SIN BARRERAS, OS ANJOS LATINOS NA ESPANHA
O Aeroporto de Barajas na Espanha é famoso por ser um dos maiores da Europa. Dentro de suas instalações, entre os setores de voos internacionais e nacionais uma espécie de mini metrô, criado para deslocar de forma rápida os passageiros em trânsito. Conhecer aquilo de longe, de ouvir falar é uma coisa e in loco, com pouco tempo para fazer uma conexão é outra. Diante do tamanho da obra de engenharia e da frieza do espanhol no trato com as informações precisas e cordiais, pode até pintar um desespero. Observar pessoas nessas condições, buscando informações e tentando a todo custo chegar ao destino pretendido é algo mais do que normal por lá, ainda mais porque é um dos que não informam os horários de partidas via sistema de som. Tudo só pelos painéis e a atenção deve ser redobrada, do contrário finda sendo um dos muitos sem voo espalhados em pânico pelas luxuosas instalações. Aí o sujeito se vê num verdadeiro mato sem cachorro.
Existem alguns privilegiados dentro dessa engrenagem toda. Em todos os aeroportos espanhóis vigora o funcionamento de um Serviço de Assistência a pessoas com incapacidade e mobilidade reduzida, bancado pelo Gobierno de España, através do seu Ministerio de Fomento e com a denominação de “SIN BARRERAS”, mantidos pela AENA (www.aena.es). O slogan é um alento para todos os que se encontram nas situações de atendimento: “Acortamos distancias – Acercamos
personas”. A passageira Darcy Soliva da Costa, 76 anos, carioca de nascença e paulistana há algum tempo precisou desses serviços e de sua constatação, algo a amainar a gélida recepção dos espanhóis para os turistas, mesmo o país estando com as portas mais do que escancaradas adentrando o time dos países em crise na Europa. “O pessoal do Sem Barreiras são uns anjos. Encurtam os caminhos, dão calor humano e atuam conosco como se fossemos uma missão a ser cumprida, a de ter que embarcar com segurança e presteza o cadeirante. E mais, são todos latinos”, começa seu relato.
personas”. A passageira Darcy Soliva da Costa, 76 anos, carioca de nascença e paulistana há algum tempo precisou desses serviços e de sua constatação, algo a amainar a gélida recepção dos espanhóis para os turistas, mesmo o país estando com as portas mais do que escancaradas adentrando o time dos países em crise na Europa. “O pessoal do Sem Barreiras são uns anjos. Encurtam os caminhos, dão calor humano e atuam conosco como se fossemos uma missão a ser cumprida, a de ter que embarcar com segurança e presteza o cadeirante. E mais, são todos latinos”, começa seu relato.
Darcy embarcou para Madri, com destino final Barcelona e chegou em Barajas no início do penúltimo domingo de abril, acompanhada da filha e do genro. Não esperavam problemas para ingresso no país, mas nada sabiam dos meandros do aeroporto e com o atraso do voo de chegada, viram encurtado o seu tempo de permanência ali. Espanto inicial com um desses anjos já na saída da aeronave e com
a missão de levá-la, somente com um acompanhante para o local exato de seu outro embarque. “Foi tudo muito rápido. Sabia que teríamos pouco tempo e um deles levou-me rapidamente para o trâmite de entrada no país, para o trem, de lá um sobe e desce de elevadores, algo inimaginável para mim. Voei por tudo, sem ter tido tempo de me ater a nada. Meu genro pode ficar ao meu lado e minha filha foi conhecer a frieza de enfrentar tudo pelas vias da normalidade. Puxei conversa e o descobri porto-riquenho, morando na Espanha
há dez anos e fui entender que teria privilégios facilitadores em todos os aeroportos espanhóis”, revela Darcy, meio que encantada pelo que viu nesses e nos demais encontros com os “amarelinhos” (devido ao fardamento dessa cor, padrão no Sin Barreras).
a missão de levá-la, somente com um acompanhante para o local exato de seu outro embarque. “Foi tudo muito rápido. Sabia que teríamos pouco tempo e um deles levou-me rapidamente para o trâmite de entrada no país, para o trem, de lá um sobe e desce de elevadores, algo inimaginável para mim. Voei por tudo, sem ter tido tempo de me ater a nada. Meu genro pode ficar ao meu lado e minha filha foi conhecer a frieza de enfrentar tudo pelas vias da normalidade. Puxei conversa e o descobri porto-riquenho, morando na Espanha
há dez anos e fui entender que teria privilégios facilitadores em todos os aeroportos espanhóis”, revela Darcy, meio que encantada pelo que viu nesses e nos demais encontros com os “amarelinhos” (devido ao fardamento dessa cor, padrão no Sin Barreras).
O enquadramento de Darcy para o atendimento é pelo fato da dificuldade de locomoção. Ela anda com bengala, mas teria problemas mil de locomoção, tanto que trouxe sua própria cadeira de rodas, uma ideia para todos poderem aproveitar melhor as andanças que viriam pela frente. Na chegada em Barcelona, quase na hora do almoço de domingo, já a esperavam na saída da aeronave. “Uma mulher de meia idade estava à minha espera e com ela deslizamos pelo aeroporto. Meu genro ia perguntando os detalhes que já interessava a todos nós, a procedência de cada um. Batata, todos eram latinos
e constituem uma espécie de família, algo a agasalhar, um porto seguro para o necessitado. Não são de falar muito. Respondem quando lhes perguntamos, afinal éramos todos latinos e algo fiz questão de tomar conhecimento. Pergunto sobre cidadania, qual nacionalidade é mais duro com eles. A resposta não me assusta nem um pouco: o espanhol”, continua seu relato.
e constituem uma espécie de família, algo a agasalhar, um porto seguro para o necessitado. Não são de falar muito. Respondem quando lhes perguntamos, afinal éramos todos latinos e algo fiz questão de tomar conhecimento. Pergunto sobre cidadania, qual nacionalidade é mais duro com eles. A resposta não me assusta nem um pouco: o espanhol”, continua seu relato.
