quarta-feira, 13 de junho de 2012

FRASE - GILETE PRESS (91)
DOS ERROS PARA OS ACERTOS E O RESCALDO DE UM FESTIVAL QUE PASSOU POR BAURU COMO VENTO
Eu erro muito e insisto em continuar fazendo. Errando e fazendo. Ontem publiquei aqui no blog meu texto diário e cheio deles. Quando me dei conta fiz correções (as continuarei fazendo a cada releitura). Como havia enviado o texto para lista de considerados, preferi enviar desculpas pelo excesso de escritos mal construídos. De um deles recebi uma resposta divinal. Malu Salgado, que mal conheço, escreve nos Comentários do texto: “Suas correções no blog me fez lembrar o Patativa do Assaré, que disse que É MELHOR ESCREVER ERRADO A COISA CERTA DO QUE ESCREVER CERTO A COISA ERRADA”. Fiquei lisonjeado e explico que, continuarei errando, pois esse blog é produto mais dos meus erros, que acertos. Tento mantê-lo como posso, aos trancos e barrancos.
Mas como comecei escrevinhando sobre erros, discorro um pouco mais sobre eles. Só erra quem tenta, quem põe a cara para bater, quem insiste, quem não tem medo de dizer o que está encruado dentro de si, quem dá passos em falso, quem se arrisca a atravessar pelo fio de arame diante de um imenso precipício e quem quer transformar esse estado de coisas letárgicas à nossa volta. Domingo, 10/06 terminou o II Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Bauru, realização de dois malucos, “erradores” (sic) contumazes, mas sempre propondo o algo novo, o benfazejo dessa cidade, que na maioria das vezes não reconhece lhufas do que foi proposto. Insistir é preciso, pois precisamos mostrar que a saída não é só ouvir e ver porcariada como se fossem maravilhas culturais. Eu aplaudo de pé quem erra com o intuito de acertar. Esse casal fez e quando fazem sem estarem inseridos no contexto bestial proposto pelo "mainstream" (comunicação de massa, pecam somente pela falta de algo inerente a muitos, recursos financeiros. Só isso. É um querer fazer sem muito caixa. Fazer tudo na raça. Mas fazemos.

Deixa-me expor aqui algo mais desse Festival. Mais duas coisinhas. No domingo pela manhã um show a reunir dois músicos do além-mar, o SIMÃO FÉLIX da Guiné-Bissau e o catalão TONY DALMAU no “Baga Baga Group”. O primeiro no vocal e cordas e o segundo na percussão, tocando de tudo um pouco. O show, pouco divulgado, por sinal, foi no quintal da Oficina Cultural Glauco Pinto de Moraes, 10h e contou com pouco menos de 50 pessoas. Foi contagiante, mas faltou gente. São experiências que dificilmente teremos oportunidade de ver juntas aqui por Bauru novamente. Uma música diferente, uma linguagem diferente e algo diferente de tudo o que conhecemos. Deem uma acessada no www.myspace.com/simaofelix e depois me contem. Depois todos foram almoçar, músicos e atores do Festival, no Bar do Baiano (queridíssimo), também conhecido como Barracão, lá no Geisel. Festim inebriante. 
Depois, 17h, do mesmo domingo o encerramento do Festival com a última apresentação do curitibano HÉLIO LEITES e depois o espetáculo do Teatro de La Plaza, da Argentina com dois artistas de grande monta, o MIGUEL NIGRO no palco com uma infinidade de bonecos e nos bastidores, a retaguarda com HÉCTOR LOPEZ GIRONDO. “Mago por casualidade” é o nome do show de magia, bonecos e teatro, tudo junto e misturado. Foi pouco menos de uma hora sem respirar, com a atenção toda voltada para o palco e para genialidade de misturar bonecos com eletricidade. Fez-se a luz e tudo parecia ter vida. E tinha. Melhor que tudo é você ter a possibilidade de conviver com todos esses artistas, gente do mundo e conhecer um pouquinho mais dos bastidores do que estavam apresentando. No encerramento, todos os que ainda estavam por aqui sobem ao palco e umbelo momento para não ser mais esquecido. Reverenciar quem faz (e bem feito).
Eu vibro com tudo isso. Percebo o
esforço de cada pessoa envolvido na bela realização. O empenho de muitos e o pouco casoainda de uns poucos, que continuam agindo de forma errada no lugar certo (toc toc toc). Erros, já que os citei, termino tudo com algo sobre eles. O grande erro é isso tudo não atingir às massas, não chegar aonde deveria chegar, não atingir o clímax com uma multidão buscando ingressos para presenciar algo de grande valor. Erros, erros, erros, mas se desistirmos de insistir na promoção disso, aí sim, o ruim tomará conta de tudo e estaremos num mato sem cachorro. Fiquem com as intensas fotos que tirei ao longo desses dias todos e curtam um pouco do que perderam por não terem encontrado um tempinho em suas lotadas agendas para estarem junto desses “erradores” todos.
OBS: Deixa eu voar baixo, pois hoje tem B-Negão e Os Seletores de Frequência, inovadores e ousados, lá no SESC, 21h e com entrada gratuita.

Um comentário:

  1. Henrique

    Entenda uma coisa. Produzir cultura é uma coisa e fazê-la chegar aonde o povo está é outra. Quem chega aonde o povo está hoje é a TV e ela já o induziu a gostar de outra coisa. A reprodução diária, ininterrupta de porcaria fez a massa gostar disso. Gostar disso, como o citado aqui é tarefa para poucos, pois não está dentro dos veículos que a massa vê como a sua transmissora de cultura. Pode até gostar, mas sair de suas casas para ver é bem diferente. Como mudar isso, aí sim o buraco é mais embaixo. Você tocou nisso outro dia no seu artigo do Bom Dia. São forças tão poderosas que impedem uma mudança, que nem sei por onde começar.

    Daniel

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