A OVELHA NEGRA DE BAURU, SACADA BRILHANTE DE RITA LEE
Sábado à noite, 20/08, eu e Ana fomos assistir ao show de Rita Lee e Roberto de Carvalho no Espaço Bauru. Sempre gostei de Rita, de sua irreverência e uma postura sempre digna. Lá, num espaço tumultuado, reencontro duas pessoas queridas, a jornalista Camila Turtelli e minha amiga pipoqueira Inês Faneco. Debaixo de uma tenda, ao lado do trailler de batatas um papo agradável com Camila. Confesso preferir locais onde o show possui um horário pré-determinado para começar. Nesses assim, um imenso salão e bandas fazem shows de abertura. Vim para ver a Rita e a demora é sempre desestimulante, porém suportável quando o esperado chega e arrasa. Foi o que aconteceu com a paulistana Rita, 65 anos no lombo, 34 de casamento com o guitarrista carioca Roberto e mãe de três filhos. A “titia”, como ela não se importa de ser chamada se renova e acerta em cheio a cada novo show.
Esse atual, o “ETC” teve de tudo um pouco, pois Rita tem repertório em várias linhas e atendendo todos os gostos. O cenário foi impecável com um recurso pouco visto ainda por aqui, a introdução de imenso painel nos fundos do palco, chamado por eles de vídeo-cenário, onde eram refletidas de forma sincronizada imagens estáticas e em movimento de Rita em vários momentos de sua vida e carreira. Produção impecável e um artista cujo nome merece ser citado, Daniel Todeschi, que produziu algo especial para cada música. Tudo perfeito e muito bonito. Ficou realmente lindo. Minhas fotos todas publicadas aqui são uma reverência a isso.
Mas, para mim, além disso tudo, gostei muito do visual e dela cantando (vestia uma camiseta com a cara de Janis Joplin), algo mais aconteceu no show e me tocou profundamente. Ela reverenciou Bauru e com uma lembrança de ter estado no show/festival na cidade, relembrando o momento em que Tim Maia imortalizou o termo “bauretes”. Já contei algo sobre isso aqui, extraído da biografia escrita por Nelson Motta e pode ser lido clicando a seguir: http://mafuadohpa.blogspot.com/search?q=bauretes . Tem gente que detesta essas lembranças, mas imortalizar isso não denigre em nada Bauru, aliás, enaltece. O que denigre são outras posturas e procedimentos.
Mas Rita não ficou só nisso e fez um verdadeiro discurso com fundo musical, antes de cantar a sua OVELHA NEGRA. Fez questão de falar de quando ganhou um livro sobre a biografia de dona Eny Cesarino, a da famosa Casa da Eny, “a casa mais famosa de prostituição do Brasil”, relembra Rita. Aquilo me tocou profundamente, pois tinha visto no mesmo dia, numa página inteira de um dos nossos jornais, fotos e mais fotos de uma eleição a homenagear pessoas no “Destaque do Ano da ACIB 2011”. Fui rever os nomes todos dos homenageados e me certifico de que nunca dona Eny será devidamente homenageada nessa cidade, mesmo tendo sido uma de suas mais importantes beneméritas. Poucos por aqui teriam peito (sic) para homenagear Dona Eny pelos seus atos e ações fora do bordel (e não foram poucas).
Eu, que tenho uma mãe com o mesmo nome da famosa prostituta, Eni (o de minha mãe com “i”), confesso gostar de ambas. E hoje, como escrevo da Eny, a com “y”, adorei a lembrança mais do que oportuna de Rita. Ela, a do prostíbulo, foi mesmo a nossa OVELHA NEGRA, adorada por muitos e rejeitada por outros tantos. Gravei a Rita e se puderem ouvir um pouquinho de sua fala entenderão o que digo e da importância de fazermos algo para eternizar de vez o nome e a importância que essa cafetina teve para essa cidade. Não devemos nunca nos esquecer disso. A fala é mais ampla e nela Rita conta um pouco de sua vida. Tai pra quem quiser assistir.
OUTRA COISA: Hoje, 23/08, abertura da exposição Festa Baile no TEMPLO BAR, composta por 20 telas com temática voltada à dança e uma linguagem única do artista Antonio Carlos NICOLIELO. Nascido em Nova Europa SP, em 11 de fevereiro de 1948, iniciou sua atividade profissional em Bauru, onde estudou direito, trabalhando como repórter, redator e chargista político dos jornais Folha do Povo, Jornal da Cidade e Diário de Bauru, além de outras grandes passagens como Diretor de Arte do Banco Noroeste, Editor de arte da Revista do Banco Noroeste, capista e ilustrador das revistas Visão, Veja, Status entre outras. Também publicou três livros e teve participação especial em três títulos internacionais. Participou de importantes mostras de arte ao longo de sua carreira como Salon International of Caricature of Montreal, International Biennal of Cartuns of Gabrovo, Ano Internacional da Criança – mostra individual no MASP e Galeria de Arte Lagard. Em Bauru foi brilhantemente relembrado numa exposição na Galeria do Teatro no ano de 2007. Clicando a seguir, tudo o que esse mafuento escrevinhador já publicou sobre Nico e sua obra: http://mafuadohpa.blogspot.com/search?q=nicolielo
Como vai meu camarada Henrique?
ResponderExcluirFicou de vir a Curitiba, se veio e não me avisou tambem não vou te avisar quando for a Bauru.
Terei que ir até aí para resolver aquele problema da conclusão do Curso Secundário. Preciso deste documento para continuar a estudar.
Agora que fiquei velho resolvi sistematizar minha militância.
Um Grande Abraço
Kisahi Baracat
Caro Henrique - Parabens pela grande matéria sobre a Tia Rita e Eny. Verdadeiro resgate.Saudações socialilstas - Isaias
ResponderExcluirHenrique
ResponderExcluirMas como, o Nicolieli veio ontem inaugurar sua exposição no Templo?
Só fiquei sabendo disso agora. Não li em nenhum dos jornais, nem no rádio, nem TV. Quer pena, perdi de dar um abração no meu amigo e um dos fundadores do Jornal da Cidade. Vou passar por lá e ver suas pinturas em naif, todas muito belas. Nicolielo é o rei do traço, crítico e merecedor de todos nossos elogios.
Paulo Roberto - professor
Muito legal, valeu Henrique.
ResponderExcluirAldo Wellichan
Maria Ines Faneco publicou no seu Mural.
ResponderExcluir"Acabo de ler materia que escreveu sobre o show da Rita Lee mas como sempre não consegui postar comentario sou lerrrrrrrda mas mesmo assim valeu um abraço