quinta-feira, 11 de julho de 2013

COMENTÁRIO QUALQUER (114)


DIA NACIONAL DE LUTAS - EU ESTAVA NAS RUAS ATÉ AGORA E CONTO O QUE ENTENDI DO OCORRID0
Pela manhã um grupo de estudantes, comandados pelo “Acorda Bauru”, despontado nas ruas agorinha pouco, tomou a iniciativa à revelia de tudo e de todos, por iniciativa própria de ocupar a Prefeitura Municipal de Bauru. E o fez, juntando-se a eles alguns integrantes do MST. De início achei que o autêntico movimento popular estava apoiando a ocupação e fui saber dos detalhes, pois esses nunca tomam iniciativas sem terem uma extensa pauta de reivindicações previamente preparada. Só bem tarde fui perceber que o MST não estava nessa barca.

Primeiro é preciso entender o significado desse Dia de Lutas. Organizado e planejado por algumas centrais sindicais, pelo movimento social e popular brasileiro, em várias reuniões foi definido que eles todos estariam nas ruas nesse dia marcando posição, demonstração de força e de estarem antenados com as grandes questões de transformação desse país. Tudo foi devidamente programado. Analisando o que ocorreu no país num todo, foi exatamente isso que ocorreu.

A ocupação da Prefeitura não estava no script e quem o fez deve ter lá seus motivos, alguns até bem justificáveis, outros nem tanto. Ficou claro que houve um aproveitamento de algo maior a ocorrer no dia e diante do fato mobilizador, a ida até a Prefeitura ocorre. Se foi intencional ou não, se foi feito para desaglutinar o outro movimento, não sei avaliar ao certo, mas faltou contato entre as partes. Os jovens e suas reivindicações sempre estiveram aí, sempre se fizeram presentes e o que vi hoje não é diferente disso. Os movimentos sociais estavam nas ruas para reafirmar sua pauta histórica e os jovens algo bem deles, fruto de uma insatisfação que é a de toda uma nação.

Vejo que muito das reivindicações ainda estão um tanto confusas, desconexas e embaralhadas. Queremos tudo ao mesmo tempo e isso no frigir dos ovos acaba sendo um tanto dispersivo. Centrando fogo, unindo forças, ideias de luta preparadas de forma coletiva, sem ocorrer desvios de última hora é algo que pode ser previsto e melhor trabalhado por todos. O que havia sido definido para hoje era a concentração na praça e a passeata pelas ruas. Participei disso, da Rui Barbosa até o prédio da Câmara. Ali quando vi o grupo liderado pelo PSTU incitar os presentes, até com alegações de que os jovens dentro da Prefeitura estavam acuados, sem luz, sem água e numa ligação telefônica, presenciado por mim, entre uma das lideranças do movimento e alguém lá dentro, vi isso desmontado, percebi o engodo. O PSTU subiu praticamente sozinho para a Prefeitura e o restante do grupo, todos os que estiveram envolvidos com a organização ali findaram o protesto.

Não passou disso. O movimento, no que propôs foi bem sucedido, já o que foi proposto para o prédio da Prefeitura é outra coisa e precisa ser avaliado por quem de fato o fez, como o fez e dos motivos dele ser feito, não por mim. Entraram e saíram de lá no final do dia e ouviram as mesmas coisas que da última vez. Nada novo e também nenhuma proposta nova, sugestões que fosse. Na minha opinião isso que ocorreu dentro do prédio da Prefeitura pode ser caracterizado como IMPRODUTIVIDADE, pois foi feito às pressas, atabalhoadamente e não levou a nada de novo. Afinal, me respondam quem lá esteve, o que foi buscado além do que já havia sido negociado? Poderiam todos, unidos numa causa comum, ter conseguido muito mais de outra forma. Esse negócio de se dizer, querer ser a real e original voz das ruas não é algo que me soa bem.

4 comentários:

  1. Olha, Henrique, eu sabia da mobilização e passeata organizada pelas centrais. Assim como muitos fui pega de surpresa pela ocupação do palácio das cerejeiras. Que eu sabia, e me corrijam, a ocupação foi organizada por jovens que se reivindicam apartidarios.

