segunda-feira, 22 de outubro de 2012

ALFINETADA (102)*
DUAS ATUANTES PESSOAS NA QUESTÃO DA TERRA EM PIRAJUÍ
Mesmo escrevendo da vizinha Bauru, como publico aí n’O Alfinete desde áureos tempos, sempre busco produzir um texto ou outro com temais sobre Pirajuí. Dou minhas estocadas, faço meus elogios e comento de pessoas que vou conhecendo pelos caminhos da vida. No mês passado conheci duas delas e confesso, fiquei surpreendido com o que fazem e onde atuam. Trata-se de Pedro Gomes, 51 anos e Sandro Lopes, 40, ambos militantes do MST – Movimento dos Sem Terra e atuando junto ao Assentamento Vitória, localizado em Pirajuí.
Pedro, o com mais idade, preside a ASPRAVI – Associação dos Produtores Rurais do Assentamento Vitória e Sandro, dirige o Núcleo Urbano Esperança de Reforma Agrária, agrupando 520 famílias da região. De ambos ouço algo instigante sobre um novo momento na luta pela reforma agrária, da forma como é promovida pelo MST. “Hoje o MST não ocupa mais. É feito um cadastramento de necessidades, enviado ao Incra, eles vem conferir e todos aguardam numa fila. Isso para evitar a humilhação de ter que permanecer por períodos longos debaixo de uma lona e na beira de estradas”, conta Pedro.

“Esse novo momento é diferente de antes, pois sem uma luta mais arrojada, demora-se mais na obtenção da conquista da terra. A vantagem é que antes ficávamos tempo indeterminado acampados e quando a terra era conseguida chegava sem nenhuma infra estrutura. Hoje, a demora é quase a mesma, a quantidade é bem menor, mas quando a concessão da terra ocorre, ela nos chega com toda infra estrutura. Tudo tem seus prós e contras”, conta Sandro.

Bonito mesmo é conhecer o trabalho deles in locu, ou seja, visitar o Assentamento e o trabalho do Núcleo. É gente atuando em Pirajuí pelo bem estar de muitos, fazendo algo realmente de concreto para minimizar a pobreza nesse país. Além disso, termino com uma historinha da religiosidade que todos ainda possuem e professam ao seu modo e jeito. “Os padres de Pirajuí gostam muito de pessoas e as missas na cidade possuem em média 150 carros em volta da igreja. No acampamento vão pouco, padre Cido foi uma vez e quem vai mesmo é o Severino Leite Diniz, um com ligação umbilical com o homem do campo e suas necessidades. Se os daqui não vão lá, o de promissão, ligado à CPT (Comissão Pastoral da Terra) nos atende”, conta Sandro sobre como a igreja encara o movimento que move suas vidas.
* Esse texto saiu publicado no semanário O Alfinete, de Pirajuí SP, edição nº 708, de 20/10/2012. Nesse mês interrompo a publicação dos textos antigos lá publicados, três por mês, retornando com a série em novembro.

DICA: ESSA É SÓ PARA QUEM É TARADO POR LIVROS - Começa hoje e vai até dia 27/10 a 9º FEIRA DE TROCA DE LIVROS DO SENAC BAURU. O negócio é o seguinte, eles disponibilizam uma quantidade de livros, preferencialmente de literatura, em língua portuguesa, com o intuito de possibilitar a troca. Voce vai lá com um e traz o de sua preferência, sem pagar nada. Ouvi no rádio pela manhã, deixei alguns no carro já de sobreavisos e de cara encontrei cinco. Troquei na hora. Tem de tudo um pouco, mas quem vai nos primeiros dias sempre sai ganhando. Tenho mais cinco agora aqui na fila de espera. O Senac fica na Nações 10-22 e o horário é das 8 às 22h. Quem perder é a mulher do padre... Amenizando o texto lá de cima, assistam novamente um pequeno vídeo de Zezé Motta, cantando na USC, 20/10, no show "Divina Saudade".

