CENA BAURUENSE (97)
DOMINGO NA FEIRA DO ROLO E ADJACÊNCIAS – TURMA DE BAIXO
Bauru tem um time de colunistas especializados em relatar os acontecimentos do lado de cima da cidade, ou seja, o lado onde ela é mais bela, o asfalto é constantemente retocado, a limpeza não falha, o comércio é vistoso e as residências imponentes. Ali circula a grana e junto dele os que gostam de gravitar sempre nesse meio ululante. Não posso deixar de dizer que vou até alguns lugares por ali, sem remorso e ressentimento, mas confesso residir minha preferência num outro canto. Se lá e o lado de cima, prefiro os acontecimentos, os lugares e as pessoas do lado de cá, o debaixo. É sobre um desses recantos que produzo meu relato.
Domingo passado, 05/05, após permanecer três semanas sem bater cartão na Feira do Rolo, estava trêmulo, cheio de tiques e necessitado de recarregar energias perdidas. Fui só e o lugar escolhido, como sempre foi a Banca do Carioca, encravada no centro do lugar, bem defronte à Associação dos Aposentados. Não me canso de falar dali, dessa imensa pessoa que é o Carioca, o “comandante in chefe” do pedaço. Na chegada, Carioca não pode me ver, eu diz que irá buscar uma cervejinha. Dou minha contribuição e um emissário vai até o bar para abastecer os clientes numa ensolarada manhã dominical. Em que outro lugar alguém aí que me lê já teve o prazer de comer farofa, com miúdos de frango, num copo e sem colher. Imaginem a cena. Copo cheio de farofa e você virando-a goela abaixo como se fosse uma caipirinha.
Nessa semana tinha até um casal de alemão comprando LPs brasileiros, os velhos bolachões, ali revendidos a módicos preços, R$ 1,50 a unidade. Não saio sem comprar alguma coisa. Levo três LPs e um livro, o “Henfil na China”, edição do Círculo do Livro, pela bagatela de R$ 5 reais. O papo que flui ali te faz esquecer da vida, das agruras e de tudo o mais. O celular toca e me lembram que tinha que comprar verdura (deixei para o fim e ela acabou) e ir para casa almoçar. Íamos todos almoçar no Aldeia, comer bem e ouvir boa música. Caminhando para casa, reencontro na Julio Prestes, o Quico, primo do ex-jogador Afonsinho e ele vêm me dizer da estreia do parente como colunista de Carta Capital. Abro meu embornal e lhe mostro a revista. Tiramos fotos juntos e ele relembra dos tempos que jogava bola com o ex-craque no paralelepípedo no largo onde é hoje a Feira do Rolo. Mais a frente outra surpresa, Celso, lá do Terra Nossa, com uma antena parabólica amarrada em cima do carro. Havia ganho do Chico Maia, lá do gabinete da Prefeitura e estava indo montar no alto de sua casa lá pelas barrancas depois de Aymorés.
É disso que eu gosto. É com essa gente que gosto de estar. Bauru tem cura e salvação.
Eu te entendo. A vida parece fluir com todas suas preocupações, suas agruras, de uma forma mais intensa, sua simplicidade e loucuras nesse lado da cidade. A periferia é tudo.
ResponderExcluirAurora
Henrique
ResponderExcluirFarofa de copo. Essa é demais, hein meu caro. Mas tá valendo!!! O povo não tem luxo nenhum. Zeca Baleiro diz: "Se vc não pode ir de Nova York, vai de Madureira". E tocamos nossas vidas
LUZIA
Henrique
ResponderExcluirTudo bem, eu também gosto disso tudo, mas se eu queiser ir num bar tomar uma cerveja a noite na região central da cidade, não tem nenhum legal, onde possa ir tranquilo. No centro não tem. Na periferia sim, tem muitos e esse novo, que não sei se voce já foi, o Napoleão, lá na rua bernardino de Campos, bem na esquina daquele rua que dá acesso para o cemitério da Independência é muito legal. O Dr. Beer que vc escreveu outro dia aqui é também muito legal e vai promover o reencontro das irmãs Má e Paula Veloso,acho que dia 17 ou 18, agora de maio. Esse fica num outro ponto, lá dentro do posto na avenida Elias Miguel Maluf. Um dia você disse, acho que aqui, devo ter lido aqui, que faria um guia dos botequins de Bauru. desistiu da idéia? Se quiser vou em alguns contigo. Só vai dar periferia, a tal da zona de baixo que voce diz aí no seu escrito.
Alvarenga, acordando com vontade de cevada