MEMÓRIA ORAL (122)
O PÃO FAZ TODA A DIFERENÇA
Atrás de um pão gostoso ocorrem verdadeiras viagens. De nada adianta uma vistosa padaria perto de casa se o pão é ruim. Nessas ocasiões até é tentado uma conciliação, as facilidades de se ter tudo ali perto, mas comer pão esfarelando e de gosto duvidoso é ruim demais. Conto aqui duas histórias a envolver pães, padarias e pessoas que gostam de consumir um bem feito e não ligam nem um pouco em ir buscá-lo onde isso ocorre, afinal, nada melhor do que consumir um crocante, saboroso e a satisfazer requintados paladares.
Paulo Betti é um ator dos mais consagrados no Brasil e sorocabano de quatro costados. Em todos os retornos para sua cidade natal, como a ocorrida no mês passado para apresentação da peça “A Tartaruga de Darwin” algo que não abre mão é o retorno para uma padaria considerada por ele um primor. “Vocês precisam conhecer esse lugar. O pão deles é refinado, tem cada um mais gostoso que o outro. Sabem fazer e o apresentam como numa boutique, com refino. E o lugar é diferenciado, pode-se comprar e saborear tudo ao mesmo tempo, ao lado de um café. Quer melhor bate papo que esse, com um pão bem feito, café e rodeado de uma boa conversa. E um justo preço", disse.
Ele se referia a uma das mais conceituadas padarias de Sorocaba, a Real (www.padariareal.com.br), em funcionamento desde 1957, com três endereços, sendo o mais famoso o central. Naquele dia, 16/05, após a peça reuniu atores, artífices do teatro e amigos levando todos para conhecer o tão propalado lugar. Mesmo quase fechando pelo adiantado da hora, foi ótimo vê-lo descrever com exatidão os pães provados, o sabor de cada um, o lugar dedicado a cada tipo no balcão e de como se sentia bem num lugar como esse. Paulo não é diferente de uma legião de gente a buscar pães até em distantes lugares. “O pão faz toda a diferença”, ouvi de um a acompanhá-lo naquela noite.
Ele se referia a uma das mais conceituadas padarias de Sorocaba, a Real (www.padariareal.com.br), em funcionamento desde 1957, com três endereços, sendo o mais famoso o central. Naquele dia, 16/05, após a peça reuniu atores, artífices do teatro e amigos levando todos para conhecer o tão propalado lugar. Mesmo quase fechando pelo adiantado da hora, foi ótimo vê-lo descrever com exatidão os pães provados, o sabor de cada um, o lugar dedicado a cada tipo no balcão e de como se sentia bem num lugar como esse. Paulo não é diferente de uma legião de gente a buscar pães até em distantes lugares. “O pão faz toda a diferença”, ouvi de um a acompanhá-lo naquela noite.
Em Bauru existem infinidades de padarias, umas com requinte mais do que comprovado, outras tantas embutidas dentro de supermercados e as espalhadas bairros afora. Dizem serem mais de duzentas. Pão é o que não falta, como em todo lugar e o relato a seguir é uma história de uma modesta padaria, uma que não se modernizou com o passar do tempo, “deixando a vida lhe levar”, mas não abriu mão do refino no pão francês, o do dia-a-dia. Poderia escrever de tantas outras, mas a “Delícia Pura”, localizada na esquina da quadra três da rua XV de Novembro, centro velho de Bauru cai como uma luva para a intenção desse texto: o pão é tudo e sem um bom produto, nada de uma boa padaria. O lugar pode não ser requintado, mas tendo pão de boa qualidade, o cliente descobre isso e passa a bater cartão.
Joaquim Alvarez, 69 anos, natural de Chavantes, veio para Bauru ainda menino. Bancário, aposentado em 1992 tinha que continuar trabalhando e mesmo querendo comprar um caminhão, acabou atrás de um balcão e de uma padaria. Sempre no mesmo lugar, a inauguração foi no mesmo ano, exatos vinte anos atrás, primeiro com um sobrinho, mas três meses depois sozinho, ou seja, ele e a esposa, Ignez Amorim, 69 anos e uma espécie de faz tudo no estabelecimento. “Nesse tempo acho que mudei uns quatro padeiros. Mudo mais um agora, mas a receita continua a mesma, sempre. Beirando os 70 anos não tenho mais pique para inovar, nem para novos investimentos. Meu casal de filhos não quer saber disso, estão em outra. Continuo fazendo pão e o que me move são as pessoas que elogiam o que faço”, diz.
