sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

BAURU POR AÍ (78)

PERDEMOS O JOÃO CHAMADOIRA, PROFESSOR DOS BONS
Chego em Bauru de um viagem de quase uns 15 dias fora de minha aldeia. A primeira notícia que leio nos jornais é sobre uma morte. “Como é triste a morte”, leio essa frase na internet escrita pelo poeta Vitor Martinello. Ela foi proferida pelo passamento de uma pessoa, que mesmo não tão próximo, deixa imensa saudade. Escrever de alguém que se foi há algum tempo é uma coisa e sobre alguém que acaba de partir é outra, sentimento diferente, ainda pulsando. Todos deveriam estar preparados para a morte, diz um ditado, mas isso na prática não ocorre.

O professor JOÃO CHAMADOIRA morreu tragicamente num acidente automobilístico. Vinha de evento literário, com outros membros da ABL – Academia Bauruense de Letras. Imagino a cena, quatro ilustres escrevinhadores discutindo freneticamente sobre algo a envolver a literatura, livros, pensadores e descuidados, atravessaram uma movimenta pista. Isso de descuidos ocorre rotineiramente com todos os que amam ler e conversar e falar e por para fora o que gostam. Quando junto de outros nas mesmas condições, conversas mais do que possíveis, além das inimagináveis, passamos dos limites e não medimos as conseqüências. Quantas vezes não trombei com postes e cai em buracos ao ler andando nas ruas. Um descuido numa pista é algo muito mais forte, desses a causar algo muito além dos hematomas de um mero tombo. Nesse caso foi fatal, dos quatro (além dele, Joaquim Simões Filho - vice presidente ABL, José Perea Martins diretor-tesoureiro da ABL e Benedito Requena membro da ABL), o forte choque ocorreu justamente do lado onde ele se encontrava.


Chamadoira escrevia um texto quinzenalmente no Bom Dia e o conhecia das rodadas onde o tema cultura estava na baila. Adorava relatar suas viagens e não se omitia a alguns enfrentamentos contra os conservadores de plantão. Não privei de suas aulas, nem de sua amizade, mas de alguns de seus textos e conversas poucas. Deu para sentir de que lado estava, nunca junto aos poderosos de plantão. Essas coisas envolvendo a morte são inevitáveis, pois a cada virada de esquina corremos nossos riscos e nem por isso devemos deixar de sair de nossas tocas. Anúncios fúnebres, tanto de um ilustre escritor, como de um quase desconhecido (muito afamado entre os de sua aldeia), são feito de recordações. Boas lembranças é o que sempre terei dele.

Estava preparado para outro texto hoje, deixo para depois. Amanhã escrevo de outras coisas. Hoje escrevo da triste fatalidade. Esse foi seu último texto no BD: www.redebomdia.com.br/blog/detalhe/16498/A+Lingua+Portuguesa+e+nossa       

3 comentários:

  1. Henrique

    Assim como voce não privava da amizade de Chamadoira. Acompanhava de longe o que fazia, mas gostava muito de vê-lo atuando nos programas de rádio na Unesp FM. Quase tudo ali tem qualidade e o que nos é repassado é bom. Nos que ele fazia um algo mais, percebia o esmero, a preparação prévia com denodo. Quer dizer, fazia aquilo com dedicação para repassar algo de real qualidade. Só isso por sia já demonstra o grande ser humano. De sua a morte, a lamentação por ter ido de forma tão intempestiva, besta. Um descuido e pluft, acabou. Como tudo pode mesmo terminar de forma tão rápida. Também vou me relembrar dele com a certeza de que o que fazia era feito com capricho.

    Aurora

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  2. Só pensei que eu iria comentar e dizer um grande tema, não é o código por si mesmo? Realmente parece excelente!

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  3. Henrique

    Um fatal descuido.
    Não havia aventado essa possibilidade do papo irrefreado, a distração coletiva munida pelo papo contínuo, algo feito com gosto e contentamento e nesse desligamento do mundo, quando se deram conta já estavam envolvidos com o mundo real. O choque e suas consequências. Belo isso, mas cruel, talvez o que de fato tenha ocorrido.

    André Ramos

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