quarta-feira, 12 de junho de 2013

UM AMIGO DO PEITO (80)

A CERCA SOB O CALÇADÃO É SÓ O COMEÇO – MARCÍLIO É NOSSO REI
Bauru não é uma cidade das mais progressistas, pois vive com um pé atolado em preceitos conservadores. Exemplos existem aos borbotões. Querendo alguns constatarem o óbvio, leiam algumas das manifestações de missivistas nos jornais da cidade. Falas de jornalistas de rádio e TV seguem na mesma linha. Primamos pelo excesso de zelo, desvairado comedimento. O exemplo mais recente vem dos comerciantes do centro da cidade, mas precisamente de uma tal de Associação dos Comerciantes do Calçadão da Rua Batista de Carvalho e adjacências. Insistem em manter uma draconiana lei onde tudo podem e a cidade deve pedir de joelhos para fazer qualquer tipo de atividade por lá, que não seja voltada para o lucro dos seus negócios. Não enxergam um palmo diante do nariz e o pior é que a Prefeitura Municipal e a Câmara de Vereadores sempre referendaram esse posicionamento autoritário. Esse pessoal grilou o Calçadão e o povo precisa retomá-lo de vez, pois o documento que dizem possuir não é devidamente legalizado. Mero papel, desses requentados em gavetas com grilos dentro para torná-lo oficial.

Quem mais sofre com isso é a CULTURA local. Tudo para ocorrer naquele quadrilátero precisa de uma autorização, em conjunto entre Comerciantes e Prefeitura. Seriam eles os donos também dos espaços públicos? Passam desavergonhadamente por cima da Constituição. Quem tem peito e coragem os enfrentam e na maioria das vezes vencem, pois não existe como conservadores manterem sua posição diante de gente bem informada. Batendo o pé eles recuam, mas os desinformados pagam o pato. Queriam impedir o bloco “Bauru Sem Tomate é Mixto” de desfilar (e destilar) sua ironia pelas sete quadras do Calçadão. Autorizaram algo que ocorreria de qualquer jeito e hoje quem padece é o artista de rua MARCÍLIO DO NASCIMENTO, popularizado como o Carlitos bauruense. Dia atrás foi impedido de exercer sua arte de estátua, com um chapéu aos pés, recebendo donativos de quem gostou do que estava vendo. Foi convidado (para não ser agressivo) a se retirar.

DaÍ começou o movimento liderado nesse momento pela ATB – Associação de Teatro de Bauru e região, liderada por Kyn Jr, motivando ontem, 12/06, uma AUDIÊNCIA PÚBLICA na Câmara Municipal para discutir o tema. A classe artística lá compareceu e deixou seu recado em alto e bom som: INADMISSÍVEL A CERCA A ENVOLVER O CALÇADÃO. Madê Correa levou uma boneca de fantoche para a tribuna e ela falou pela artista, Kyn deixou claro a ilegalidade e o conservadorismo reinante no pedaço, André Zambello deixou claro que não podemos mais tolerar censura , Elson Reis apoiou os artistas e Julio Hernandez expôs ter sido obrigado a abandonar a cidade em busca de ares mais arejados. Diante de uma Câmara mais legalista que o rei, a proposta mais sensata partiu do vereador Roque Ferreira, lançando uma luz solucionática (parodiando rei Dadá) para a questão: O Executivo executar uma revisão no artigo proibitivo, reapresenta-lo à Câmara, essa votar favorável e depois baixar um Decreto normativo tornando a lei existente mais palatável. Rapidez é o que se pede, só isso.

Quem reinou na sessão e de uma forma simples, mas absoluta foi MARCÍLIO, ocupando ontem um lugar de destaque no recinto, centro das atenções e acanhado com o que gerou, meio sem jeito, sentindo-se desconfortável com a situação. Na verdade, tudo teve o desdobramento visto ontem talvez por causa da simplicidade desse grandioso artista, expoente do que acontece nas calçadas bauruenses. Vivendo do que faz, sem grandes pretensões, só querendo atuar e manter-se vivo, sobreviver expondo sua arte, produziu algo que não se via há tempos: uma extensa e ampliada movimentação cultural dos seus expoentes na cidade. Marcílio mesmo sem querer, provocou e reacendeu algo meio que apagado entre os culturáveis da cidade, uma união em prol de uma causa comum. Foi lindo. A última vez que vi algo parecido na Câmara foi quando Val Rai mostrou aos vereadores o que era o Butoh. Os próximos passos deverão ser dados pelo Executivo, depois pela Câmara, definindo de vez que as ruas SÃO DO POVO E SEUS ARTISTAS DEVEM DELA FAZER USO. No mais, como foi dito, repito aqui, Bauru precisa parar de ficar expondo esse seu lado bestial de conservadorismo, pois isso só prejudica a imagem já desgastada da cidade. E viva os libertos dessas amarras de condicionar tudo a leis draconianas, obrigações e imposições. MARCÍLIO nos mostrou ao seu modo e jeito da ainda existência de outro modo de encarar tudo isso. Eu vi tudo (meninos eu vi) e agora sou seu fã de carteirinha. 

