sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

UM LUGAR POR AÍ (23)

NÚCLEO DOCUMENTAÇÃO DA USC – VISITE ANTES QUE ACABE. E O DESTINO DO RICO ACERVO?
Um tema dos mais preocupantes está passando um tanto despercebido pela maioria dos interessados no tema Defesa do Patrimônio na cidade, o de que o NÚCLEO DE DOCUMENTAÇÃO GABRIEL RUIZ PELLEGRINA, criado e mantido pela USC – Universidade do Sagrado Coração está prestes a encerrar atividades, numa decisão interna da Direção da Universidade e todo o acervo está a dançar ao sabor do vento. Tudo ainda parece estar no campo das divagações, mas como a USC tem nos pregado boas peças nos últimos anos, a notícia certamente é verdadeira e assusta. Boa parte da história da cidade de Bauru está lá guardada e sem rumo. Só para terem conhecimento quase todos os arquivos históricos da Câmara Municipal de Bauru e jornais antológicos como o Diário de Bauru estão todos lá. Só como ilustração, o próprio memorialista Gabriel (foto grande), que dá nome ao Núcleo e doou parte de seu acervo, não queria fazê-lo com o restante, ainda em sua casa, pois premeditava o que estava por acontecer.

Uma das hipóteses levantadas é que parte de todo o acervo possa ir parar na vizinha cidade de Lençóis Paulista, que nos últimos anos, criou um espaço dos mais modernos, bancado por aquela Prefeitura Municipal e seguindo à risca orientação do Sistema de Arquivos Públicos do Governo do Estado de SP. Lá já existe um dos únicos locais na região realmente adequados para acomodar documentação histórica, mas isso não pode ser o fator preponderante para que tudo seja para lá enviado, principalmente documentos valiosos da história de Bauru.

A importância do Núcleo e o nome dado em homenagem ao nosso maior memorialista, facilitou o recebimento de inúmeros documentos, isso ao longo das últimas décadas. A USC mudou de rumo, está em outra rota desde a passagem meteórica do ex-reitor, o chileno Rocha e, por que não dizer catastrófica do ponto de vista institucional (parece ter-se acertado financeiramente, mas renega cada vez mais algo feito e produzido aos moldes antigos). Esquece um pouco o seu lado bauruense, mas isso é outra coisa. O fato é que lá existem preciosidades históricas e é sobre o destino delas que escrevo. Estudei lá (sou formado em História), conheci o que foi e representava quando ainda Fafil, depois o início da USC, o apogeu, os problemas todos e, culminando com o acordo que possibilitou a saída da irmã Jacinta de sua direção e a vinda do Rocha. Ele veio efetuar uma predeterminada tarefa. Executou e deixou tudo encaminhado para ir tendo solução de continuidade, sempre aos seus moldes. O modelo de universidade chilena (muito questionado hoje com tudo o que vemos da crise educacional por lá) sob o comando dos irmãos Rocha sendo implantado aqui. O fim do Núcleo é só mais uma etapa, sem tirar nem por.

Quem está da direção do Núcleo não tem como opinar sobre o destino de nada. Decisão tomada, falta definir como tudo será distribuído. Observo alguns que doaram documentos pessoais importantes os pedindo de volta. Preocupação mais do que instalada. Querendo ser prático acredito que a Prefeitura Municipal de Bauru precisa ser rápida e parece já o ter sido, pois tem reunião agendada para o próximo dia 28/02 (segundo informação do JC, “Secretaria de Cultura pede doação do acervo da USC”, edição de 18/02 – leia aqui: http://www.jcnet.com.br/Cultura/2012/02/secretaria-de-cultura-pede-doacao-do-acervo-da-usc.html ). A ida para Lençóis é uma hipótese, mas a mais viável será tudo ficar aqui mesmo em Bauru, desde que sejam criadas condições de adequação de espaços. Existe uma hipótese que revelo aqui nos próximos dias de um amplo local a abrigar isso tudo, mas o problema vai além do local. Bauru ainda não possui nada aos moldes do que Lençóis possui. Seria esse o momento e o motivo é mais do que justo. O Governo do Estado facilita todo município que quer criar o seu Arquivo Público e o próprio site deles ensina o caminho das pedras.

Para os que querem entender um pouco da riqueza existente nesse quase extinto Núcleo de Documentação, basta uma simples consulta a algumas pessoas, cujos nomes cito a seguir: Gabriel Ruiz Pellegrina, Terezinha Zanlocchi, Márcia Nava, Muricy Domingues, Fábio Paride Pallotta, João Francisco Tidei de Lima, entre outros. Toda a cidade sabe o estado atual dos arquivos sob os cuidados de Luciano Dias Pires (criador e mantenedor do Bauru Ilustrado), que por décadas juntou documentos e por fim, isolou-os num sítio de sua propriedade sob precárias condições. A solução para aquele acervo parece será dada pelo JC, com a criação de um Núcleo sob os cuidados do jornal. Do contrário, tudo estaria correndo sérios riscos.