    Na passeata, organizada pelas centrais, militantes, vieram me dizer que PT teria esvaziado a mesma e teriam priorizado a ocupação. Na hora nem respondi, mas depois fiquei pensando: de que PT eles estariam falando??? O PT da velha guarda estava na passeata das centrais. O grupo da direita do PT não estava nem na passeata e nem na ocupação.

    Tatiana Calmon

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  2. Pois é... eu ia participar do movimento (o que estava combinado no grupo Bauru Acordou) mas daí, de manhã, vi no grupo os posts sobre a ocupação da prefeitura e quando fui perguntar sobre quais seriam as reivindicações (queria saber a que se destinava, já que a informação que constava era de que o movimento da tarde, na Rui Barbosa, em apoio ao movimento nacional - e que também levaria as pautas municipais - seria mantido) No entanto, não obtive resposta. Ao contrário, teve um sujeito que foi irônico, dando a entender que eu seria uma pessoa desinformada. Pois bem... se foi esse o caso, mesmo buscando, continuei o dia todo sem obter as tais informações. Como torci o tornozelo e mal estou conseguindo ficar com o pé no chão, resolvi que nem iria então ao movimento da Rui Barbosa. Até porque, àquela altura, eu realmente passei a me sentir uma pessoa realmente desinformada. Quero muito que o nosso país enverede por um caminho melhor e acredito muito na força do movimento popular. Não vamos conseguir mudar 500 anos de história em alguns dias... mas, sim, temos que começar essa mudança. Mas sei que muita gente, assim como eu, não vai sair às ruas (ou ocupar prédios públicos) sem saber direito de que trata a ação. E, nesse momento em que tem muita manipulação de informação, é necessário que cada grupo tenha muita transparência na hora das convocações (afinal, realmente, uma das metas é deixarmos de ser as tais "ovelhinhas" que seguem o rebanho, sem saber o destino, não é mesmo?)
    Liseth Agnelli

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  3. Henrique, meu amigo, queria dizer umas coisinhas sobre o seu texto e alguns dos comentários: primeiro, parabéns ao movimento em Bauru, pela realização do dia nacional de manifestações. Em relação à ocupação, foi válida numa coisa que ninguém levantou ainda: ajudou a erguer a bola do prefeito Rodrigo Agostinho. Sabe por quê? Porque o Rodrigo, pelo que parece, não acionou a PM para impedir os manifestantes ocupantes do espaço interno da Prefeitura, ao contrário, desceu, conversou e não sei não se não foi aplaudido por alguns... Por outro lado, mostra o quanto a PM é prejudicial aos movimentos populares quando agem à revelia. Ou seja, como a PM não desceu o porrete ou tiros ou gás, ou bombas em ninguém, ninguém também quebrou nada e o movimento terminou como começou, ordeiramente e em paz. (É o que me parece). Quanto ao movimento em São Paulo, se as Centrais Sindicais, Sindicatos e Partidos políticos colocaram grana, ou seja, pagaram para "militantes" fazer número, isso é um absurdo, é uma vergonha e demonstra o quanto as Direções estão longe das Bases. E estão nas Direções há décadas e não querem perder o poder, para continuar mamando nas benesses que essa estrutura falida, na minha avaliação, lhes oferece. Quanto aos posicionamentos daqueles que querem o fim da política nacional iniciada pelo Lula e sonham com a volta daqueles que estiveram lá nos primeiros quinhentos anos é inútil debater com eles, eles não vão mudar. Se satisfaça de uma coisa, meu amigo: a de que, quanto mais eles criticam o governo Lula e o governo Dilma, mais eles diminuem na importância. O povo sabe a hora certa de agir. Vê, como exemplo, a Rede Globo. Enganou e manipulou o povo e negou a verdade o tempo todo, mas os seus dias estão contados. A casa a qualquer hora vai desabar. É isso.
    Duílio Duka

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  4. Caro Henrique, tive muita vontade de falar o que o Duka falou sobre este "bando" de "aproveitadores", mas, da minha boca, também seria considerado facismo, rsrsrsrsrs ... Parabéns pela serenidade, caro Duílio ... Quanto à comemoração, por enquanto aqueles que foram condenados pelo Supremo, cuja maioria foi indicada por Lula e Dilma ... Mas se os outros forem condenados também, vamos tomar outras ..
    Beto Grandini

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