domingo, 9 de maio de 2010

RETRATOS DE BAURU (79)

ISOLINA, 82 ANOS DE ERUDIÇÃO
Isolina Bresolin Vianna, 82 anos é uma pessoa a despertar amor ou ódio nas pessoas. O motivo é um posicionamento bem definido sobre tudo à sua volta. Ou se gosta ou não de sua pessoa e nem por isso ela estará alterando sua linha de pensamento. Tradutora requisitada, sua mesa de trabalho está sempre repleta de papéis. Acabou de traduzir “Diálogo entre Maquiavel e Montesquieu” e já está envolvida num novo projeto. Isso não é novidade em sua vida, pois falando cinco idiomas, essa doutora em Letras pela USP, possui cinco livros publicados (o mais famoso é “Masmorras da Inquisição”), alguns prêmios internacionais e hoje, mesmo aposentada, continua na ativa e pouco altera sua rotina de trabalho. Duas netas e os bisnetos são uns dos poucos motivos a distrair tão programada pessoa. Sua rotina diária começa cedo, lendo um jornal local e um da capital. Escreve principalmente histórias para a coluna “Politicando”do JC, contando causos locais. Do computador instalado em sua sala, só faz uso para escrever. Não quer saber de internet, pois sabe que isso alteraria sua rotina de ler pelo menos três livros por semana e disso não abre mão. São 32 anos morando ao lado dos trilhos da antiga estação da Cia Paulista e uma alegria por ver o movimento de recuperação do local. Um dos motivos que a faz engrossar a voz é a defesa do que chama de “bauruísmo”, o qual defende de forma intransigente nas 24 horas do dia e um vício, que não deseja abandonar enquanto viver, o da leitura. Além da leitura, outra distração é a TV, que antes acreditava não ser cultura. Mudou de opinião, vendo até qualidades nas novelas, principalmente na das 8h, que “sempre possui uma campanha para ampliar o conhecimento geral, como o atual sobre os deficientes”, diz. Falta sente é da Maria Fumaça que circulava ao lado de sua casa e era motivo de alegria dos bisnetos. Erudita, não falta às reuniões da ABL – Academia Bauruense de Letras, da qual ocupa a cadeira número 12. E assim continua tocando sua vida, intensamente.
Obs.: Confesso não nutrir admiração pela postura pessoal da cidadã Isolina, pois seu campo de ação está localizado no oposto ao que prego e atuo, mas assim mesmo, atendendo a um pedido de minha irmã Helena Aquino e Solange Bulhões, do jornal mensal "Você Aqui" (edição nº 5 - maio/junho circulando) produzi esse texto lá encartado. A história de Isolina é bela, porém sempre se manteve ao lado dos poderosos, fazendo a defesa do status quo vigente, principalmente o dessa cidade. Aí o meu desagravo. Sai de sua casa agraciado com um livro autografado, motivo de uma de suas várias traduções, sendo muito bem recebido por ela. E como não escutar uma senhora do alto de seus 82 anos de idade? Foi o que fiz. O registro está feito e achei necessário essa espécie de justificativa.

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