capitólio e de lá atingir o terminal Ferrocarril. Erro feio. Saio por ruas nunca dantes navegadas (por mim, claro). Saio na rua San Lazaro e de lá um desvio de rota. Acabo no sentido oposto ao do terminal, com um grande ginásio esportivo ao lado e para mim surpresa chego na Praza de La Revolución José Marti. Não acreditei, mas era a mais pura verdade. Estava totalmente sem rumo de direção. Consegui retornar para a avenida 23, desci até a sorveteria Copellia, tomei água e fui ver uma exposição de fotos porto-riquenhas no Centro de Imprensa Estrangeira. Estava a cem metros do hotel. Descanso e retomo caminhada.
Sigo meu mapa. Aperto o passo, passo defronte o Capitólio e em 30 minutos estou na Estação Central Ferrocarril, junto ao cais do porto. Prédio belíssimo e muitos ramais. Pátio lotado de gente. Bato fotos mil e fico a imaginar o movimento de trens lá na minha Bauru, quando circulavam os trens de passageiros na mais bonita estação férrea do interior paulista, que os tucanos fizeram questão de privatizar e por fim. Algo me faz parar no tempo e no espaço. “El Arsenal”, avenida Bélgica, bem defronte a estação, num local cercado por um grade aramada estão depositadas locomotivas antigas, aguardando o momento ideal para serem restauradas. A prioridade em Cuba é o seu povo e isso ainda pode esperar mais um pouco, ainda que me doa ver a situação daquilo tudo. Não peço para adentrar o local. Rodeio a praça toda. Ainda totalmente envolvido com as questões férreas brasileiras, aquilo me é muito próximo. Do outro lado da rua encontro meio que sem querer a casa onde nasceu Jose Marti. Não entro, pois os trens ao lado continuam a me direcionar a atenção.
Volto devagar, adentrando vielas, fotografando tudo o que vejo. Na frente de um pequeno mercado, conheço duas mulheres cubanas, Yadira, 36 anos e Mary, essa a manter ali uma banca de flores. Tiro foto delas e elas de mim. Fico de enviar as fotos para Yadira (e assim o faço no retorno). Ela é da cidade de Holguin e Mary mora ali perto, quase ao lado da famosa catedral. Diz conhecer o grupo Los Mambises, que tanto gostei de ver e ouvir. Já no retorno, não agüento esperar a chegada até o hotel. Passando ao lado do Capitólio revejo o restaurante Hanói. Ali mesmo faço minha refeição, um filé de pescado, com arroz branco e algo que estava morrendo de saudade, feijão preto. Limpei a cumbuquinha. Ali ao lado um grupo de músicos cubanos tocavam clássicos bem defronte minha mesa. Pouco depois retornava à caminhada.
Tenho mais umas coisinhas desse penúltimo dia na ilha, mas deixo isso para o próximo post.
Meus caros e caras: Duas coisas. A primeira é sobre essas férreas fotos. Como me trazem gratas recordações, tanto do que vi e senti por lá, como do rico aprendizado que tive no Depto Patrimônio Cultural de Bauru, quando, por quatro anos, vivenciei essa questão todos os dias lá trabalhados. A segunda é que a tortura está chegando ao fim. Infelizmente, para mim e para o Marcão, esse meu prolongado relato está prestes a se findar. Estendi o máximo que pude e ainda devo ter assunto para uns quatro posts, no máximo. Depois, outros virão.
Você fala muito de Cuba, cara!!!!
ResponderExcluirFalo e escrevo. É que já gostava muito antes de ter ido para lá e depois da ida, passei a gostar mais ainda. E também quero muito voltar para lá. Você não poderia me financiar ou avalizar uma nova viagem? Pode até ser de forma anônima, como seu escrito.
ResponderExcluirVocê não gosta de Cuba?
Henrique - direto do mafuá
Cara, que mááááximo!
ResponderExcluirVocê esteve em Havana?
Nada familiar com sua ideologia, filosofia e estilo de vida. Realmente deve ter sido um marco e tanto em sua vida!
Que orgulho.
Abracitos mauaenses.
Iraci