A Delícia Pura possui um diferencial nesse mar de padarias, ela é considerada por muitos como a que faz o melhor pão de Bauru. Elogios não lhe faltam. “Eu ouço essa história todos os dias. Isso me dá força. Vem gente aqui do Jardim América, Falcão, Pagani, Geisel e de tantos outros distantes bairros. Eles voltam e é até chato eu falar nisso, mas me dizem que faço o melhor pão de Bauru. Quando me perguntam sobre o que faço de diferente a resposta é: amor e carinho. Essa receita atual é antiga e a descobri uns quatro meses depois que abri a padaria. Num domingo estava fazendo pão e resolvi mudar, fiz alguns experimentos e deu certo. Não mudei mais. Só não posso falar sobre o tal segredo, pois aí entrego o ouro para o bandido”, continua seu relato.
A receita é segredo a sete chaves, mas o gosto é inigualável. Uma espécie de farinha, um pó por cima da casca superior e a maciez da massa. Famosa a história dos que passam por ali regularmente para levar pães, desvios de rotas após o trabalho, tudo para pegar uma fornada quentinha, dentre as muitas a saírem durante o dia. “Passou um senhor aqui meses atrás e comprou 50 pães dizendo que a sobrinha só comia o daqui e hoje mora no Japão, morria de vontade de comê-lo novamente. Deve ter enviado alguns a ela”, me diz. Histórias como essa ele tem muitas, como a do bar Saudosa Maloca, que diariamente busca quarenta, num formato mais esticado e pouco mais pesado. “A receita não se perde com o tempo, se parar com tudo, passo para quem ficar no meu lugar. Um outro sobrinho, em São José do Rio Preto, dono da Trigoarte faz o pão com a minha receita e o sucesso dele é a minha felicidade”, concluir.
A receita é segredo a sete chaves, mas o gosto é inigualável. Uma espécie de farinha, um pó por cima da casca superior e a maciez da massa. Famosa a história dos que passam por ali regularmente para levar pães, desvios de rotas após o trabalho, tudo para pegar uma fornada quentinha, dentre as muitas a saírem durante o dia. “Passou um senhor aqui meses atrás e comprou 50 pães dizendo que a sobrinha só comia o daqui e hoje mora no Japão, morria de vontade de comê-lo novamente. Deve ter enviado alguns a ela”, me diz. Histórias como essa ele tem muitas, como a do bar Saudosa Maloca, que diariamente busca quarenta, num formato mais esticado e pouco mais pesado. “A receita não se perde com o tempo, se parar com tudo, passo para quem ficar no meu lugar. Um outro sobrinho, em São José do Rio Preto, dono da Trigoarte faz o pão com a minha receita e o sucesso dele é a minha felicidade”, concluir.
Os balcões não são lotados de produtos, existem muitos vazios e os móveis não são os lançamentos atuais. Faz questão de me mostrar uma foto do letreiro, feito quatro anos atrás, desbotado, mas ainda muito útil. “Desde que abri não tiro férias. Isso cansa, mesmo com os elogios todos. Abro das 6h30 às 20h de segunda a sábado e nos domingos fico até umas 13h. Fico na minha, me dizem fechadão, mas recebo
bem as brincadeiras, como as do que passam de carro aqui pela frente gritando: ‘Ô queima-rosca’. Todo padeiro é queima-rosca, nosso ofício”. Quando lhe pergunto quantos pães faz por dia, foge e responde: “Outro segredo. Tenho pouco relacionamento com donos de outras padarias, mas nem que tivesse tem coisas que não se deve falar”. E para encerrar um relato sobre seu jeito de ser. Na primeira interpelada sobre esse texto, disse que falaria, mas deixou claro uma espécie de denúncia a uma prática de muitos: “Não vou ter que te dar nada em troca, né?”. Não queria nem mesmo um mero pão, mas na hora de pagar o meu (pois também levei alguns para casa), não teve jeito, Ignez fechou o caixa e me disse para provar. “Esse é para pegar gosto pela coisa, para se viciar. Paga só desse em diante” e encerra o assunto. Viciei.
bem as brincadeiras, como as do que passam de carro aqui pela frente gritando: ‘Ô queima-rosca’. Todo padeiro é queima-rosca, nosso ofício”. Quando lhe pergunto quantos pães faz por dia, foge e responde: “Outro segredo. Tenho pouco relacionamento com donos de outras padarias, mas nem que tivesse tem coisas que não se deve falar”. E para encerrar um relato sobre seu jeito de ser. Na primeira interpelada sobre esse texto, disse que falaria, mas deixou claro uma espécie de denúncia a uma prática de muitos: “Não vou ter que te dar nada em troca, né?”. Não queria nem mesmo um mero pão, mas na hora de pagar o meu (pois também levei alguns para casa), não teve jeito, Ignez fechou o caixa e me disse para provar. “Esse é para pegar gosto pela coisa, para se viciar. Paga só desse em diante” e encerra o assunto. Viciei.
