"MANITO" ASSOPRANDO FORTE NO ANIVERSÁRIO DE 25 ANOS DO TEMPLO BAR
Tenho algumas boas histórias vividas dentro de um dos mais antigos e tradicionais bares de Bauru, talvez o único que possa ostentar a denominação de "Herói da Resistência", no quesito de privilegiar a boa e verdadeira MPB. Parece que foi ontem, mas na verdade já são 25 anos de ininterruptos trabalhos do TEMPLO BAR. E para comemorar a data redonda e a reabertura do bar, após mais um período de férias do Fernando e da Sônia, nada mais que MANITO, o saxofonista, que entre milhares de coisas já feitas, tocou (ainda toca, eles continuam em exposição) com os Incríveis. Presenciei um antológico show deles, num dos retornos, acredito que em 1998/99, por aí (vídeo está no Youtube, postado por seu realizador o cinegrafista Xico Coffani). De lá para cá, Manito continuou na estrada e tenho também minha historinha com ele. Do tempo que residiu em Bauru, anos 90, por aí, levei um LP do Bocato, um que parece um embrulho feito com papel craft e barbante, contendo uma música dedicada a ele, o "Mano Manito". Acabei por presentear o músico, que não tinha o LP e fiquei sem. Relembrei isso e ouço, que o mesmo ainda está guardado. Não me arrependo, mesmo não encontrando até hoje outra peça de reposição.
Do show de ontem (serão três dias em Bauru, 28 a 30/07), mais dois músicos conhecidos do público bauruense, maestro Badê no piano e Lallo, no baixo. Fernando inovou para o evento, tirando o piano do palco e levando-o num esforço danado para o canto onde as apresentações eram feitas antigamente, debaixo das fotos de ambos e praticamente na entrada do banheiro. Foi uma surpresa para os músicos e agradou em cheio aos que lá estiveram. O repertório é velho conhecido, mesclando de tudo um pouco, jazz, xaxado, MPB e os clássicos, com "New York, New York" (pedido da Ana Bia, ao meu lado). Tocaram além da conta, em três etapas (chegamos antes do começo da segunda e saímos antes de começar a terceira, mais de meia noite e lá vai fumaça), com um descanso para o cigarrinho na calçada e colocarem as conversas em dia com os amigos presentes. Aproveito para perguntar a Manito onde encontrá-lo em Sampa. "É simples. Toco toda quarta, quinta e sexta na Cantina Maranello, esquina na Tabapuã com a João Cachoeira. Mas, pule setembro, vou operar da hérnia e o médico recomendou que não posso assoprar nada", me diz. Fica a dica para os paulistanos ou bauruenses que por lá passarem.
Na saída, Fernando, mais contente que pinto no lixo, não faz as contas nessas horas, sabe que põe dinheiro do bolso (faz isso há anos). Sorri, pois isso move sua vida e me pergunta: "Volta amanhã, mas traz o De Camargo. Cadê ele? Ele não pode perder essa" (fico de ligar para o Sivaldo). O bar, aos 25 anos, cresce, amplia instalações e vai servir delivery em breve. Já na calçada, conheço Wilson Lacerda, 57 anos, papeando com o Pez (melhor profissional de som na cidade - em breve um Memória Oral com ele), junto a outros fumantes e pergunto sobre uma conversa que presenciei entre ele e o maestro Badê, sobre seu apelido, Dizzy. "Sou músico, toquei muito tempo piston, hoje o instrumento está lá em casa meio que aposentado, mas viajei muito com o maestro e hoje vim aqui rever essas duas feras. Vim porque a música está no sangue, de vez em quando preciso ouvir de novo isso tudo. O apelido foi dado por Badê, nos tempos que tinha meus 23 anos, assoprava forte e ele me vendo, disse que era o próprio Dizzy Gillespie. O negócio pegou e assim fiquei conhecido", conta. Fui embora com a Ana pouco antes dos músicos voltarem ao palco para a última parte do espetáculo, Dizzy sobe novamente as escadas e eu vou repor meu sono, pois amanhã (que no caso já é hoje, quarta) tem o segundo show deles e um gratuito do Noca da Portela, no SESC.
* O amigo do peito, nesse caso é o Templo Bar, que frequento desde o nascedouro. Fidelidade é isso.
vale a pena conferir este espetáculo. escuto, da parte de meus alunos, comentários sobre a falta de opções culturais em bauru. sempre respondo, como carioca que sou, acostumada com um enorme rol de oportunidades, que é preciso ler o jornal e manter-se antenado com o que acontece - em qualquer cidade do mundo. é o que tento fazer por aqui. o que aconteceu ontem e que continuará acontecendo no templo em nada - ou em muito pouco - difere dos bares que frequento no east village (NY). de tão gostosa a noite, pedi sim a música - que gosto interpretada por frank sinatra ou por liza minelli - que reitera que o que se pode fazer lá (NY) pode-se fazer em qualquer lugar. penso que frank, quando por aqui em bauru (não estive nesta ocasião) deve ter sentido isto.
ResponderExcluirobrigada henrique.
ana bia andrade
Meu amigo Dizzy, pelo jeito tomou todas antes de baixar lá no Templo para rever Manito e Badê. Conseguiu subir as escadas sem trupicar e cair?
ResponderExcluirEduardo Muniz
corrigindo, a pedido - e combinado com - do henrique, não tenho certeza de que frank sinatra esteve realmente - digo, em pessoa, em bauru. seu nelson, o taxista que me conduziu para a inscrição no concurso e depois ao longo das provas, me disse isto. talvez, pra me convencer de que havia vida nesta cidade que eu nem sabia geograficamente onde ficava. longas conversas entre arealva e hotel, longas estórias diárias entre hotel e provas. sempre na torcida, seu nelson acertou na mosca. assim como as moças do hotel san martin que se preocparam comigo e em faziam o café - com direito a bolo caseiro - mesmo pós horário estipulado. naqqueles momentos me senti acolhida e ainda me sinto. não cabe polêmica se frank esteve ou nao por estas bandas caipiras, mas continuo afirmando, com o otimisto que em é peculiar: if i can make it there, i´ll make it anywhere. mas sempre depende de cada um sair do armário (it´s up to you).
ResponderExcluirana bia andrade
Camarada Henrique, muito bom, mas nada como La Bodeguita del Medio, en la Calle Empedrado, La Habana Vieja, Cuba, a escuchar Guajira Guantanamera.
ResponderExcluirMarcos Paulo
Comunismo em Ação