POR QUE CUBA INCOMODA TANTO OS INCONSEQUENTES?
Eu não me emendo, vivo me metendo em homéricas discussões por tudo quanto é lado e com gente de tudo quanto é libra, calibre e envergadura. Quando a coisa resvala para a inconsequência, preconceito descabido, piadinhas de péssimo gosto, com racismo embutido, dou minhas patadas. Ontem no facebook de um conhecido, algo postado como o único intuito de provocar, com a foto ao lado. Fervi na hora. Vejam alguns dos comentários que travei por lá, fazendo questão de deixa-los aqui registrados, numa clara demonstração de como parcela do país está totalmente abilolada e não pensa mais de forma racional:
HPA: Comentários como esse merecem só e tão somente uma coisa: Vá a merda!!!
A - Embora a imagem publicada tenta desqualificar os serviços médicos cubanos, penso que o senhor deveria, em primeiro lugar, buscar imagens dos prontos-socorros e hospitais públicos espalhados pelo brasil para "sentir" a indiferença do Estado brasileiro. São seres humanos tratados como lixo, com total descaso, em sua grande maioria com a participação ativa da classe médica brasileira. Agora, essa mesma classe médica vem à imprensa para tentar impor princípios éticos. É uma vergonha!.... Temos que dar graças a Deus pela atitude do governo federal (e não sou petista), porque certamente irá amenizar muito o sofrimentos de nossos irmãos necessitados de assistência médica. Me desculpe o desabafo, mas tem certas coisas que a gente não pode sair metendo o pau. Saúde!... Fica na paz!
B (O que postou e sua justificativa): Creio que está havendo algum equívoco na interpretação da significância do post acima. Compartilhei a imagem com o intuito de demonstrar a realidade de Cuba. Em Havana existem ambulâncias modernas, mas elas atendem uma parte pequena da população, os usuários dos melhores hospitais. Nas províncias a situação é de igual para pior. É o roto que vem para tentar ajudar o rasgado. Foi nesse sentido que compartilhei essa matéria. Além disso, foi também com o intuito de demonstrar que há, nesse programa Mais Médicos, mais mistérios do que possa sonhar a nossa vã filosofia. Alguns dados para reflexão. No ano de 1999, 40º aniversário da revolução, um médico de Havana ganhava Us$ 40 mensais! Aqui, eles vão ganhar em torno de R$ 4.000,00 e o governo cubano embolsará a diferença para R$ 10.000,00 pagos pelo nosso governo. Então, a quem interessa esse programa? Você acha que os médicos cubanos estão trabalhando em regime de semi-escravidão, como a imprensa mundial vem noticiando? Você acha que o governo brasileiro, do PT, depois de 12 anos, repentinamente passou a pensar nas agruras do povo?
Essas respostas o tempo nos dará. Não me oponho à vinda dos cubanos, mas vejo com reserva o modo pelo qual eles vêm.
HPA - O médico cubano não fará trabalho escravo nenhum, pois ele não á capitalista, é comunista, humanista e não vem aqui para ganhar dinheiro, vem para salvar vidas e quando o fazem isso mundo afora, o que pesa menos é dinheiro. É simples, eles poderiam fugir uma vez aqui, e tentar se estabelecer por conta própria, mas não o fazem e isso você parece não entender. Não o fazem pelo simples motivo de não serem iguais a nós, são mais sensíveis, acreditam no ser humano e não no deus dinheiro. É difícil entender na existência de gente assim? Torça mais pelo Brasil e não pela crença do dinheiro e do capital acima de tudo e de todos. Tem momentos que cansa, vocês em alguns momentos são muito repetitivos e não dão uma dentro.
