domingo, 18 de setembro de 2011

ALFINETADA (90)

QUESTÃO DA TERRA EM PIRAJUÍ E ALGO DA LIBERDADE FEMININA - publicado edição semanário O Alfinete, Pirajuí SP, 17.09.2011
Gosto muito de discutir duas questões, a da terra e da religiosidade. Toco nesses temas no meu escrito dessa quinzena. Comecemos por algo ocorrido aí em Pirajuí no domingo, 11/09, num encontro de pessoas ligadas à discussão sobre os destinos da terra. Foi no Espaço Cultural do Cine San Salvador, na praça central. Ali reunidos lideranças dos movimentos sociais, políticos, autoridades e gente disposta a entender melhor dos motivos de um país tão imenso, extensão continental, ainda não ter resolvido definitivamente uma justa divisão de suas terras, beneficiando em primeiro lugar quem dela fará um uso social. Essa uma das melhores formas de se combater efetivamente a fome, não só do Brasil, como do mundo.

A fome como todos sabem é um problema criado pelos homens e assim sendo, buscar sua solução algo de bom senso. E isso está ao nosso alcance, basta querer. Ver gente reunida buscando sua solução é algo a me seduzir. Resolver o problema da fome não ocorre só distribuindo alimentos. Até as pedras do reino mineral sabem da injusta divisão de terras, com uma grande concentração de improdutivas nas mãos de especuladores e até gananciosos geradores de receita, não para o bem comum, mas para si próprios. E desse jeito não caminhamos. No governo Lula um bom começo, com o aumento do poder aquisitivo da população. Hoje já adianta e muito produzir, pois existe quem compre e consiga consumir. Incentivar a produção local, com os produtos da região sendo comercializados no próprio local é boa iniciativa, mas isso só é possível com justiça social. E vi isso sendo discutido aí em Pirajuí. Gostei muito.

Na questão da religiosidade, algo me tocou profundamente nessa semana quando conheci o trabalho de um frei mexicano de passagem pelo Brasil. Trata-se de Julián Cruzalta (http://catolicasonline.org.br/ExibicaoNoticia.aspx?cod=1460 ), um teólogo na justa exatidão do termo, irremediável defensor do direito das mulheres decidirem sobre suas vidas. Bate de frente com conservadores, mas o mais importante é fazer pensar e colocar a discussão de forma séria na mesa. Sua proposta é simples e bela demais, dando vazão a uma real postura democrática, de liberdade sobre o corpo. No tema aborto, a maioria adora decidir pelas mulheres. Interromper uma gravidez indesejada deve ser decisão pessoal e isso vai de encontro ao direito à liberdade e a consciência. Reprimir é o pior que pode acontecer. De forma inteligente, Cruzalta não é a favor nem contra o aborto, o uso de anticoncepcionais, educação sexual, essas coisas. Prega a não repressão e que a decisão seja só das mulheres. Real liberdade é isso, sem tirar nem por.

Conservador é um chato por natureza, esteja onde estiver. Na igreja, tribuna política, letra de uma canção ou programa televisivo. Mais chato ainda é quando a religião quer interferir nas questões de estado. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Um amigo diria, “cada um no seu quadrado”. Cruzalta me fez ver que não estou só na minha forma de pensar e agir.

OBS. FINAL: Chego à cidade do Rio de Janeiro, 6h da manhã, para quatro dias de intenso trabalho e quem me espera na rodoviária é o bauruense Kyn Junior, um mais que amigo, agora quase morador da Cidade Maravilhosa. Além do café juntos, promessa de assistir hoje à última apresentação da Cia Mariza Basso no SESC Tijuca, 17h (depois descrevo aqui em detalhes) e umas cervejas logo mais, tão logo a lua adentre o céu. Tiro uma foto logo ao chegar, uma frase como cartão de visitas. Perco hoje em Bauru a apresentação do maestro e amigo George Vidal, no Jardim Botânico, 10h. Ana Bia estará me representando e as fotos dela e da Audren publico aqui posteriormente. Mais uma coisinha: estão escutando um apito de trem. É lá da Estação da Pta, junto à Feira do Rolo, pois hoje tem mais um Estação Arte e junto a abertura de uma exposição com a temática da mulher. Trabalho com a chancela de Neli Viotto. Na Veritas FM, 9h, um trabalho de alunos sendo levado ao ar, com uma temática ousada para uma rádio católica, a ENY do CABARÉ (ou seria PUTEIRO). Um bom domingo a todos (as).