Foram alguns dias em Barcelona e como passariam dois dias em Madri, cientes de que para terem o atendimento teriam que comunicar com 48h de antecedência a solicitação do atendimento. Feito isso, tanto na ida como na volta, sempre o Sin Barreras presente. Darcy emociona-se com o que ouviu: “Não é difícil descobrir que na Espanha e deve ser assim em quase toda a Europa, todas as profissões pesadas, consideradas subalternas são feitas por estrangeiros, na sua maioria latinos e alguns poucos africanos. Ouvi relatos doídos de gente que ganhava salários ínfimos nos seus países e vieram em busca de um sonho. Ralam muito, porém ganham o suficiente para manter dignamente a família e até guardar e ajudar os do outro lado do oceano. Não só nos aeroportos, mas nos balcões de bares, taxis, camareiras, garçons, atendentes variados, porteiros, balconistas de supermercados, empacotadores, todos latinos. Equatorianos, peruanos (esses os mais encontrados), guatemaltecos, uruguaios, dominicanos, colombianos, panamenhos e muitos brasileiros. Não tem como não se emocionar com a forma dedicada como nos atendem e como estaríamos perdidos sem a presença humana e solidária deles a nos amparar”.
O encantamento por ser tão bem atendida é explicado no folheto distribuído pelo serviço do Sin Barreras: “Em cumprimento do Regulamento do Parlamento Europeu, se põe em marcha em todos os aeroportos europeus um serviço de atenção aos passageiros com mobilidade reduzida”. Até aí tudo bem, entendível e o constatado supera as expectativas. A emoção é pelo relato e no contato com cada um, cada história de vida e algo mais, retirado como lição nesses momentos: “O menos favorecido é o que mais te ajuda nos momentos de dificuldade. Experimente parar um engravatado na correria dos aeroportos e verás a frieza e rapidez na informação. Esses amarelinhos são abordados por todos e dão atenção generalizada. Não deixam
ninguém sem um direcionamento de conforto e isso se estende para tudo dentro do país. As melhores e mais preciosas informações sobre tudo o que necessitamos na viagem quem nos deu foram essas pessoas, as mais simples, sempre mais generosas”.
ninguém sem um direcionamento de conforto e isso se estende para tudo dentro do país. As melhores e mais preciosas informações sobre tudo o que necessitamos na viagem quem nos deu foram essas pessoas, as mais simples, sempre mais generosas”.
Na volta ao Brasil pela empresa Iberia, já na chegada a nítida diferença quando abordada por um funcionário tercerizado da empresa, que a levaria com a mesma função até a saída. “Foi de uma atenção também ótima, ele um nordestino, ainda esses a executarem no Brasil as funções lá destinadas aos latinos. A diferença é que aqui não são uniformizados, cada empresa possui sua equipe própria, tudo terceirizado e eles fazem de tudo, desde nos empurrar, separar malas extraviadas, acompanhar a saída delas pela esteira, resolver problemas na passagem dos
pertences pela Polícia Federal, atender reclamações e tudo mais o que acontecer no desembarque. E vi só um para fazer tudo isso no Brasil. Nítida a diferença, mas uma semelhança também nítida nos mesmos desprovidos de lá a nos atender aqui. O de lá latino, o de cá nordestino. E a constatação já feita anteriormente, a de que obtenho as melhores e mais confiáveis informações com esses, os que realmente parecem se sensibilizar com o ser humano. Reforço que vi nos a atuarem no Sem Barreiras como portadores de uma missão e só respiram quando a cumprem. Eles ouviram a minha história e me trataram dignamente. Faço questão de retribuir contando um pouco a deles com o pouco que conheci”.
pertences pela Polícia Federal, atender reclamações e tudo mais o que acontecer no desembarque. E vi só um para fazer tudo isso no Brasil. Nítida a diferença, mas uma semelhança também nítida nos mesmos desprovidos de lá a nos atender aqui. O de lá latino, o de cá nordestino. E a constatação já feita anteriormente, a de que obtenho as melhores e mais confiáveis informações com esses, os que realmente parecem se sensibilizar com o ser humano. Reforço que vi nos a atuarem no Sem Barreiras como portadores de uma missão e só respiram quando a cumprem. Eles ouviram a minha história e me trataram dignamente. Faço questão de retribuir contando um pouco a deles com o pouco que conheci”.
Prezado amigo ,
ResponderExcluirGostei do cometário, embora esteja muito p.... com o tratamento espanhol dado aos nossos patrícios. Reservas a parte, os bons exemplos tem que ser imitados, ainda mais sabendo que em 14 seremos sede de um mega evento, não é?
Gostei de ver a turista DARCI com seu chapeuzinho a passear pela área do aeroporto, sendo conduzida por uma agente social. Prova que o serviço de assistência funciona.
No mais, um grande abraço e aguardo notícias de quando aparecerá por aqui.
dos amigos cariocas
Paulo Humberto Loureiro e Roseli
Henrique
ResponderExcluirEsses latinos são mesmo uns fortes. Vão em busca de melhores condições pelo planeta todo. Sem medo de cara feia.
Alvarenga