segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (50)

EU NUMA DAS PASSAGENS DE FRANCISCO EGYDIO EM BAURU
Essa deve ter ocorrido nos anos 80, não sei precisar qual, mas sei que aconteceu faz um tempão. Duílio Duka de Souza atuava de forma incisiva na APEOESP Bauru. Acabei sendo convidado para participar da vinda de um cantor famoso para um jantar de professores. O local escolhido foi o antigo Clube dos Bancários, ainda na época administrado pelo indefectível João do Crime. Tinha um outro rapaz de Piratininga, se não me engano de nome Toninho, que agenciava cantores e foi quem fez o contato com o cantor FRANCISCO EGYDIO, um negro de carapinha lisa, brilhante e um vozeirão que fez muito sucesso durante décadas. Tenho comigo a lembrança dele cantando "Creio em Ti", um dos seus maiores sucessos.

Chegou o grande dia. Fiquei encarregado de buscar o cantor na rodoviária, vindo de São Paulo pelo Expresso de Prata. O levo no antigo Hotel Central, hoje não mais existente. Muito simpático, conversador, papeamos sobre vários assuntos. Gostou das instalações e na despedida, na porta do hotel, coloca a mão no meu braço e pergunta: “Que horas começa o jantar show?”. Respondo que às 21h e ele me diz com uma fleuma característica de quem já deve ter tido aborrecimentos com a questão: “Estarei à tua espera às 20h30, pronto, de terno e gravata. Impecável e pontual. Venha e me traga o valor combinado em espécie”. E mais não disse. Foi um pega pra capar. Teríamos sim o valor, mas no final do jantar, quando seriam juntados os valores pagos ali na hora. Por fim encontramos alguém que nos adiantou o valor, levei a grana para ele e o show transcorreu dentro do previsto. Lembro de algo, que não tirou o brilho da noite, mas demonstrou nossa inexperiência no ramo. Os fios do microfone eram curtos demais e o cantor queria muito circular pelo salão. Foi constrangedor notar suas infrutíferas tentativas de percorrer mesa a mesa do salão e não poder fazê-lo. Os músicos que o acompanharam eram todos daqui e nem ensaiaram, pegaram a coisa andando, todos da velha guarda, não deixaram a peteca cair. Foram no embalo.

Depois jantamos todos juntos, muitas risadas, histórias que ele nos contava de passagens de sua vida e algo que conto de vez em quando, declaradas publicamente aqui. Falávamos sobre sexo e Francisco Egydio disse diante de várias pessoas que não falhava mais, não havia a menor hipótese. Olhares incrédulos na sua direção, ele rindo muito, responde aos questionamentos: “Coloquei uma prótese, agora ele fica duro 24 horas por dia. Querem ver?”. Ninguém se atreveu, mas fiquei a pensar depois se esse negócio de permanecer com o membro duro ad eternum não poderia necrosar o instrumento. O fato é que ele era um bonachão, cheio de charme, uma verdadeira parede humana, grandalhão e ótimo cantor. Por fim, ele lendo o jornal local fica sabendo que no dia seguinte, um domingo aconteceria em Bauru a abertura do Campeonato Paulista de Futebol, num jogo contra a Corinthians, com a presença do então presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah e toda imprensa paulistana. Falei de uma festa de abertura e nsistiu que queria estar na mesma, marcada como sempre naqueles tempos na casa do presidente do Noroeste, Cláudio Amantini. Não tive saída, ligo para Amantini, que adorou a idéia. “Traga o negão”, foram suas palavras. A festa foi depois do jogo (nem me lembro do resultado) e levo Egydio na porta do condomínio onde morava o dirigente esportivo, sendo recebido pelo próprio. Não entrei e depois fico sabendo ter ele cantado e encantado, sendo depois convidado para abrilhantar eventos da federação, desses onde cantam o Hino Nacional no início dos jogos. Depois disso nunca mais tive contato com Egídio e achei interessante reviver aqui um pouco de algo relembrado dias atrás.

Francisco Egídio faleceu em 17/10/2007 aos 80 anos. Vejam ele cantando clicando a seguir no: http://www.youtube.com/watch?v=CjZbkTDD6CA&feature=related

2 comentários:

  1. Henrique

    Francisco Egydio foi um dos cantores desses da noite paulistana, cujo sucesso extrapolou a capital paulista e fez sucesso no país todo. Se não me engano era de Santos, cidade onde faleceu. Suas histórias são todas saborosas como essas que voce contou. Percebe que os eventos que se faziam naquela época tinham um charme, uma loucura que hoje não ocorre mais. Vivemos de saudades isso é que é a verdade.

    Sandra Pin

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  2. duilio duka de souza zanni14 de fevereiro de 2011 às 12:21

    Henrique, meu amigo!
    Igual ao Francisco Egydio, que nos encantava cantando sua músicas, você nos encanta contando suas histórias (realmente vividas).
    É, meu amigo, quanta saudade daqueles velhos e bons tempos!!!
    Do seu restaurante na Duque de Caxias, o "Feitiço Capixaba", o seu "Opala Verde", nossas peladas de futebol; quando estudantes de História na FAFIL (hoje USC) os "Trabalhos da Faculdade feitos nas mesas de boteco... e quantos botecos!!! Nossos amigos e amigas...
    Que bom que ainda podemos lembrar disso tudo e mais ainda, que bom que SOMOS AMIGOS/IRMÃOS (eu e você).
    Continue... você vai longe ainda!
    Abraço
    (E toda a força espiritual à saúde do seu pai, e da sua mãe)
    duka.

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