8 comentários:

  1. CERQUEM O CALÇADÃO DE UMA VEZ OU COBREM PEDÁGIO. ENQUANTO O AMBIENTALISTA E O PESSOAL DO ENXUGA GELO, FICAM EM SEUS GABINETES, MORRENDO DE MEDO DOS REACIONÁRIOS E DOS PSEUDOS CORONÉIS DA CIDADE.
    GILBERTO TRUIJO

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  2. Bom dia Henrique, conforme expliquei ontem na Audiência Pública, a AEC- Associação dos Empresários do Calçadão não existe mais. Esta Associação recebia recursos repassados pelo município, que cobrava uma taxa de todos os comerciantes. Alguns se insurgiram por considerá-la ilegal e ganharam ações na justiça.Em 2010, foi enviado PL à Câmara para renovação do convênio com a AEC. Fui relator do PL e solicitei a prestação de contas dos recursos repassados pela prefeitura a AEC. A Associação se recusou a fazer as prestações de conta como determina a lei, então o convênio não foi renovado. Hoje a responsabilidade de manter, recuperar e preservar o calçadão que é bem público de uso especial, é do executivo. Como disse na Audiência, basta o executivo enviar PL à Câmara revogando o artigo 4º da Lei em Vigor que sanamos o problema. Na Câmara pelo que tenho conversado com os vereadores a proposta passaria sem grandes problemas.

    Roque Ferreira

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  3. Lamentável Henrique voltar essa mesma discussão que envolveu a classe em 1996, que foi tirada do calçadão pela polícia militar, na época a lei era clara buscava "disciplinar atividades artísticas, políticas e religiosas" no calçadão. Ontem lamentavelmente descobrimos que a lei foi reformulada 2 vezes e agora quer disciplinar sim atividades artísticas e religiosas. E as políticas? Como foi mencionado pelo Julio Hernandes em seu depoimento. Esperamos sinceramente que seja a última vez que artistas locais sejam tratados como meliantes e marginais. Chega Bauru! Século 21!
    Mariza Basso

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  4. Henrique

    Os coronéis nem se dão ao trabalho de passar no Calçadão, no meio do povo... devem ter os puxa-sacos pra inflar o medo de perder pros vendedores ambulantes. Até pra distribuir meus folhetos contra a Leishmaniose tive que pedir autorização pro CDL

    Ana Lellis

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  5. Pessoal, conseguimos vencer mais uma batalha em relação aos artistas de Bauru...Marcílio nosso grande amigo e parceiro das artes surge como uma gota d'água prá podermos discutir sobre que cidade é essa q não gosta de Arte...mas gosta sim...percebemos isso hj... Parabéns a todos q participaram da Audiência... Obrigada ao vereador Fábio Manfrinato pela postura ética e sensível em relação aos artistas da cidade... como costumo dizer: o médico cura o físico, o artista cura a alma... Obrigada pela presença e pela força do Elson Reis,Secretário de Cultura, Paulino da Oficina Regional Glauco Pinto de Moraes, aos vereadores presentes , aos artistas q apareceram em peso, não só do Teatro, mas das artes em geral....
    Madê Correa

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  6. O que dizer arte Bauru tristeza profunda. Sempre a mesma merda, não tem valorização e nunca vai ter, egoismo, umbigo, mesquinharias, migalhas triste.Quem sabe espera morrer para montar de repente uma nova praça que nem sequer algo acontece. Deprimente a arrogância de muitos , mais o Marcilio é muito mais que isso, como Val Rai foi e muitas Cias que também fizeram o seu papel de forma verdadeira e plausível, Acreditando na arte pena que Bauru não valoriza.

    MARISA OLIVEIRA

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  7. MALLINE E MARCILIO DOIS GRANDES ARTISTAS, MAIS UMA VEZ O BRASIL MOSTRA POR QUE ANDA PRA TRAZ.

    Rainier Humberto Castro Algarra

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  8. Ouvi na Unesp Fm hoje ,a reportagem do Marcilio junto com Elson .Marcílio é nobre o logista que fez contra sua arte é um destes que não tem sensibilidade só visa o lucro sem saber que cultura é a maior riqueza que podemos adquirir.
    Bitenka Bittencourt

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