quarta-feira, 18 de agosto de 2010

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (12)
SAGA EM BUSCA DE FILME DO NOROESTE, PELÉ, BARIRI, AO LADO DE SALIM, DA ESPN*
* Recomendo começar a leitura pelo final do texto e ler o início com fundo musical.
Sábado, 14/08, convidado por Orlando Alves (funcionário do MIS e um dos poucos por aqui a entender do mecanismo das antigas filmadoras e projetoras, as de rolo), fui com ele e uma equipe da ESPN na vizinha Bariri para garimpar algo sobre o centenário do glorioso Esporte Clube Noroeste. Tive o prazer de conhecer um baluarte do "esporte bretão" (lembram-se desse termo?), ROBERTO SALIM, um jornalista da velha cepa, daqueles poucos que pode ainda ser considerado uma verdadeira “enciclopédia ambulante”. Sabe de memória muita coisa de jogos que já foram apagados da memória da maioria dos torcedores. Trabalha num lugar, que hoje, sem sombras de dúvidas é uma ilha de como deve ser feito um trabalho jornalístico, dentro da mediocridade que acabou por se transformar o jornalismo esportivo no país. A ESPN, capitaneada por José Trajano, meu papa no negócio esportivo, está anos luz à frente de tudo o que é feito no ramo. A ESPN tem opinião, contundente e não a esconde de ninguém. Sou fã, e de carteirinha.

A equipe da ESPN esteve na cidade de Bauru durante toda semana passada realizando algo que ninguém por aqui pensou em fazer, um documentário sobre o Centenário do nosso time de futebol. Eles pensaram e enviaram para cá, o que de melhor possuem, ou seja, ROBERTO SALIM. Esse, acompanhando do cinegrafista Nilson (ambos trabalham juntos há mais de dez anos e acabaram de voltar da Copa na África do Sul) e do motorista, seu João. Em Bauru entrevistou Luciano Dias Pires, Cláudio Amantini, dirigentes atuais, Au-Au (torcedor fanático, foram na Agrifam para a entrevista) e conseguiram juntar na gare da estação, junto da composição da Maria Fumaça (representando o símbolo do time) vários jogadores da velha guarda. Um deles, o goleiro Navarro emocionou a todos. Da conversa por lá, Orlando lhes falou da existência de um filme, feito no início dos anos 60, de um jogo entre Noroeste e Santos, aqui na cidade, inclusive contando com a presença de Pelé, onde Navarro era nosso goleiro. Filmado por um abnegado, ANTONIO LEONI JUNIOR, já falecido, as imagens estavam junto de uma filha, na vizinha Bariri. Salim quis ver o filme e seguimos para lá, por volta das 13h. Eles são assim, percebi, não perdem a oportunidade e vão onde ela existir, sem medir esforços.

Em Bariri, recepcionados pela filha de seu Leoni, ELISA e pelo genro, FLÁVIO, primeiro desconfiados e depois, vendo a seriedade da proposta, toparam passar o filme na parede de um dos quartos da casa do casal. Foi quando entrou em cena as habilidades do Orlando, o único a conseguir movimentar um dos projetores, que desde a morte do seu Antonio, cinco anos atrás, estavam empoeiradas numa estante. Ambos, cinéfilos de carteirinha, foram amigos. Uma trabalheira de dar gosto, mas algo foi conseguido, a muito custo. Nilson filmou o que pode, como o velho estádio Ubaldo Medeiros (que depois viria a se tornar Alfredo de Castilho), Pelé entrando em campo, amarrando as chuteiras e o que queriam, Navarro junto ao time e fazendo uma defesa. O tempo foi passando e de lá, fomos diretos (sem almoço e jantar) para o estádio Zezinho Magalhães, assistir XV de Jaú e Noroeste. Jogo sofrível, mas cheio de possibilidades para Salim, que filmou Pavanello, o chefe da torcida Sangue Rubro e novamente, Au-Au, além do goleiro Yuri e do zagueiro Bonfim, que fiquei sabendo é dentro do atual elenco, o que mais tempo está no clube, 8 anos. O Noroeste ganhou de 1 x 0.

