Mafuá do HPA

UMA DICA (68)

QUERIA ESCREVER SÓ SOBRE "CULTURA", MAS ELEGERAM O SAKAI... - MEU BALAIO DE GATOS

Eu sou daqueles que tenho dentro de mim um bichinho carpinteiro. Gosto muito do meu cantinho, mas gosto com a mesma intensidade de vivenciar a cultura por onde ela aflore. Deixo de estar em lugares que gosto por absoluta falta de disponibilidade, como as reuniões ocorridas nessa semana no CODEPAC e no Conselho Municipal de Cultura (ambas as últimas do ano). Por outro lado, à noite circulo mesmo, gasto sola de sapato e tenho três relatos a fazer. E cutuco o lado considerado nefasto desse neoliberal, globalizado e vale-tudo mundo atual.

No primeiro fui com o filho assistir ao filme "Rede Social" sobre a façanha de um nerd norte-americano, o Zuckerberg (eta difícil sopa de letrinhas) quando criou o Facebook. Cada vez mais me certifico de que o mundo perdeu a sensibilidade para com as pessoas. Todos fazem questão de estarem inseridos nesse negócio, uma troca desnecessária e fria de falsos afagos. É o estar cada vez mais sózinho, achando-se plugado coletivamente em modismos. O que me chama muito a atenção é como a grana transforma as pessoas e o mundo, cada vez mais tudo está girando só em torno disso, o fazer dinheiro a qualquer preço e custo. Todos à procura de uma grande idéia para alavancar sua conta bancária. E como gasta-se mal o dinheiro conquistado. Uma coisa não entendi no filme e peço que me expliquem: Se todos participam de tudo gratuitamente, de onde entram os tais zilhões que o rapaz conquistou? Isso não fecha na minha cabeça.

Na noite de segunda, 13/12, como já havia anunciado aqui ocorreu a abertura da Exposição fotográfica "A Arte de Fotografar - Técnica e Linguagem", sobre fotos tiradas por alunos do curso ministrado por Sandra Rubin. Festança lá na Oficina Cultural, casa cheia e gente reunida falando de técnicas fotográficas, cultura local e uma Bauru mais palatável nesse setor. Pessoas como Sandra, tão dedicada no que faz é algo a dignificar a palavra "fazer". Adoro conviver com gente que faz e acontece. Estou no meio de algumas delas. Querem ver as fotos? Basta irem lá, até o final da semana que vem tudo continuará exposto.

Na terça, 14/12, um show que não pode passar sem registro, o "Ella canta... Ella", com a Suzana Buccalon interpretando magistralmente as canções que imortalizaram a grande Ella Fitzgerald. Suzana é de Bauru, filha de um ex-gerente do BB, o Buccalon e mãe de um rapagão com Paulo Caruso, o cartunista. Foi-se para Sampa e volta muito de vez em quando. Quando o faz, como dessa vez, arrasa. Dessa vez trouxe consigo alguns montros sagrados, como Arismar do Espírito Santo (não me canso de vê-lo, rei das cordas), Lito Robledo (esposo de Suzana e um contrabaixista de mão mais do que cheia - encanta Sampa, principalmente no Famíglia Mancini, na Avanhandava) e um rapagão novo, Daniel D'Alcântara, barbarizando no trompete. Suzana canta maravilhosamente em inglês. Gostamos tanto que teve gente a cair literalmente da cadeira durante sua extasiante apresentação (Sivaldo só não o fez porque foi contido a fórceps). Vendo eles interpretarem magistralmente Blue Moon, ouço e dou razão: "O barato do jazz são os instrumentos dialogando. E o cantor entra para fazer parte desse diálogo". Por fim na nossa mesa saboreamos um "Frango à Siva" (sim, Sivaldo está no cardápio) e na saída a confirmação de que Fernando é mesmo dono de um oásis encravado em Bauru, quando perguntado sobre Arismar saiu-se com essa: "Trago ele aqui n'O Templo há vinte anos". Frequento a casa desde meus tempos de USC, vinte e lá vai fumaça.

A política continua na mesma "MERDA" (no pior sentido possível). Ontem, 15/12, tudo junto no mesmo dia. Nelson Jobim, um aliado norte-americano é confirmado no Ministério da Defesa de Dilma. Por que um cara que joga contra os atuais interesses brasileiros nesse campo tem que continuar no cargo? Que raio de acordo é esse? Depois, o salário dos deputados tem um aumento de mais de 60% e passam longe a casa dos R$ 20 mil mensais, enquanto a ralação pelas migalhas segue cruel aqui no mundo real. O cara do WikiLeaks continua preso por mostrar como agem os atuais mandatários mundiais. E o garotão do Facebook é eleito Homem do Ano (sou muito mais o do WikiLeaks, esse sim, corajoso) pela revista porta voz dos interesses lá deles, a Times, que nós, aculturados, fazemos questão de endossar. E para completar a escancaração do fisiologismo político, a eleição aqui em Bauru para presidir a Câmara Municipal de Vereradores, de um porta-voz do conservadorismo mais arcaico e retrógrado, o pastor Sakai (SAKA AHI, Ó MEU!). O cara não tem vergonha nenhuma de estar ao lado da situação até ontem e hoje, para eleger-se é transformado em porta-voz oposicionista. Política rasteira elevada à quinta potência. A ética possou longe de tudo o que ocorreu lá na eleição de nossa Câmara. O pastor que sai, o Luiz da Universal é menos ruim que esse que entra, o Sakai (sou obrigado a registrar isso). Tradução: anos difíceis para nossa Bauru. Preparo meu megafone e minha "pilot", pois prevejo manifestações mil nos próximos anos. Ontem Bauru assistiu uma aula de como não se deve fazer política e isso deveria ser gravado e passado nas escolas, como algo repugnante. Asco total. Tudo pelo poder... Nós, o zé povinho, estamos ficando sempre com a cara desse aí ao lado. Até quando?