quinta-feira, 29 de julho de 2010

CENA BAURUENSE (64)

A PRAÇA ABRIGA DE TUDO, INCLUSIVE UMA CARAVANA DA "TFP"
As praças brasileiras abrigam de tudo, democraticamente. A nossa central, a Rui Barbosa não foge à regra e recebe em seu espaço, antes arborizado, hoje um amplo local a dignificar o concreto, de tudo um pouco. Nos últimos dias, estive ali para ver o término de uma caminhada com Dilma Rousseff. Diariamente presencio o pastor Varme deitar falação, onde mais conversa sobre seu vídeo do que glorifica e tenta arrebanhar fiéis. Bolivianos vendem CDs com o som de suas flautas. Aposentados flanam e jogam baralho. Gatunos praticam seu arriscado negócio. Rola também um pouco de prostituição e tráfico de drogas. Religiosos mil fazem por ali suas pregações e políticos idem. Ontem quem por lá esteve foi Paulo Skaff, um ex-presidente da FIESP, que hoje disputa o governo paulista num partido dito socialista (nem passei por perto). Hoje, na hora do almoço, estaciono o carro nas imediações e sigo com um calhamaço de papéis, minhas contas em atraso e ao cruzar a praça, de longe avistei estandartes amarelos no estilo compridões, que já conheço muito bem. Na esquina das ruas Gustavo Maciel e Batista de Carvalho, eles estão num grupo de aproximadamente umas quinze pessoas. Não deu outra, tratava-se da Caravana da TFP (Tradição, Família e Propriedade), um agrupamento de direita, dos mais conservadores e retrógrados do país, com gente uniformizada e seus megafones, fazendo sua eterna campanha contra os avanços naturais da vida. Seguindo orientação dos pensamentos de Plínio Côrrea de Oliveira (http://www.ipco.org.br/), desferiam um arrazoado de besteiras contra qualquer tentativa de progresso.

Voltei ao carro para buscar minha máquina fotográfica. Clico eles e dois meninos vêm na minha direção. Não tinham mais que treze anos. Me perguntam se quero assinar manifestação contra o aborto. Digo ser favorável e começo a ouvir que sou a favor da morte, contra a vida, etc e etc. Como discutir com dois meninos que decoraram algumas frases, numa decoreba triste e insana? Escapo deles e continuo nas fotos. Atravesso a rua e um senhor me faz perguntas. Me entrega o tal cartão amarelo, no qual estão coletando assinaturas dos incautos, onde pregam contra o PNDH-3 (Programa Nacional de Direitos Humanos) e alguns absurdos (sou favorável a todos), como: Corrosão do Direito de propriedade, Aborto, Legalização da prostituição, Casamento Homossexual, Adoção de crianças por casais homossexuais, Implantação de sovietes nos moldes da Rússia comunista (sic), Enfraquecimento da polícia, Desmoralização do Judiciário, Educação Socialista desde a infância e outras 510 aberrações. Eles estão juntando assinaturas no tais cartões e enviando ao Congresso Nacional, onde defendem também um: "Queremos que o Brasil continue a ser a Terra de Santa Cruz!". Podia até discutir, debater, mas seria pura perda de tempo.

Estão em caravana pelo interior e algumas das coisas que criticam, fazem em praças e ruas, só que ao seu modo, um tanto pernicioso. Vejo adolescentes ali e doutrinados desde pequenos naquele negócio obtuso e com intenções que não lhe são reveladas, mas ficam evidentes para aqueles conhecedores dos seus métodos. Fico a olhar, mas não perco muito meu tempo. Já vi muitos deles Brasil afora, mas por aqui, fazia tempo. Um deles me diz serem todos de São Paulo e estarem numa missão de pregação pelo interior. Deixo eles lá na praça e antes fico a constatar como tem gente que assina tudo, mesmo sem saber direito para que finalidade é, o que está embutido naquilo, que agrupamento é aquele ali. Vão tascando a assinatura e os dados pessoais. Nosso povo cai em cada ladainha. Esse agrupamento é dos que me irrita profundamente. Nada posso fazer, além de escrevinhar contra. Eles lutam por uma coisa, eu pelo oposto. Deixo eles para lá, torço para que chova logo, pago minhas contas (uma parte delas) e volto ao trabalho. No final do dia, Ana Bia quer que vá com ela ali naquele mesmo lugar, no primeiro comício da candidata a presidente pelo PV, Marina Silva. Se for, irei com o colante da Dilma no peito e como observador. Veremos, até o final da tarde, a praça talvez me receba novamente.

10 comentários:

  1. "....Deixo eles lá na praça e antes fico a constatar como tem gente que assina tudo, mesmo sem saber direito para que finalidade é, o que está embutido naquilo, que agrupamento é aquele ali. Vão tascando a assinatura e os dados pessoais..."