8 comentários:

  1. Quando de fala em reforma agrária qual seria o modelo agrario??? pq vale lembrar que a bandeira da reforma agraria não nasceu revolucionaria, basta olharmos q tipo de reforma foi feita no passado na França por exemplo.
    A questão agraria dentro do ideal comunista é a coletivização das terras, vamos lembrar o planejamento e a potencia que se tornou a urss, modelo agrario esse que foi reformado pelos revisionistas que levaram o fim das conquistas da revolução russa, lembremos q uma das reformas começadas pelo pelego do krushov até chegar no gorbachov foi criar propriedade no campo onde começou os problemas rurais e de abastecimento de alimentos. Somos contra a propriedade privada, tirar um proprietario e colocar outro não é bandeira revolucionaria e nem solução, infelizmente as manobras pelegas de politicos dentro desta questão querem transformar e revisionar para atender apenas interesses eleitoreiros e enrolar a questão. É preciso sair da logica capitalista, da ilusão consumista e de que há um aumento de poder aquisitivo nessa farsa de sistema, onde a moeda já nasce na dívida e suga cada vez mais com os miseráveis escravizados desta nação.

    Marcos Paulo
    Comunismo em Ação

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  2. meu caro marcos, idealista comunista e sonhador, visionário de um mundo bem longe do pregado no passado:

    Viu a capa da Veja dessa semana...
    Até o MST não é mais o mesmo.
    O idela do antigo agrupamento com reivindicação social acabou.
    Pare de sonhar, vá trabalhar, ganhar algum e esqueça essa besteira de sonho socialista. Isso já era. Vocês perderam e se continuarem com esse discursinho velho e antigo vão ser taxados de loucos.

    Os tempos sãos outros.
    TÕ cansado de ler suas besteiras por aqui.

    Lacerda de Castro

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  3. Lacerda de Castro, estou acostumado a lidar com sectários, cegos como vc diariamente, alias nem sei quem é vc, se esse é o nome mesmo, tudo que escrevo é fato de processo historico, isso é ciencia, é conhecer o mundo que gira e o universo a que pertence, o que relatei da questão agraria meu caro não é sonho, aconteceu, é fato, é projeto, o estado opressor capitalista é o mesmo e sua forma de explorar, o fato de tudo estar fudido que aí sim difere do que já ocorreu em termos de resistencia é sim a falta de lideranças criticas, de entendimento e sair do superficial para ter consciencia e conscientizar, isso venho falando há tempos ao amigo henrique e demais.
    Outra coisa, seja mais inteligente pelo menos a debater ao inves de descarregar ofensas sem sentido, vc pode faze-las, mas antes debata o tema e derrube com argumentos ponto a ponto do que escrevi, pq meus comentarios são em cima do tema do blogueiro e sempre procurando acrescentar ou chamar a atenção a algo que vejo como equivoco no texto, nunca venho aqui com palavras ofensivas gratuidas, quando xingo, xingo com argumentos, deveria procurar fazer o mesmo, seu bosta reacionario leitor da veja.
    Ah e outra coisa "professor" desafio o senhor e qualquer um a debater o tema publicamente, aí veremos a coragem e se tem argumentos solidos.

    Marcos Paulo
    Comunismo em Ação

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  4. caro Lacerda de Castro
    Ataques desnecessários são somente isso, desnecessários. Nçao gosto disso. Ou melhor, não gostamos. E mais, não leio Veja. Semana passada uma educada mocinha me liga para me informar de um promoção e disse-lhe, educadamente, pois ela não tem culpa, que Veja em casa não entra nem para limpar a bunda dos donos da casa. Expliquei mais, mas não me alongo. Fui ver na internet e a revista que fala do MST essa semana não é a Veja e sim, a Época, da editora Globo.
    Henrique - direto (sucursal do Rio) do mafuá

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  5. SR HENRIQUE

    Sou de Pirajuí e voce me conhece. Quero aqui escrever algo sobre o posicionamento atual do jornal Alfinete, que está religioso demais, a maioria dos textos só sobre isso. Os evangélicos tomaram conta do jornal e tudo lá tem um fundo do pensamento deles. O que o sr escreve, um dos últimos redutos de pensamento diferente daquilo. Não sei se vou escrever besteira, mas percebi nos seus últimos textos algo no sentido de se pocisionar contra o que percebe lá. Seus textos estão com temática bem definida de posicionamento na justa oposição do que pensa o jornal. Acho isso ótimo. Não desista, ou melhor, insista. Não falo isso dos artigos do jornalista Heródoto Barbeiro, que é de São Paulo e nem os do pirajuiense Omar Khouri, professor que mora em São Paulo e que pensa diferente. Quiz te escrever isso para te informar que para quem lê o jornal é muito importante a existência de alguém escrevendo diferente do que pensa o atual diretor do Alfinete. Tenho gostado muito dos temas e da forma como escreve.