De lá, a volta para Bauru e um compromisso do envio para ficar nos arquivos da Secretaria Municipal de Cultura, de cópia do documentário, que segundo as palavras do próprio Salim, e conhecendo um pouco do que já tem feito, boto a maior fé: “Tenha certeza, faremos um trabalho de primeira. Vai sair uma bela história”. É aguardar o 1º de setembro e assistir o que a ESPN nos brindará no Centenário. Sai da aventura (ou seria mesmo uma saga?) com algumas certeza mais do que confirmadas, Salim é peça rara (ou melhor, em extinção), Nilson é um cara batuta, João é um coração de ouro (por suportar as brincadeiras dos dois), Orlando é um baita de um profissional e a ESPN é o que de melhor temos no quesito esportivo no Brasil.

A DICA PARA LER O TEXTO COM MÚSICA DE FUNDO: Ontem, 17/08, bati cartão no Templo Bar (agora com blog: www.templobar.blogspot.com )para ver, ouvir e viajar com a música maravilhosa do Dabus Brothers Quartet (André, Álvaro, Giba e Airton, contando com o saxofonista Márcio Negri), numa noite fria (lá fora) e mais quente do que nunca (lá dentro, incandecente). Se lerem o texto ouvindo esse som, o aproveitamento será imensamente maior.

8 comentários:

  1. Camarada Henrique, a ESPN Brasil comandanda pelo grandioso mestre Jose Trajano, embora seja uma emissora segmentada no esporte, eles tratam muito também do social, não é apenas o melhor jornalismo esportivo, mas sim, mostra como deve ser feito jornalismo em toda sua forma.

    Lá não tem pacheco. Tem Trajano.

    Marcos Paulo

    Comunismo em Ação

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  2. vale muito a pena viajar no som deste grupo de jazz tão bom ! o templo, mesmo não aceitando cartão de crédito, tem uma programação cultural muito bacana e com qualidade excepcional. mais uma vez, obrigada henrique. ana bia

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  3. Henrique

    Veja como esse pessoal da ESPN é. Tenho quase que certeza que não muito poucos da imprensa local souberam que eles estavam por aqui. Vieram, fizeram o que tinha que ser feito e depois apresentam o trabalho pronto, sem paparicar ninguém. Estilo Trajano de jornalismo. Vejo os documentários do Roberto Salim e gosto muito, pois traz histórias do Brasil todo, carregadas de sentimento. Também o lia no Placar de uns dez anos atrás, nos aureos tempos daquela revista.

    Você acho que vai ser o único a noticiar a passagem deles por aqui.

    Parabéns!!!!!!!!!

    PAULO LIMA

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  4. Olá, Henrique!

    Beleza de blog, o seu. O visitei ontem e achei de bom gosto e interessante.
    Sua matéria a respeito do filme do Pelé (mais Navarro do que do dito cujo Rei da bola), ficou muito bacana. Eu e Elisa ficamos felizes pelas fotos e comentários, tanto nosso quanto do seu Antônio.
    Gostei de ter conhecido todos e quem sabe agente se encontra um dia pelas ruas de Bauru.
    Abraço.
    Flávio - Bariri

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  5. Oi, Henrique, é a Elisa quem está escrevendo.
    Li o blog e gostei muito!!! Parabéns.
    Somente quero ressalvar que é "Leone", e não "Leoni" e que meu papai morreu há pouco mais de 03 anos e não 05... Ele faleceu em 01/01/2007.
    Também quero dizer que da próxima vez que vier por aqui, prometo que providenciarei o famoso bolo de coco!!! Sem falta, é só avisar!
    Abraços

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  6. Você é um bom contador de histórias. Gosto quando conta essas aventuras vividas. Todos nós precisamos disso para viver. A vida só é boa quando saimos da rotina diária e você consegue unir o útil ao agradável.

    Aurora

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Estou ansioso para ver esse filme, que por razões óbvias trata do Centenário que realmente interessa esse ano, o do velho Norusca! Abraço,

    Guto

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