    Que o diga a Dilma, não é????

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  2. Inevitável lembrar do Língua de Trapo e o Samba Enredo da TFP (Ou TRP prá disfarçar): "TFP (TRP) pede passagem, prá mostrar sua bateria, e seu passado de coragem defendendo a Monarquia"... E os melhores versos sobre o mentor Plínio: "Legislador da Inquisição, Implacável Justiceiro, homem de grande erudição, lia Mein Kampf no banheiro". Por aqui é bem mais comum encontrar os dissedentes, os chamados Arautos do Evangelho, com suas botas e túnicas características, lembrando cavaleiros medievais (seriam cruzados buscando retomar a Terra Santa?). Consta que são a "TFP do B", ou seja, uma dissidência mais "progressista", se é que esse termo se aplica a eles... Puro radicalismo que a meu ver não leva a lugar nenhum. Abraço,

    Guto

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Segue link com o som e a letra completa:

    http://www.linguadetrapo.com.br/discografia-comoebomserpunk

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  5. Primo Guto
    Muito bem lembrado, se tivesse me lembrado antes, teria postado a música aqui junto do texto.

    Quanto ao primeiro comentário, feito por um Anônimo, me cutucando pela Dilma ter assinado algo sem ler, concordo, ela fez isso sim, assim o Serra, dias depois acabou tendo que concordar já ter feito muito disso. Quando disse sobre isso lá no texto, era para generalizar mesmo, como uma espécie de costume nativo, o de irmos colocando nossa assinatura em tudo quanto é papel, sem ler com os devidos cuidados. Todos padecemos desse mal. Todos, sem tirar nem por.

    Henrique - direto do mafuá

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  6. Só faltou a suastica, de resto que bando de fascistas hein, esses são mais perigosos ainda.

    O engraçado é que se realmente estivesse em curso no país estas transformações que pregam contra, seria um lugar muito bom para se viver.

    Marcos Paulo
    Comunismo em Ação

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  7. Graças a Deus a TFP voltou com suas ponderadas e pacíficas campanhas pelo Brasil.
    Tive o prazer de vê-los em atividade pelo Nordeste no ano passado e é um grande alívio saber que o nome de Plinio Correa de Oliveira não foi esquecido pelos Brasileiros.
    Bela homenagem ao maior dos pensadores brasileiros.

    A maior alegria é ver jornalistas furiosos com a pacífica e ordeira campanha promovida pela TFP. De democratas esses jornalistas não possuem nada, porque se soubessem o que é democracia dariam voz e vez para que os rapazes da TFP exprimissem seus pensamentos.

    Viva a TFP!

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  8. Pessoas como M. DA COSTA CARVALHO estariam dispostas a dialogar, debater opiniões? Acredito que em nada mudariam suas opiniões e assim sendo, não perco mais tempo. Fico na minha, tentando não deixar que influenciem um número maior de pessoas. Só perco meu tempo com quem aceita a idéia do oponente e pode vir a ser convencido. Sou turrão, mas se topar, estou sempre disposto a dialogar, podendo até mudar de opinião, mas nessa questão da TFP, precisaria de algo meio que impossível, pois a ação deles é um retrocesso para o país e mundo. Por sorte, são uma minoria.

    Abracito do Henrique - hoje fora do mafuá, em Marília SP

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  9. TRP pede passagem, pra mostrar sua bateria, e seu passado de coragem, defendendo a Monarquia
    Salve Pinus Zorreira Zorrileira, precursor da linha-dura, grande baluarte da ditadura
    Legislador da Inquisição, implacável justiceiro
    Homem de grande erudição, lia Mein Kampf no banheiro
    No tribunal de Nuremberg, defendeu o Mussolini sob os auspícios do Lindenberg
    E hoje ele se preocupa com a infiltração comunista no clero progressista (e o Lefebvre)
    Lefebvre, fiel companheiro incomparável amigo,irrepreensível mentor
    Exerce completo fascínio e vai incutindo em Plinus
    O gênio conservador
    Digno de um poema do Ezra Pound, quer que o Brasil se transforme num imenso Play Ground
    No carnaval a escola comemora nascimento de Nossa Senhora
    E a defesa da tradição, cantando esse refrão:
    Anauê, Anauê, Anauá, TRP acabou de chegar (repete)
    E hoje sou fascista na avenida, minha escola é a mais querida
    Dos reaça nacional (repete)
    Plim, plim, plim, plim, plim, plim, plim, plim, plim,
    Era assim que a vovó seu Plinus chamava

    https://www.youtube.com/watch?v=9wk-14JXgaU

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