Mafuá do HPA

DICA (89) e CARTAS (80)

FUGINDO DOS PEDÁGIOS E UMA CARTA SOBRE ORIGENS CARNAVALESCAS
Hoje, aqui e agora, dois temas juntos e discorridos de uma forma peculiar, a minha. Primeiro o relato de minha viagem para Campinas fugindo dos pedágios paulistas (verdadeira saga) e por fim, uma carta publicada hoje na Tribuna do Leitor, do Jornal da Cidade sobre as origens católicas do Carnaval. Vamos por partes, como dizia Jack, o Estripador.

Caso 1: CONTORNANDO OS PEDÁGIOS PAULISTAS – Que os pedágios no mais rico estado da federação estão abusivos, isso já é do conhecimento até das pedras do reino mineral. Nas viagens realizadas pude constatar o insólito: eles estão nos fazendo abrir a carteira de 30 em 30km. E as estradas não estão tão impecáveis assim como na divulgação. Bonitas são as maiores, mais movimentadas. Nas demais, tudo é permitido, desde um retoque em buracos, o que lá na minha Bauru chamamos de maquiagem. Não gosto de pedágios e tenho esse direito. Procuro fugir deles sem fazer loucuras de adentrar desconhecidas estradinhas de terra. Tento agir dentro do plausível, mas nesse caso, a diversão em procurar alternativas e depois comunicar ao maior número possível de pessoas é sempre louvável. Fiz isso essa semana e conto como foi.

Destino meu e de Ana Bia era Campinas. Saindo de Bauru e usando a estrada usual, via Jaú, Brotas, Rio Claro, Limeira, Americana e depois o destino era ir pagando pedágios e mais pedágios. Sugeri uma opção que ainda não havia realizado. Sai de Bauru, passei pela ponte do Tietê e pago o primeiro pedágio (poderia ter ido via Macatuba e saindo em Mineiros do Tietê e evitado esse). Em Jaú o primeiro desvio da rota quando decido ir passando por Mineiros, Dois Córregos e culminando em Torrinha. Lá poderia ter voltado para Brotas e reiniciar tortura pedagiante. Nada disso, pois continuei alternando. Segui para Santa Maria da Serra e acabei aportando em Águas de São Pedro. Parei numa padaria na rodovia a cruzar o centro da cidade e de um morador ouço: “Você escolheu o caminho mais curto e mais barato. Siga em frente, pois sua viagem será mais rápida e muito mais barata”. Passei por dentro de Piracicaba e segui na rodovia Luiz Queiroz, desembocando pouco após de Americana. Lá, sem conhecer outro caminho (deve ter um de Pira direto para Campinas) cai na rodovia dos pedágios, a Anhanguera e pago o segundo. Chego no destino feliz da vida, pois paguei somente dois e se pesquisasse um pouco mais, acredito não seria necessário ter pago nenhum.

No destino, fiz meu trabalho todo, Ana o dela e na noite, após as contas feitas fomos nós dois gastar o lucro auferido com o não recolhimento de valores abusivos nos pedágios. Comemos e bebericamos muito bem na Casa São Jorge (http://www.casasaojorgebar.com.br/ ), um reduto musical incrível, no bairro de Barão Geraldo (eles tocam música de qualidade todos os dias da semana), tendo a possibilidade de assistir ao “SKAndalosa de Carnaval – Larika”, show de ska direto da república Theca. Fizemos uso de nosso suado dinheirinho de uma forma muito mais saudável. Faça o mesmo você também. No retorno, que faremos hoje, conto depois como foi as agruras todas, pois decidimos voltar pagando os indefectíveis pedágios paulistas.

CASO 2: Origens Católicas do Carnaval (publicado hoje na Tribuna Leitor, JC) - "Toda vez que o Carnaval bate às nossas portas, a mesma ladainha de sempre é desferida por alguns conservadores instalados dentro de algumas igrejas (nem todas). Ações e mais ações contrárias aos Festejos de Momo, insanidade total, pois talvez poucos entendam lhufas das origens religiosas do feriado. Ser profano também revela certo grau de religiosidade.

Ouço muitos apregoarem ser essa uma festa pagã, a reverenciar os prazeres da carne (que carne, afinal?), bestialização do ser humano, algo a provocar o distanciamento dos fiéis dos templos etc. Fico cá no meu canto, cada vez mais ciente de que o ser humano desaprende tudo com uma estonteante rapidez. E cria outras formas de aprendizado, algumas ao seu bel prazer e em benefício próprio. Tanta igreja hoje vive em função do soldo, frontalmente contrário ao ensinamento do dito criador da maioria delas.

Além de suas revolucionárias ações, Jesus conviveu pacificamente com prostitutas, rufiões, mendigos, algo que nos cultos atuais fazem questão de omitir. Com o Carnaval, a mesma coisa. A festa é cria da igreja católica e deveria ser por ela reverenciada, não menosprezada. Tudo começou de uma forma meio sem querer, até pegar forma. Durante o período da Idade Média, após a praxe dos 40 dias de abstinência e jejuns da Quaresma, os estoques de carne dos mosteiros estavam lotados. A ordem era esvaziar, zerar as despensas e a justificativa das mais louváveis. Ou se comia tudo ou tudo se estragaria. E assim a comilança era liberada e todos se fartavam (nos mosteiros, diga-se de passagem, só entre eles). O auge do festim era na terça-feira gorda. Nesse dia, passava-se dos limites, tudo sob as bênçãos da Santa Madre Igreja. Essas as origens.

Já nos dias de hoje, alguns fogem do Carnaval como o diabo da cruz. Não é de se estranhar, pois dizem que a entrada do verdadeiro Jesus não seria permitida na sede da maioria das atuais igrejas. A festa sempre foi boa e o que deve ser evitado não é o adentrar nela, mas o seu uso desmedido, os excessos. Mas isso, como muito bem sabemos, deve ser evitado em tudo que fazemos nessa vida. Diversão garantida nos próximos dias, com moderação".

Encerro tudo com algo mais de minha lavra. Leio pelos jornais aqui de Campinas que a Argentina aceitou a mediação do Conselho de Segurança da ONU, como mediador de sua questão com a Inglaterra a envolver o destino das Ilhas Malvinas. Mesmo com o apoio de vários países vizinhos e a Inglaterra passando por outro esfrega, quando a Espanha lhe cobra a devolução de Gibraltar, com a ONU na parada tenho uma só e definitiva certeza: A ARGENTINA SIFU.