9 comentários:

  1. Henrique
    Então quer dizer que nem o MST atua mais como antes. Não sabia disso e se voce tiver mais algum detalhe, escreva disso, por favor. Estão mais acomodados, até o MST. Perdi a fome.
    Aurora

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  2. Pois é Aurora, é de tirar a nossa fome não?? Onde começa a correr grana por trás a interesses políticos de manobra é isso que acontece.

    Mas tem pessoas ali que dá para trabalhar legal no sentido de dar uma consciência revolucionária, o Sandro Lopes mesmo, eu conversei com ele, e é totalmente favorável as invasões, coletivização da terras, agricultura organizada por um estado revolucionário e é a favor por entender ser a luta dessa forma como fez Che. Tem também a Lurdinha que é uma pessoa que tem uma capacidade enorme para absorver as coisas, esses são alguns dos exemplos em que podemos juntar para uma causa, agora que tem muito chupim ali no meio mordendo grana e se postando de bonzinhos, ah isso tem.

    Marcos Paulo
    Comunismo em Ação

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  3. Henrique
    Sem comentários o que postou do MST. Meus elogios foi para a voz sempre marcante de Zezé Motta, uma inequecível Chica da Silva. Lindona sempre.
    Daniel

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  4. Marcos Paulo vc deve até ser um cara legal mas defender invasões e um sanguinário como Che guevara faça mil favor hem?
    T.L

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  5. Eu sou um cara legal porque sou comunista e gosto de invasões, gosto do Che, Fidel e cia. Você é que é um idiota mesmo.

    Marcos Paulo
    Comunismo em Ação

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  6. Mas pera lá, me parece que nem o MST gosta mais de invasões, ou melhor, ocupações, pois ele ocupa terras devolutas. Sou como a Aurora e acho que o método antigo do MST era melhor, mais revolucionário. Hoje, pelo que vi fazendo tudo em parceria com o Incra, mais acomodado.
    Pasqual - RJ

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  7. Estranho mesmo esta colocação generalizada a respeito do MST e de suas ações. Não é a posição que vejo no MST através de seu coordenador nacional, João Pedro Stédile e aí pergunto: mudou o MST em todo o Brasil ou somente em nosso estado e até mesmo em nossa região? Acho interessante o articulista se aprofundar mais neste tema colocado e ouvir outros "lados" desta questão. Quanto a forma de se "consquistar" terras para a Reforma Agrária como esta sendo aí colocado me cheira a "algo" mais como especulação imobiliária do que uma pura e simples desapropriação com a finalidade de se estabelecer uma reforma agrária. Outra coisa, onde é que esta a humilhação em ficar debaixo de uma lona preta quando se está resistindo e lutando por um pedaço de terra para se ter uma vida digna?

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  8. caro Cássio:
    à primeira vista também me surpreendi, mas segundo o padre Severino, que entrevistei para um texto que estou tentando emplacar na Carta Capital, isso foi uma decisão do MST no seu último encontro e já está em prática. Depois te passo o texto, pois só vou reproduzir aqui no blog após a confirmação da revista se o publicará ou não. Tendo notícias sobre o tema me avise e também acho que não é vergonha nenhuma, nem humilhação fazer a conquista da terra debaixo de lona na beira de estradas.

    Um abracito do
    henrique - direto do mafuá

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  9. Prezado Henrique, veja o seguinte texto no link abaixo da pagina oficial do MST. Ele relata fatos ocorridos e que estão ocorrendo bem próximos de nós ou seja, nos mostra que o processo da reforma agrária tanto em nosso estado como de resto do país, esta sendo feito a passos de tartaruga e de forma bastante inoperante, isto sem falar das demarcações das terras indígenas que não conseguem andar e nem serem viabilizadas de nenhuma forma, fato este que envergonha profundamente nosso país perante o mundo todo. Se com pressão a coisa esta difícil imagina portante sem pressão! Só me leva a crer que algo não me cheira muito bem nisto ai não!
    abraços
    Cassio Cururu

    http://www.mst.org.br/Jornada-Estadual-de-Lutas-do-MST-em-Sao-Paulo-realiza-ocupacoes-e-marchas

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