Confio no pessoal responsável pela Cultura Municipal, principalmente no secretário Elson Reis, Neli Viotto e Orlando Alves. Eles sabem que podem também contar com ajuda externa e sabem também onde buscá-la. O fato é que as ações precisam ser rápidas, pois nunca me sairá da memória como foi feita a transição de acervo da Fundato, quando essa resolveu de uma hora para outra dar fim a tudo o que estava sob sua guarda. Foi um deus nos acuda.
OBS.: Todas as fotos do Núcleo foram por mim tiradas em 2008, quando de uma visita ao local.

9 comentários:

  1. Caríssimo Henrique - parabens pelos textos sobre o acervo da USC e sua importância. Adianto a você que o Irineu Azevedo Bastos, meu colega de escola primária (década de 40) na Vila Falcão já marcou audiência com o Prefeito e com o Elson da Cultura para tratar desse assunto.

    Já falei com o prefeito que se dispos a acolher todo o acervo mas para isso é preciso reunir (urgentemente) e traçar os planos para as providências.

    Você, como professor de História, ligado permanentemente nas coisas da cidade, também deverá ser convidado a dar sua contribuição nessa tarefa.

    Outras pessoas "ligadas" na área também serão chamadas, é o que estou sugerindo para o Irineu: João Francisco Tidei de Lima, Eduardo Ávila, Luciano Dias Pires, Márcia Navas, Fábio Palota, Alcides Silva, a filha do Pitinha, e outros que você deve sugerir também. Saudações socialistas

    PS: agora é o momento oportuno de centralizar o acervo existe nte em Bauru e convocar as pessoas que possuem material de significado histórico a "abrir mão"
    dele para dar-lhe destinação correta e permanente.

    Isaías Daibem

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  2. Henrique, faleceu a professora Léia Poloni, esposa do Prof. Adil Poloni, aposentado do departamento de matemática da UNESP e antigo militante comunista. Ela está sendo velada no Terra Branca e será sepultada hoje às 16 h no Ypê. Por favor repasse para os amigos! Dino Magnoni

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  3. Que vergonha a USC fazer isso, não?
    Assim sem mais nem menos, sem explicações. Entidade particular cuidando de preciosidades de uma cidade dá nisso. O caixa apertou e ... Também estudei lá, na FAFIL.

    Daniel Carbone

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  4. Olá Henrique.

    Também tenho uma preocupação enorme com o nosso acervo documental que corre riscos diários em todos os lugares em que se encontram. Não seria a hora de todos os interessados conversarem entre si para encontrarmos uma solução definitiva para a preservação desse acervo, não só o acervo da USC, mas de outros lugares?
    Pelo que eu posso perceber sobre a preservação documental histórica em Bauru, só o Instituto Lauro de Souza Lima tem conseguido preservar o seu patrimônio documental a contento.
    A prefeitura municipal também tem uma coleção de documentos importantíssimos que não estão acondicinados de forma adequada. Os arquivos da USC e o da Prefeitura, aos quais devo a minha Dissertaçãode Mestrado, são com certeza as "JÓIAS DA COROA" mas não podem arcar com o ônus de preservarem tudo sozinhos.
    Vejamos o que acontece com esses documentos essenciais: esses arquivos tem a guarda e responsabilidade dos documentos mas não tem nenhum auxílio para mantê-los. O Judiciário deve montar convênios para repassar verbas para esses arquivos, mas o que se vê é uma vontade de descartar os processos judiciais sem a preocupação de preservá-los para que sirvam de fontes históricas para o futuro. O Poder Judiciário deveria digitalizar todos os processos de pael antes de pensar em descartá-los
    A Câmara dos Vereadores, já que a documentação inicial desse órgão político esta no arquivo da USC, também tem essa obrigação histórica para com a cidade e seus cidadãos, pois tem televisão, carros, gastos internos, assessores, tudo plenamente necessário e justificável mas não destina recursos para a preservação dos seus documentos mais antigos, que deveriam ser digitalizados. Esse procedimento deveria ser adotado também quanto aos documentos produzidos recentemente, caso contrário não teremos fontes primárias para consulta em um futuro muito próximo.
    Já é corrente entre nos historiadores de que teremos mais fontes primárias documentais do século XIX e início XX do que do século XXI em diante.
    A questão é como conseguir recursos através de projetos Municipais, Estaduais e Federais.
    O que ouço muito é que recursos existem mas são necessário projetos bem elaborados e executados (prestação de Contas).
    Creio que a sua preocupação com o arquivo da USC é legítima e me pergunto se não seria a hora de os interessados sentarem-se a mesa (Câmara de Vereadores, Judiciário, Prefeitura Municipal etc.) e pensar o futuro histórico documental de forma coordenada e dividindo responsabilidades.
    Como professor da USC não tenho a informação sobre o "fim" Centro de Documentação e não vejo esse fim como realidade.
    Abraços do
    Fabio Paride Pallotta

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  5. Boa noite Henrique!

