terça-feira, 29 de março de 2011



MÚSICA (72)

CEM ANOS DE ASSIS VALENTE, REENCONTROS E ALGO MAIS NA LAPA CARIOCA - Ontem, de passagem pela cidade do Rio de Janeiro ao abrir um jornal, lá algo a me indicar o que faria à noite: Show em homenagem ao CENTENÁRIO DE ASSIS VALENTE, com MARCOS SACRAMENTO, no teatro Carlos Gomes, Praça Tiradentes, 19h30, R$ 1 real. Do cantor lembranças de sua passagem por Bauru, coisa de uns cinco anos atrás, trazidos pelo trabalho desenvolvido por Vinagre e Sivaldo na Cultura Municipal, através de parceria com a Funarte, tramites envolvendo a hoje ministra da Cultura, Ana de Hollanda. Marcos veio e viemos todos a conhecer Maria Braga, a produtora do show. Boníssima pessoa, empatia imediata com todos e na seqüência a dupla bauruense traz por duas vezes à cidade Francis Hime. Tenho saudades desse tempo, onde com muita criatividade, grana nenhuma, sabendo escarafunchar as coisas onde elas estivessem muita coisa foi conseguida no cenário a envolver a cultura municipal. Prevejo com Elson Reis um retorno a esses tempos.

Bauru merece. Fui ao show com o amigo e jornalista Flavio Lenz. Boquiabertos, primeiro com o repertório divinal e depois com a desenvoltura do cantor no palco. Um belo quarteto, que alguns chamam de Regional e uma hora de inebriante revivida sensibilidade musical. Um primor e a constatação de que Sacramento está a aprimorar seu trabalho, quase todo voltado no resgate de velhas canções no cenário musical carioca. Está se aprimorando nisso, já sendo reverenciado como um dos que melhor faz esse trabalho.

De lá, voltamos à mesa de um típico botequim carioca, o Vaca Atolada, enfincado na rua Gomes Freire, coração da Lapa. Trouxemos junto um amigo do Flávio encontrado por lá, Lúcio, que tendo trabalhado na extinta editora Codecri (a do rato que ruge, d’O Pasquim), me fez recordar de uma estante recheada desses livros lá no mafuá. Na mesa nossas mulheres, Ana Bia e Gabriela Leite, que não foram ao show e ficaram bebericando no bar e apreciando uma descoberta auspiciosa.

Ali algo a resistir no Rio (em Bauru nenhuma), uma Junk Box, onde você por R$ 50 centavos escolhe uma música e ela preenche o espaço. Vejo isso espalhado por aí, mas só com músicas bregas, mais populares, não o que Cláudio, o proprietário fez. Esse, um ex-policial civil carioca, que certo dia após levar uns tiros e facadas, na recuperação decide abandonar o meio policial e abrir um bar, um reduto de carioquice, como está apregoado na fachada. Em Bauru, alguns bares apregoam estarem buscando inspiração em bares cariocas, mas nada igual a esse. No andar de cima, algo para dançar com um conjunto em plena apresentação, no de baixo, na parte interna amigos reunidos e tocando só clássicos do samba. E na entrada do estabelecimento, ao lado de uma geladeira cheia de apliques com fotos de Noel Rosa, inspiração do proprietário, a maquininha de música.

Babei na fronha com a tal engenhoca. Abracei e beijei, queria trazê-la comigo, mas fui impedido e convencido a voltar lá quando estivesse a necessitar de escutar boa música. Cláudio, mesmo contrariando os proprietários da máquina (ela é alugada e vão sendo adicionados músicas e mais músicas, ampliando o leque de escolha do cliente), que queriam ver ali o mesmo repertório de outras instaladas na cidade. Ele bate o pé e fez algo só seu, só música reconhecidamente boa, com Aracy, Elizeth, João Nogueira, Candeia, Nelson Cavaquinho, Cartola, Beth, Guineto, Zeca, Martinho, enfim, gente dessa laia, a nossa, a dos freqüentadores do local. Estampou as fotos e colou na peça, que além de linda, já pode ser considerada de museu. Em todo o tempo que passei por ali fiquei a escutar João Nogueira, Aracy de Almeida, Jamelão e clássicos da velha guarda. A cumbuca de feijão preto estava divinal, a companhia melhor impossível e Cláudio nos brindou com seu amor ao Flamengo (foi presidente de torcida organizada, ele lembra com carinho de Baroninho) e terminamos todos fechando seu bar, na madrugada de segunda, reverenciando, como não podia deixar de ser, o grande e agora centenário Assis Valente.

Quem não gostou muito tudo foi meu fígado, que sem preparo anterior para tais novidades, acordou nessa terça reclamão e me faz andar com uma garrafa de água para cima e para baixo. Viva Assis Valente, o Vaca Atolada e essa verdadeira instituição carioca, o verdadeiro botequim, que me faz esquecer as agruras de um mundo cada vez mais desigual e insano. No linguajar dos freqüentadores desses bares o buraco é mais embaixo.


OUTRA COISA – Olhem o texto que recebo de algo a acontecer no Templo Bar, em Bauru, logo mais na noite de hoje: “Desculpe a brincadeira, mas este é um jeito descontraído de convidá-los a participar de um evento bem legal e ainda por cima ajudando a outras pessoas! ÓI POVO! HOJE, TERÇA FEIRA O “NÓS MULHERES” DESTE ENTRA NO TREM DOS MINEIROS! SE EU FOSSE OCEIS EU PEGAVA OS “TREM” E CORRIA PARA ESTAÇÃO “TEMPLO BAR” PARA NÃO PERDER A “COISA”! O TEMPLO BAR FICA NA RUA BENJAMIN CONSTANT 1-34 TEL 3223-3493. NA VIAGEM OCEIS VÃO TÊ A COMPANHIA DE DEZESSEIS MUIÉ TOCANDO E CANTANDO AS MÚZCAS DOS CUMPADI MILTON, LÔ BORGES, BETO GUEDES, ANA CAROLINA, FLAVIO VENTURINI, VANDERLEE E MUITO MAIS. ÓI, SE EU FOSSE OCÊ NÃO PERDIA ESSE TREM NÃO, CAUSA DI QUE, EU TENHO CÁ CUMIGO QUE ESSA VIAGEM VAI SÊ UM NEGÓCIO BÃO DI MAIS DA CONTA SÔ ! E TEM MAIS, O DINHEIRO QUE “RECADÁ” VAI TUDINHO PARA SAPAB!”, assinado Audren Victório, uma dessas 16 doidivinas mulheres.

Um comentário:

  1. Olá Henrique


    que bom te encontrar aqui no Rio, marcando qualquer show no interior vou te avisar.
    Se vc tiver no facebook coloquei a música tem Francesa no morro na pagina do Marcos Sacramento.
    Adorei estar no seu blog
    um abraço


    Maria Braga
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