CARTA (85)
CHÁVEZ, BUENOS AIRES E UM DIÁRIO
Moro em Bauru, interiorana cidade no estado de São Paulo, Brasil. Admirador do modo como o argentino toca sua vida, intensamente indo mais para as ruas que os brasileiros e em alguns momentos, porque não dizer, tensamente. Sou um ser social, inserido nas transformações que a América Latina tem produzido. Um raro momento, deixando de ser quintal e coadjuvante dos impérios, transformando-se em atores principais. Isso incomoda. Principalmente uma retrógrada elite, aqui, aí e por todos os lugares.
Inquieto, em 09 de março de 2007, eu e um dileto amigo, Marcos Paulo Resende, saímos de Bauru e nos dirigimos até Buenos Aires, tudo para presenciar algo histórico, um comício do presidente venezuelano Hugo Chávez. O ato era um contraponto a algo similar, comício do então presidente dos EUA, George Bush em Montevidéu. Fomos dos primeiros a chegar ao estádio Ferrocarril, nas proximidades dos trilhos férreos. Tudo ali foi vivido intensamente, algo inesquecível em nossas vidas. Ver Chávez, Hebe de Bonafini, cantores populares e a juventude peronista chegando em bloco, lotando o estádio foi marcante. No retorno um texto meu relatando o ocorrido foi publicado na revista semanal brasileira Carta Capital, edição de 21/03/2007.
Algo mais marcou minha vida daí para frente e de forma definitiva. Tinha ouvido falar num diário a relatar a verdade factual dos fatos, um tal de Página 12 e ao comprá-lo tão logo pisei no país, ainda no aeroporto, a empatia foi imediata. Quatro dias na cidade e em todos, a edição correspondente do jornal, guardadas até hoje. No retorno começo a ler diariamente a versão pela internet. Acabo me cadastrando e desde então, março de 2007, recebo diariamente em meu e-mail (hpachancelas@gmail.com) o Página 12 via internet. Chega pontualmente às 6h da manhã e é uma das primeiras leituras tão logo ligo o computador. Não deixo um só dia de ver e espiar as manchetes. Coleciono as tiras do REP, guardo ilustrações, acompanho a vida política do país e torço pelo sucesso da Argentina, assim como de toda a América Latina.
Não existe ninguém de Bauru, que soubesse e tendo passado por Buenos Aires, não lhe tenha dado como missão trazer para mim edições do jornal. Voltei à cidade ano passado, em julho, fazendo questão de visitar a sede do jornal e depois o Kiosko, onde comprei e ganhei, desde jornais, edições especiais, agendas, cartazes, livros e CDs. Registrei todos esses momentos no meu blog pessoal, o Mafuá do HPA (www.mafuadohpa.blogspot.com).
Agora a confissão final dos motivos de continuar lendo diariamente o jornal. Somente um. Textos comprometidos com a verdade dos fatos e o não envolvimento com a dita grande mídia, de famílias ligadas ao poder e a oligarquias a infelicitar nossos povos. Virou vício, sadio, por sinal. É o tipo de leitura que me instiga, provoca e satisfaz. Essa minha história com esse vibrante diário. Ela continua.
Henrique Perazzi de Aquino, brasileiro, 51 anos, jornalista, pequeno comerciante e professor de História*
* Envio esse texto para a edição dos 25 anos do Página 12, onde o que vale é possuir uma história de envolvimento com o jornal, um dos mais lúcidos da América Latina. Eu tenho uma e faço questão de contá-la, pois tem a minha e a cara do amigo que comigo lá esteve, o Marcos Paulo. Essa é a imprensa que respeito, leio, divulgo e trago para dentro de minha casa.
* Envio esse texto para a edição dos 25 anos do Página 12, onde o que vale é possuir uma história de envolvimento com o jornal, um dos mais lúcidos da América Latina. Eu tenho uma e faço questão de contá-la, pois tem a minha e a cara do amigo que comigo lá esteve, o Marcos Paulo. Essa é a imprensa que respeito, leio, divulgo e trago para dentro de minha casa.
HENRIQUE
ResponderExcluirAlgo preocupante hoje, meu caro amigo é a saúde do presidente Chávez, que está novamente em Cuba e na véspera de uma difícil eleição, talvez a mais delas, pois nesses período todo não soube construir um sucessor a altura e está tendo que, mesmo doente, enfrentar esse período eleitoral, para não ver acontecer no país um retrocesso nas conquistas que o povo teve. Tarefa difícil. Quando te leio reconhecenbo em Chávez um grande líder, fico feliz. Imagino a loucura dessa sua viagem com o Marcos e o espanto na cara de muitos quanto lá te viram, não para fazer turismo, mas para reverenciar um grande líder latino americano. Chávez é um forte e temos que continuar apostando nele nossas fichas. É um bravo como Fidel e Bolívar, que ele reverencia.
Pasqual, RJ
Bloguismo e jornalismo
ResponderExcluirSegundo o jornalistaBob Fernandes (vide link abaixo), na internet o julgamento acerca dos assuntosem voga dispensa o concurso de provas, já que se condena e se absolve quemquiser, bastando para isto a opinião e as preferências de cada um. Exatamentecomo acontece em praticamente toda a mídia...
Muito oportuna estareflexão, já que dá voz àquilo que pressentíamos, a saber, que não há umadistinção de natureza entre o que os profissionais da mídia noticiam e que osamadores da internet veiculam. O achismo que pulula na internet é da mesma laiado que é produzido pela mídia.
A internet nos fezeste grande favor ao retirar, por comparação, a falsa aura de profissionalismoque encobria a imprensa. Blogueiros avant lalettre, eis o que sempre foram, em geral, os jornalistas.
Digo isto ciente deque faço uma injustiça com os blogueiros, porque muitos deles expressam apenasa própria opinião, ao passo que muitos jornalistas não são mais que ventrílocosdos interesses de seus patrões.
Cada internauta é hojeum blogueiro em potencial. A quebra do monopólio da mídia na produção deopinião está com seus dias contados. A inflação de opiniões talvez provoque ademanda por considerações baseadas não apenas em achismos. Istoseria, caso se verifique, um tremendo avanço...
http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2012/05/08/o-brasil-vai-ou-nao-vai-investigar-a-sua-midia/
postado por Pasqual - RJ