    João F. Silva

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  6. Obrigado, João Silva, a luta continua...

    Henrique - direto (do Rio) do mafuá

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  7. Caro Henrique.., briga de comunismo X capitalismo. Já ví esse filme em algum lugar... Apesar do despeito terceiro mundista, são ainda os EUA o país onde modelos de qualquer coisa tentada ou estabelecida mais deram certo. Bombas terroristas a parte, é onde a situação de SEUS cidadãos mais esta resolvida a contento(deles é claro!). Pergunte a qualquer cidadão americano se ele deseja mudar de país, ou mudar o modelo do país e vc ouvirá um sonoro não. Sempre que tenho a oportunidade pergunto a algum deles e a resposta é sempre a mesma. Lá, valem eles, pra eles e por eles. E a boa parte dos países restantes cabe fazer remake de filmes já rodados. E critica-los, já que não temos competência para iguala-los. Escrevendo assim parece até que sou americanista né? Mas não sou. Reconheço que muito das nossas mazelas foram e são causadas por interferência direta e indireta do nosso grande irmão do norte, mas antes, reconheço também que isso só é possível por nossa única e exclusiva incompetência como nação.
    Nosso famigerado padrão de justiça, onde a palavra de ordem é impunidade nos mantem de joelhos e atrelados ao atraso dos séculos 18, 19 e início do 20. Perceba que o amigo M.P. teve de recorrer a França e a URSS como modelo. E creio mesmo que só não citou tb os Yankes, cuja reforma foi iniciada com Thomaz Jeffrerson o 3º presidente (leia bem, o terçeiro)nos idos 1800 e pedrinha, e mais tarde consolidada por Lincoln (homestead law) porque ficaria no mínimo engraçado.

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  8. Vou começar respondendo o comentário acima pelo final. O grande problema hj em dia é sair do superficial, entender os fatos e principalmente ter clareza ideologica. O texto do Henrique fala sobre reforma agrária, muita gente fala disso, mas eu apenas perguntei qual modelo de reformar agrária, pq quando se fala em reformar algo, se fala em qual modelo?? e para quem?? Eu citei a URSS como modelo que defendo, pq lá houve coletivização das terras e citei a França como um outro modelo de reforma que houve do qual eu NÃO defendo e citei por ser um exemplo historico famoso, enquanto a URSS era um pensamento comunista, a França foram reformas com um pensamento do iluminismo liberal e burguês, do qual poderia pegar outras nações como os EUA, com reformas para criar uma classe de beneficiados e explorar outros, será que deu para entender agora o que comentei????
    E sobre o imperialismo norte-americano, veja bem, em primeiro lugar é importante a pessoa saber o que é capitalismo, comunismo ou qualquer outra coisa para formar uma idéia e expor atitudes, resumir todo um processo historico, complexo, a uma simples questão de incompetencia, é muito raso isso, e essa coisa de bombas a parte, ou que 40 milhoes de americanos vivem abaixo da linha da pobreza, da imposição a explorar os paises do mundo, que a maioria da população americana não tem sequer acesso a saude, a nação com seus metodos e meios midiaticos a causar uma alienação sem fim nas pessoas, tirando tudo isso a parte é um país exemplar que funciona, é piada ou o que isso aí??? Vá conversar com os miseraveis desta nação para ver o quanto estão "satisfeitos" com o sistema, procure ouvir opiniões de norte-americanos conscientes e que expões os problemas e as insatisfações do seu povo com fatos, como Noam Chomsky e Michael Moore, como no passado tb o célebre John Reed e tantos outros. Aqui no Brasil, uma nação capitalista e um dos satélites do imperialismo estamos "bem" sim a copiar os norte-americanos, no seu modo de explorar, alienar e não ter identidade para não aparecer os dentes.
    Não pq os EUA se mantém em pé, a frente do comando do mundo que o faz exemplo de alguma coisa boa para se olhar aos povos do mundo.

    Comunismo ou morte!!!

    Marcos Paulo
    Comunismo em Ação

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