Henrique
ResponderExcluirFaltou desancar o pau nos supermercados, os que hoje fazem o que antigamente as padarias faziam, fazem o que antes os açougues faziam e por pouco não fazem também o que as farmácias faziam. Esses, principalmente os grandões de fora do país exterminaram com os pequenos comerciantes, os daqui e os da região. Só faltou isso. Adoro padarias e pães bem feitos. Aqui na região de Prudente já descobri a minha.
Paulo Lima
esse mafuento artigo me fez lembrar daquele vereador demagogo que levou um pão com bromato de potássio até a tribuna da camara e lá esfarelou-o
ResponderExcluirlazaro carneiro.
Henrique, tudo bem?
ResponderExcluirSuas correções no blog me fez lembrar o Patativa do Assaré, que disse que "é melhor escrever errado a coisa certa do que escrever certo a coisa errada.."
Bj
Malu Salgado
Malu e meus caros e caras que ainda me lêem por aqui:
ResponderExcluirO que a Malu escreveu foi motivado por ter postado ontem à noite, na correria o texto do blog e logo a seguir ter enviado para uma lista de amigos e considerados. Depois quando fui ver, haviam erros horrorosos na composição do mesmo. Envergonhado, hoje pela manhã reescrevi algumas partes diretamente no blog, tornando-o mais palatável e enviei esse texto para todos via e-mail:
"RETORNO AO ASSUNTO DESSE TEXTO A TODOS QUE O RECEBERAM POR UM MOTIVO: Esse blog é sempre escrito muito na pressa (mantenho um texto por dia) e na correria ocorrem erros grosseiros na escrita (o portugues é mesmo difícil). Depois vou sempre corrigindo os errinhos diretamente no blog. Dessa feita foram muitos. O original lá no www.mafuadohpa.blogspot.com já apresenta uma versão mais palatável. Peço desculpa a todos e informo que quando verificarem muitos errinhos, me dêem um desconto e tenham a certeza de que na sequência estarei tentando corrigi-los durante a leitura que vou refazendo. Um abracito do Henrique Perazzi de Aquino - o HPA"
A pressa e o desejo de tentar continuar mantendo pelo menos a publicação de um único texto dia me faz fazer loucuras. Quando forem notando textos com alterações é isso, li e achei melhor fazer uma correção.
Mas vamos falar de pão e de padaria, esse o assunto do dia
Viva a DELÍCIA PURA!!!!
Henrique - direto do blog
Henrique
ResponderExcluirAqui no Gasparini tem a padaria Roma, do João, desde que abriu o bairro e o pão que ele faz é uma benção. Vc morou aqui e sabe disso. Ele varia no pão, faz além daquele normal, vários tipos, inovações. Já fez de cenoura, beterraba e com preços que todos podem pagar sem susto. Aqui tem outra padaria, que durante um tempo acertou e fazia um pão que caiu no gosto de todos, mas depois na mudança de dono, piorou outra vez. A padaria do supermercado Granel também a mesma coisa. Coisa de um ano atrás tinha um pão que todos iam lá só para buscar ele, mas hoje ninguém mais quer saber de comprar pão lá. É o padeiro, a forma de fazer e a receita. O João não muda, o da Roma é uma maravilha. Comer um pão gostoso é tudo mesmo de tudo bom. Por aqui estamos bem, mas não digo que não provarei o indicado por voce como o melhor de Bauru.
Donizeti
Quem quiser texto perfeito que o faça ! Criticar é fácil por demais. Publiquem um blogo todos os dias. Vai ser uma experiêcia boa.
ResponderExcluirhenrique
ResponderExcluirforam muito bons os pães compartilhados com o paulo e com a cristina em sorocaba. quem dera ter uma padaria tão bacana por aqui..... e, a copacabana que nem abre aos domingos? lembro ainda do pão feito pela querida valentina - atual rainha da diversidade - no posto santa bárbara. sempre quentinho e gostoso. a santa fé ainda passa. sobre as mais longes de minha casa - no geisel ou no gasparini - não posso falar. muito embora tenha tomado lanche com alunos no geisel numa muito boa. só a rose barrenha pode dizer direito qual é o nome. pão é alimento primiordial. vale a continuação. .
beijo da ana bia
henrique
ResponderExcluirforam muito bons os pães compartilhados com o paulo e com a cristina em sorocaba. quem dera ter uma padaria tão bacana por aqui..... e, a copacabana que nem abre aos domingos? lembro ainda do pão feito pela querida valentina - atual rainha da diversidade - no posto santa bárbara. sempre quentinho e gostoso. a santa fé ainda passa. sobre as mais longes de minha casa - no geisel ou no gasparini - não posso falar. muito embora tenha tomado lanche com alunos no geisel numa muito boa. só a rose barrenha pode dizer direito qual é o nome. pão é alimento primiordial. vale a continuação. .
beijo da ana bia
Sou amante de um delicioso pão crocante!