    Somente para confirmar, no dia em que saiu a matéria no jornal sobre a mudança nos rumo do núcleo de documentação histórica da USC eu liguei imediatamente para a Terezinha Zanlochi que me informou que por hora trata-se "apenas" de perda de espaço no prédio e que o acervo tridimensional será "disponibilizado", pois manterão os documentos. A partir dessa informação e de quem responde por essas mudanças lá dentro, cheguei ao Luis Fonseca, coordenador de extensão, e,por telefone, e sem mesmo ter falado com o prefeito, adiantei que temos interesse por "todo" material que for disponibilizado, pois trata-se de nossa história, e manifestei a preocupação de que esses materiais sejam doados a prefeituras da região, nesse instante, ele garantiu que nenhum município havia se manifestado a respeito e que nada ainda havia sido "prometido" a ninguém. Marcamos então a reunião sob o compromisso da USC de não tomar nenhuma medida antes de nossa reunião. No dia seguinte, o Rodrigo me ligou pedindo que entrasse em contato com a USC para tratar desse assunto foi quando então disse a ele que já havia sido dada a "largada" e me foi dado então carta branca para tratar do assunto. Manifestei claramente ao Luiz, que esse material pertence a nossa história e, inclusive, parte dele deveria estar a muito tempo com o município. Somente para elucidação, conheci detalhadamente o espaço recém criado em Lençóis Paulista, e posse garantir-lhe de que realmente está organizado, porém não trata-se de nada tão avançado assim, è uma reserva técnica como, em breve, teremos em nossos museus, principalmente no prédio da estação paulista que entrará logo em reforma.
    Acredito que após essa reunião do dia 28, teremos boas notícias. Irei insistir em recebermos todo o acervo que tiver que sair de lá.

    Gde abraço.

    Elson

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  6. E A USC NÃO SE PRONUNCIA SOBRE ISSO?

    Se estão querendo doar uma parte, só o que o Elson diz ser peças tridimensionais, acredito muito bom pedir tudo, pois mais dia menos dia vão dar um basta no Núcleo.

    Peça tudo sr Elson e arrume um local adequado para colocar tudo. O próprio Pelegrina irá aplaudir sua ação. Ele mesmo, como o Henrique diz já não doa mais nada para ficar lá na USC. E por que age assim? Alguém já se perguntou isso.

    Paulo Lima

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  7. Henrique, em boa hora o seu alerta:


    TAMBÉM VEMOS, COM PREOCUPAÇÀO ESSE LAMENTÁVEL DESCARTE DA USC.
    BAURU TEM DUAS INSTITUIÇÒES OFICIAIS - PREFEITURA E UNESP - PARA ASSUMIR O PRECIOSO ACERVO...
    PODEM - E DEVEM - ATÉ CONVERSAR ENTRE SI PARA UMA SOLUÇÃO, DIGAMOS, CIVILIZADA

    JOÃO FRANCISCO TIDEI DE LIMA

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  8. Prezado Henrique,
    Todos nós temos a preocupação sobre o acervo que contam e mantém viva as chamas de nossa cultura. Muito se tem falado sobre o fim do Núcleo de História e Pesquisa da USC, mas a administração nunca manifestou essa intenção e muito menos a distribuição deste acervo para outras cidades.
    Esclarecimentos:
    • O NUPHIS/USC, foi criado em 17 de outubro de 1983, objetivando manter viva a História da Universidade Sagrado Coração, única Universidade bauruense, com 58 anos promovendo educação de qualidade à comunidade de Bauru e Região;
    • Com o crescimento de nossa Instituição, novas necessidades são apresentadas a cada dia e a otimização de espaços físicos se faz necessário;
    • A área, hoje ocupada pelo NUPHIS, será utilizada na instalação de modernos laboratórios destinados aos cursos de Engenharia e Arquitetura.
    • O HUPHIS, está sendo instalado em local adequado e de maior acesso à comunidade interna e externa. Infelizmente não teremos como manter parte do acervo, principalmente os tridimensionais.
    • Temos mantido contato com vários setores da comunidade, para que possamos encontrar uma solução adequada para a transferência de parte do acervo. Dentre estes, sito a Prefeitura Municipal de Bauru, através do senhor Elson Reis, Secretário de Cultura.
    Espero que estas informações, colaborem e transmitam tranquilidade a toda comunidade.

    Atenciosamente
    Universidade Sagrado Coração - USC
    Professor Luiz Antonio Fernandes Fonseca
    Coordenador Geral de Extensão
    Luiz.fonseca@usc.br

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  9. Henricão

    A USC quando deu de andar com más companhias, como esses irmãos chilenos, parece que entornou o caldo. O clima lá dentro de degola é uma ameaça constante sob o pescoço de professores e funcionários. E as aulas sendo todas gravadas, para lá no futuro descartarem os professores e viverem de passarem aulas via gravação. Essa a modernidade.

    Rosana

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