sexta-feira, 11 de março de 2011

DICA (71)

DUAS HISTÓRIAS, A DO SHIBLI DE BANGLADESH E A DESPEDIDA DE MALINI NUM CAIXÃO
1. Carnaval em cidade grande, ainda mais turística é propícia para encontros dos mais inusitados. Um desses aconteceu comigo na segunda, 07/03. Estávamos eu e Ana Bia entre Botafogo e Laranjeiras, coração da Cidade Maravilhosa, quando uma amiga conosco nos diz que o namorado a esperava num bar ali perto, o Casa Brasil. Ao lá chegarmos esse estava acompanhado de um estrangeiro, que havia lhe sido apresentado via outro amigo. Esse estrangeiro é SHIBLI KAISER AZIZ, de um país encravado entre a Índia e o Paquistão, BANGLADESH (http://bangladesh.gov.bd/ ). Shibli está no país para comprar açúcar para seu país através da empresa na qual é "Director Overseas Afairs" (vejam sua foto engravatado no http://www.paxoverseas.com/profile.htm ), a Pax Overseas Limited. Os negócios estavam sendo feitos em São Paulo, mas nada melhor do que conciliar a vinda para o “País do Carnaval” e conhecê-lo à fundo. Daí a vinda para o Rio foi um pulo. É muçulmano shick, de uma linha não tão radical, com estudo no exterior, pai antropólogo e querendo conhecer um pouco mais do país onde comprará mais de 500 toneladas mês de açúcar. Simpático e não falando quase palavra nenhuma em português, respondeu a todas minhas perguntas e até estranhou um brasileiro ter algum conhecimento, pequeno que seja de algo referente ao seu país. Falei a ele do banqueiro dos pobres, o Nobel da Paz que enfrenta problemas com a primeira ministra do país, Sheikh Hasina, desde que tentou fundar seu próprio partido político. Riu e acabou me respondendo, com a Ana sendo nossa intérprete. Falamos de Brasil, religião, usinas açucareiras no interior paulista, as intermediações da compra feita através de uma empresa paulistana e da festa na qual estávamos inseridos. Tomamos chopps, comemos sardinha e subimos numa trupe até Santa Teresa ver um pouco do Carnaval no alto do morro. Nada sei dele e de seus negócios no Brasil, mas por pouco não faço intermediação para conhecer Barra Bonita e a Usina da Barra, nossa maior produtora de açúcar. Achei isso muito para um socialista tupiniquim e acabamos deixando esse assunto de lado, gingando um pouco lado a lado. Por fim, a despedida no Restaurante Sobrenatural e na saída, antes de entrarmos em táxis diferentes, uma cena que fotografei e ele me acompanhou nas observações. Um senhor com três imensos sacos de latinhas amassadas de cerveja nas costas, mostrava que a desigualdade social permanece quase intacta,tanto aqui como lá na sua terra. Um câncer que o capitalismo não resolve.

2. Roberto Malini é diretor e ator de teatro na cidade de Bauru e sua especialidade as encenações envolvendo o gênero terror, com ligação umbilical ao mestre nesse ofício, Zé do Caixão. Já aprontou algumas pela cidade, sempre acompanhado de uma animada trupe caracterizada e com sangramentos artificiais espalhados corpo afora. Tanto fez por aqui, que a cidade acabou ficando pequena demais para suas estrepulias e resolveu que irá embora, trabalhar e atuar na capital paulista. A despedida foi feita em grande pompa no dia de ontem na Praça Rui Barbosa, centro da cidade, por volta das 18h e da forma mais inusitada possível. Reuniu os seus, junto de alguns membros da Cultura, ligados ao MIS - Museu da Imagem e do Som (Jesus do Ferrovia para Todos e Guto Guedes, performáticos por osmose estavam de dar medo), juntaram-se a Esso Maciel, que de posse de uma filmadora, registra agora tudo o que se passa na cidade (parece muito com o índio Juruna e seu inesquecível gravador a registrar as inverdades dos brancos) e armaram um clima de velório cult bem na frente na matriz da igreja católica, no horário em que os alto-falantes anunciavam ser 18h, hora da Ave Maria. Rodeou de gente curiosa e o féretro desceu a rua Gustavo Maciel até o MIS onde lá foi apresentado o seu último trabalho, o curta metragem "ASFIXIA". Hoje, sábado, 16h30 ele ministra Oficina e amanhã, domingo, 12/03 às 19h30 mais curtas, exatamente quando a noite começa a cair sob os trilhos férreos da cidade e dizem os espíritos costumam se achegar junto aos que lá resolvam estar. Mais um bom motivo para a despedida do Malini e da esposa, sendo aguardado seu renascimento num grande centro. Por fim a constatação deste escrevinhador: faltam atividades desse tipo nas ruas Bauru, não só nas praças centrais, como nas da periferia. Fica a dica para que isso continue a acontecer nas hostes culturais da cidade, comprovando algo lido na segunda, 07/03, no artigo semanal da professora Cleide Biancardi no BOM DIA, que não sei se foi escrito em tom de ironia, deboche ou pura demonstração de sensibilidade de sua parte quando afirmou: "Com os excelentes atores, diretores de teatro, dançarinos, músicos, artistas plásticos e artesãos bauruenses, a Secretaria Municipal de Cultura poderá coordenar uma Virada Bauruense, como sugeriu o prefeito. E com uma vantagem, durante o evento poderá distribuir o famoso sanduíche bauru, com apoio dos beneméritos empresários da cidade". O fato é que acho que isso possa realmente acontecer, pois acredito na força amortecida da classe artística da cidade. Eles não podem é querer que tudo caia do céu, como essa chuva que não pára de nos castigar há mais de dez ininterruptos dias.
Em tempo: A encenação do grupo ligado ao Malini não é carnavalesca, mas podia muito bem ser, pois está mais do que inserida nesse contexto.

5 comentários:

  1. Meu amigo

    Esse Malini tem uma corzinha que não engana ninguém. Cara de defunto. É o próprio. Que horário ruima para ver seu filme.

    Daniel Carbone

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  2. Adoro ver as artistas de Bauru nas ruas e praças. Pois que elas sejam ocupadas daqui por diante e para sempre. Vamos aprender como fazer isso com o pessoal do MST.

    Regina

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  3. Malini é sem duvida um guerreiro, infelizmente ainda tem pouca gente, como ele, disposta a "pagar o mico" de ocupar as ruas de Bauru, seria ótimo ver mais artistas ocupando os espaços publicos. Mas quem sabe a virada cultural da um gas e disperta a massa artistica bauruence.
    PS. o padre tambem era do MIS rs..

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  4. Caro padre Linguissa (sic):
    Desculpe, mas a correção está feita. O MIS estava em peso no enterro do Malini. Espero reencontrá-los por aí em outras atividades.
    Henrique - direto do mafuá

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