* a charge está lá embaixo a ilustrar de forma bem adequada esse texto
UM CASO MAIS DO QUE SURREAL NO JARDIM EUROPA
Ontem escrevi aqui do Amilton, da SOS Cerrado e disse tratar-se de um abnegado. Isso mesmo, pois não descansa, sua luta é incessante e a cada dia apresenta nova denúncia dentro de sua área de atuação. Na atual trava uma luta das mais desiguais contra algo que está ocorrendo lá pelos lados do Jardim Europa. É fácil chegar lá, área nobre, localizada na sequência da Avenida Nossa Senhora de Fátima, no jardim América. Siga até a quadra 17 da avenida e desça pela rua Charles Hughs até o cruzamento da rua Hermes Camargo Baptista, juntinho da rua Horton Hoover, quando encontrarão um caminho de terra, que levará até os trilhos da ferrovia. Ali por perto está localizado o campo de futebol do Baroninho. Na área de terra estão localizados muitos barracos, ali há anos em condições precárias, com ligação elétrica feitas no chamado gato e sem água e esgoto. Junto a eles algo a preocupar, alguns comerciantes e grileiros. Essa convivência não é de hoje, mas o negócio agora ganhou uma proporção maior, quando a Prefeitura Municipal anunciou que toda aquela área foi conseguida junto ao Governo Federal (pertence à ferrovia) em caráter de concessão. Ótimo para a cidade, mas é que lá está localizada uma ampla área onde ainda resiste a vegetação nativa da região, o cerrado. Resiste bravamente, pois a cada dia ele é dizimado de forma predatória e sem nenhum controle. Não existe meios de pedir isso para quem vive em situação famélica, a lutar bravamente pela sobrevivência. Nenhuma crítica a esses, mas toda, para quem possuem entendimento sobre a questão.
Promessas de que ali serão construídas casas do projeto do Governo Federal Minha Casa Minha Vida (ótimo o projeto, discuto só a localização) trouxeram mais gente para a região, ampliando os problemas de degradação. Quem conhece aquela região visualiza de um lado o Jardim América e do outro um vistoso conjunto residencial, desses murados. Quer dizer, a área é considerada nobre. Amilton diz que o que pode estar ocorrendo ali é o uso das pessoas pobres para desmatar a região toda, coisa que os mais "nobres" não fariam sem cobranças. Os pobres colocam a vegetação abaixo e depois a especulação imobiliária aliada a outros poderes, vem e retiram todos de lá, fornecendo casa em outros locais, menos nobres. Quer dizer, segundo Amilton, existe uma suspeita de que os menos favorecidos estão sendo usados pelos mais favorecidos (alguma novidade nisso?). E quem padece com tudo isso é o cerrado, como pode ser comprovado nas fotos e os pobres, como sempre.
Amilton diz o que já fez sobre o assunto. "Procurei a Promotoria do Meio Ambiente, fui na Semma, no Vidágua, na Polícia Florestal e lá me disseram que a área já é considerada de proteção ambiental, mas como já está definido que o prefeito irá urbanizar o local, num projeto de Recuperação da Área, dizem que nada mais podem fazer. Estão de mãos atadas. Essa é a verdade dos fatos", diz. Sempre fui um defensor da reforma agrária e urbana, mas coisa que não suporto é ver a população mais pobre sendo usada como massa de manobra de interesses que não são os dela. O que Amilton está fazendo é uma denúncia de violação em uma área de Proteção Ambiental, onde as casas, supostamente não poderiam ser levantadas e eu, fico na denúncia de algo pior, o da utilização do miserável urbano na realização do serviço sujo, ou seja, a devastação da vegetação, para depois serem retirados do local e lá ser ampliada uma área residencial nobre. O que registro aqui é um alerta para que providências sejam tomadas (tomara que nada disso seja verdade). Só isso. Por que não casas de um lado, aliadas à uma reserva nativa de outro? Lutas como essa são uma rotina na vida do Amilton, que lá pelos lados do Vale do Igapó e da reserva junto da UNESP trava outras, de igual importância. Sua reclamação é sobre o pouco respaldo nos poderes constituídos. Por que isso? Não soube lhe dar a devida resposta. E por que Amilton encontra-se cada vez mais sózinho em sua luta e algumas portas lhe são fechadas na cara? Essa deixo para os diletos leitores. Seria o caso do demonstrado na charge ao lado?
Qual seu interesse em publicar isso?
ResponderExcluirSABE COM É, CARO ANÔNIMO...
ResponderExcluirTenho umas terras bem pertinho daquela região da cidade e busco a justa valorização da mesma, para num curto espaço de tempo, revender tudo alcançando lucros estratosféricos. Temos que aproveitar bem o momento e não perder as oportunidades que a vida nos apresenta. Não é assim que se processas as coisas. Tô nessa.
Gente. A única terra que tenho é a que ficou na sola do meu sapato quando lá estive junto do Amilton. Perguntas esse tipo merecem respostas desse tipo. Não saberia fazer de outro jeito.
Abracitos de quem parte nesse momento para Jaú. A tarde tem mais.
Henrique, direto do mafuá
Obrigada pela pauta.
ResponderExcluirFizemos a matéria e já levamos ao ar no 94-Noticias desta sexta feira, com repetição amanhã amanhã pela manhã. A Seplan promete tomar providencias.
Esperamos continuar contando com sua audiencia.
Forte abraço
Maria Dalva - Jornalismo 94FM
cara Maria Dalva
ResponderExcluirEu que agradeço a ti. Vc sabe, acho o jornalismo comandado por ti na hora do almoço o que de melhor temos no rádio bauruense. Faltam "Maria Dalvas" no rádio brasileiro e sobram uns papagaios de pirata por aí.
Abracitos deste mafuá
Henrique
Seplan investiga denúncias de invasão a área destinada ao Minha Casa Minha Vida
ResponderExcluir'Prefeitura precisa controlar essa situação', diz o secretário Rodrigo Said
sexta-feira, 20 de agosto de 2010 16:59
A Secretaria Municipal do Planejamento investiga denúncia de que pessoas estariam invadindo áreas de preservação ambiental próximas à favela existente no Jardim Europa, desde que a Prefeitura Municipal anunciou que toda aquela área, (que pertencia à ferrovia) foi repassada para o município pelo Governo Federal. A área será destinada a construção de casas do projeto Minha Casa Minha Vida.
O Secretário Municipal do Planejamento, Rodrigo Said ressalta que vem sendo feito um trabalho em vários pontos da cidade, com o objetivo de evitar esse tipo de prática:
“Já foram desenvolvidos cadastros no sentido de selar o aumento dessas comunidades para que você tenha um trabalho desenvolvido tanto para a questão fundiária, tanto para a gente evitar esse tipo de situação [em que as pessoas invadem terrenos pensando]: ‘Ah, vai ter uma operação urbana numa área, então vamos para lá, porque também vamos ganhar casa’. Não existe nesse sentido nenhum incentivo a esse tipo de situação. Muito pelo contrário. A prefeitura precisa controlar essa situação”.
O assunto já teria sido levado pelos denunciantes à Promotoria do Meio Ambiente, Vidágua, Polícia Florestal e Secretaria Municipal do meio Ambiente.
texto extraído do site da 94fm, após sair aqui no mafuá