Mafuá do HPA

MEUS TEXTOS NO BOM DIA (116 E 117)

MÉDICO TEM E MUITO, MAS... - publicado diário bauruense BOM DIA, 12.02.2011
Será mesmo tão difícil o trato com os médicos? Da situação de caos instalada não só aqui, mas a nível nacional, essa pergunta não me sai da cabeça. Seriam eles tão diferenciados a ponto de merecerem mesmo um salário totalmente diferenciado das demais categorias de profissionais envolvidas com o serviço público? E isso não seria um desrespeito às demais? Não vejo esse assunto como algo delicado. Começo tudo pelo juramento que esses profissionais fazem lá atrás, algo inócuo hoje em dia. Serve pra que aquilo tudo diante do mundo capitalista? Percebam que a distribuição de médicos no país é feita em cima da existência da grana para lhes pagarem mais. Só como exemplo, na capital paulista atua um médico para cada 312 habitantes. Em Bauru a média deve ser próxima disso. Eles estão aqui, atuam entre nós, só que à disposição da rede particular e cada vez menos optando pelo atendimento público, o de maior carência. Os quase 16 mil médicos formados por ano no Brasil não querem saber disso. Hoje existe estímulo à especialização do profissional, agravando a concentração e restringindo cada vez mais sua atividade no campo mais necessário. Como mudar isso dentro do conceito capitalista? Em primeiro lugar o ensino não deve e não pode ser encarado como um negócio. Isso serve também para todas as categorias profissionais. Nos cursos nada é pensado para resolver os problemas dos que não podem pagar e sim em especializar o profissional. Por que os estágios desses cursos não ocorrem junto aos mais carentes? Não os vejo em Prontos Socorros país afora. Daí na ponta do problema, prefeitos se vêem obrigados a oferecerem salários diferenciados a esses e nem assim os sensibilizam. Sem querer laçar o boi a unha caem na terceirização e privatização como saída mais fácil. Jogam dinheiro público para o ar. A mudança de rumo deve ser feita na concepção de tudo, mas no capitalismo isso é impossível, não se iludam.

SUCATEAMENTO NO DAE - publicado diário bauruense BOM DIA, 19.03.2011
Algo a impressionar qualquer leigo sobre as questões da água em Bauru é o que está a ocorrer dentro da autarquia do DAE – Departamento de Água e Esgoto. Tempos atrás, não tão distante assim, ele foi considerado um primor, um exemplo de bons serviços prestados, um diferencial dentro de todos oferecidos pela Prefeitura. Lembro perfeitamente de que quando ocorria algo onde era necessário o serviço compartilhado entre servidores do DAE e da Prefeitura, esses preferiam atuar sozinhos, pois o serviço seria mais ágil e rápido. Nada a desmerecer o restante do quadro funcional, mas eram considerados excelência na presteza na solução de problemas. Impecáveis. Num curto espaço de tempo isso se esvaiu como o vento. Os motivos ainda não me são muito claros, mas quando leio e ouço declarações como a do vereador Marcelo Borges PSDB, reclamando do descaso atual, dizendo ser inadmissível a demora de até quinze dias na eliminação de um vazamento de rua, isso me preocupa e os motivos são mais do que justificáveis. Primeiro porque a linhagem política de Marcelo é a do PSDB, toda voltada para a privatização do setor, tornando-a dependente da SABESP, o órgão mantido pelo governo estadual. Depois, até as pedras do reino mineral sabem existir gente lá dentro a defender que o DAE perca sua autonomia e caia na dependência. Nada me tirada cabeça existir um grupo a contribuir de alguma forma para que a degradação ocorra de forma acelerada. O que não bate dentro da minha cabeça é existirem funcionários em cargo de comissão lá dentro, ligados ao PT, contrários à qualquer tipo de privatização e nada de novo a restabelecer os antigos procedimentos. Literalmente, ando com a pulga atrás da orelha. Tem coisa acontecendo dentro do DAE e desconhecida de todos nós. E qualquer declaração me faz entender estar em plena evolução um macabro plano de desmanche na autarquia. Façamos algo.

A SEGUNDA POR AQUI NA TERRINHA EM DUAS CITAÇÕES DE GRANDE MONTA:

1. Hoje mais um round na questão da privatização ou não do atendimento do Pronto Socorro do Bela Vista. Ele acontece na Câmara Municipal de Bauru e de um lado os servidores e os que escancaram que a situação chegou ao fundo do poço causada por pressão dos próprios médicos e do outro, a proposta da Prefeitura Municipal que espera ver aprovada a tal da terceirização. Segundo esses, essa a única solução. Estive no ato realizado no Calçadão sábado passado, 19/03, contrário a isso e repercuto aqui com a publicação das fotos lá tiradas, espalhadas por todo esse post. Veremos e observemos a atitude de cada vereador, suas falas e vamos entender um pouco dos trâmites efetuados para aprovação da entrega da Saúde Municipal nas mãos de uma empresa terceirizada, aos moldes da tão decantada FAMESP, que hoje administra o Hospital Estadual, o Manoel de Abreu e agora também a Maternidade Santa Izabel. É dinheiro público (muito dinheiro minha gente) repassado para uma empresa e ela mantendo o negócio funcionando, sem grandes delongas e empecilhos. Uma festa com o dinheiro público, sem que ocorra grandes investigações de sua utilização. Tranparência zero. Isso acontecerá, tenham certeza. No ato pergunto para a professora Maria Cristina Romão estar sentindo falta da ausência do PT oficial. Sua resposta: "Você sabe que na cidade existem dois PTs. Um deles está aqui, o outro, o da direção, nunca aparece".

2. Hoje ocorre o lançamento no hall de entrada da 94FM da exposição ACTS ABSTRACTS - PINTURAS E MONOTOPIAS DE PERCY COPPIETERS, de 21/03 a 16/04, das 9 às 19h, com entrada franca. Percy era meu amigo mais do que pessoal e não o desculpo por ter abandonado a contenda antes do tempo determinado. Relembrar sua trajetória, principalmente a artística é coisa que faço com grande contentamento. Tenho aqui pendurado no meu quarto, anexo ao mafuá, um quadro presenteado por ele, com a dedicatória "HPA, no acolhedor mafuá receba este com o abraço carinhoso do Percy 2010". Foram semanas antes de nos deixar. Divulgo a exposição e lá estarei várias vezes durante esse mês. Pensávamos, eu e Valéria Villaça em promover algo assim no Templo Bar, mas Eto Coelho, outro amigo, antecipou-se e conseguiu aglutinar obras e mais obras na 94FM. Esteve aqui em casa, mas a minha é de pequena importância (foto ao lado). O que veremos lá, com certeza, expressa um pouquinho da grandiosidade do artista, do qual gostava demais, como pessoa e amigo. Escrevo dele sempre com muita saudade e dor.