ResponderExcluirAdorei o texto e as informações contidas,me vi aos domingos pela manhã andando quilometros para comer um pão delicioso,Nem sempre vou a Delícia Pura,mas concordo plenamente.
Suzi Silva - Apeoesp
O pão é bom mas o véio é muito trouxa! chato pra caralho (com o perdão da palavra) mas vé ter mal humor assim lá na pqp!
ResponderExcluirFaço a defesa do Véio, como disse o ANÔNIMO aí de cima:
ResponderExcluirNão é mal humor não. É só falta de conhecê-lo melhor. Ele mesmo brinca com isso. Fiquei alguns poucos momentos papeando com ele para produzir esse texto e ele me disse que alguns o acham chato, mas que isso é coisa de cada um. É só mais quieto. Ótimo sujeito e um fazedor de pães como poucos. Tente conversar mais, um papo além da relação comercial e descobrirá uma ótima pessoa humana, como o descobri.
Henrique - direto do mafuá
prezado amigo,
ResponderExcluiro seu relato, muito interessante por sinal, faz com que lhe diga que por aqui na Muda, altos da Tijuca, pelo menos no meu bairro, não existe uma sequer, que possa ser apontada. Dentre as menos ruins está a de um supermercado novo, um tanto distante e contra-mão.
Infelizmente, esse artefato do prazer (o comer um bom pão francês) entre outros só tenho a oportunidade quando vou a Icaraí na casa de uma prima, onde lá existe a MELHOR padaria da cidade, de nome VITÓRIA. ESSA SIM DÁ PRAZER de gastar seu dinheiro. É um mundo de pães, uns mais gostosos e bonitos que outros, uma verdadeira orgia gastronômica.
Esse é um dos mais difíceis ofícios, colocar a mão na massa com muito amor e dedicação. Ciosa rara hoje em dia.
Abraços cariocas,
Paulo Humberto Loureiro
Pra vc, em hoenagem ao Post!
ResponderExcluirhttp://www.google.nl/search?hl=nl&rlz=1T4SKPT_nlNL433NL434&q=brood&um=1&ie=UTF-8&tbm=isch&source=og&sa=N&tab=wi&ei=PK7ZT7uvKqif0QWllJ2WBA&biw=1120&bih=493&sei=QK7ZT66WDNKV0QW-zNWEBA
Bjs da Holanda!
Marcia Nuriah
sempre que passo por ali, vejo esse senhor atrás do balcão, seja a hora que for ele está lá. luzes meio apagadas, balcões semi-vazios, sem muita cor, vizinhança vazia, localização que pode ser perigosa, um ar decadente e melancólico... sempre passo rápido de carro e nunca vi um freguês lá dentro, daí fico me perguntando como ele consegue sobreviver. descobri agora... acho que não vou mais olhar com pena pela janela do carro. quem sabe um dia até paro pra comprar um pãozinho.
ResponderExcluirHenrique, bom dia!
ResponderExcluirConcordo com o que disse ao outro amigo anônimo sobre o Sr Joaquim, ele aparenta ser chato, mas prá quem arrisca uns minutinhos de papo com ele descobre logo que é um cara bacana, porém, prá ser comerciante entendo que a pessoa tenha que ser, ainda que, aparentemente o mais agradável possível, isso cativa a clientela. Agora, chata prá cacete é esposa do Sr Joaquim..ah isso eu assino embaixo, pois já tentei de todo jeito e nunca consegui encontraraquela mulher com um semblante no mínimo de bom humor, e mal educada, como já foi comigo. Moro cerca de 5 quadras da padaria e um dia entrei, fiz meu pedido como de costume e perguntei quanto custava o Kg do pão francês, o "bicho" só faltou pular o balcão e me devorar, e ainda me disse com aquela cara de emburrada: "O Sr vem todo dia aqui, porque está perguntando agora o preço do KG", como se fosse proibido, ou pior, como se não fosse um direito meu. Nunca mais comprei pão lá. Se prá ela não faz falta um cliente, para mim que tenho a opção de duas padarias e de pelo menos 2 Supermercador perto de casa, també, não me faz falta nenhuma comprar meus pães lá, Porém, dúvido que eu tenha sido o único cliente que deixou de fequentar lá por conta dessa senhora.
Abraços!