B (respondendo a mim): Quanto à vinda dos médicos cubanos, você pode ter certeza de que o motivo mencionado por você é o que menos influi na decisão desses médicos. Na verdade, eles são loucos para saírem de Cuba. Eles, cubanos de várias profissões, de longa data já vêm para o Brasil, embora em contingentes menores. A professora de piano da USC é cubana. A professora de espanhol dos meus filhos e dos demais advogados do meu escritório é cubana. Elas e os demais cubanos veem o Brasil como um paraíso. E o dinheiro é sim um dos elementos determinantes da vinda deles. O salário que vão ganhar aqui é exponencialmente muito maior do que eles ganham lá, pode ter a certeza. Levariam mais de um ano para ganhar lá o que eles vão ganhar aqui num único mês, mesmo com os altíssimos impostos cobrados pelo governo cubano. Quanto ao cubano como pessoa, há muito tempo que falo que o cubano é um brasileiro falante do espanhol. A nossa identificação e empatia é muito grande. Nesse sentido, são eles bem-vindos, embora faça várias restrições ao programa Mais Médicos e restrições totais ao nascente programa Mais Professores.
Tenho dito e encerro aqui esse assunto.C (Outro na discussão): A Nordestinização do Brasil, vem aos poucos corroendo tudo! Antigamente, era meio na surdina, agora a coisa é desbragada, não conseguimos ganhar nada, já saímos perdendo de 16 a 8 e a malversação das verbas publicas, é endêmica por lá, não é de estranhar, que o PT esteja bem calçado neste tipo de pessoa, vi coisas horríveis aqui na câmara paulista . . .e tome ó xente e osh . . .ta feio viu? No esporte, deu para notar o declínio de Cuba, os atletas vinham em excursões, mais pela comida do que qualquer coisa, eles já demonstravam fraqueza, terminado o jogo, corriam para a mesa! mas médicos são iguais em todo o mundo, tem os abnegados, os mercenários, os cientistas, os socioanalistas etc . . .não queiram demonstrar um conhecimento de pessoas que vocês não possuem, sem um currículo especifico, é tudo fofoca e maledicência . . . nesta novela tem de tudo!
HPA: PORÉM E ALÉM DE TUDO, ALGO DOS MAIS DIGNOS NA ESPÉCIE HUMANA: os cubanos são de uma sensibilidade no trato com o ser humano que os nossos, desumanizados já nos cursos (onde são preparados para o mercado e não para o trato com gente). Vão ensinar um bocado disso aos nossos. Sinto falta da vinda de um algo mais, os REVOLUCIONÁRIOS. Precisariam vir esses juntos.
C (Respondendo a mim): Se você tiver coragem de pegar em armas, tendo uma direção coesa, eu estarei do teu lado! Não precisamos de revolucionários que vivem como escravos . . .pirou? Vivi 18 anos com os cubanos no sul da Florida, prefiro os boriquas . . .povo difícil!
HPA: "REVOLUCIONÁRIOS QUE VIVEM COMO ESCRAVOS" - Meu caro, escravos são os que vivem endeusando o deus dinheiro como senhor único de tudo. Ainda não entendeste que em Cuba isso não vigora e o ser humano é mais importante que tudo isso. Eles não estão vindo aqui por grana, mas para nos ajudar. Coloque isso na sua cabeça. Sei que é difícil entender isso, pois estamos contaminados pelo senhor de tudo, a grana, eles não. "VIVI 18 ANOS COM OS CUBANOS NO SUL DA FLORIDA" - Viveu com a escória cubana, as viúvas do Batista, os piores cubanos, todos eles morando e exercitando criminosamente meios de derrubar o regime que os expulsou de lá. Se aprendeu algo com eles, desculpe, mas aprendeu tudo de ruim e se acha que esses tem razão, tenho que me declarar seu adversário, pois o que vejo aqueles cubanos fazerem da Flórida é caso de polícia.
B (o do post a mim): Henrique para, cara. Você acha que os cubanos são otários? Ou são todos clones da Madre Tereza de Calcutá? Cubano é um ser humano normal, como todos nós. Bem parecido com o brasileiro. Não é um extraterrestre. Você, por acaso, sabe qual é a moeda circulante em Cuba? Num aparente paradoxo, DÓLAR AMERICANO! Tente pagar qualquer cubano com peso e ouvirá gritado no seu ouvido: "no, no, no quiero, és una mierda! Quiero dollar..."! Além disso, caso ainda não saiba, em Cuba há um mercado paralelo muito ativo. Já quanto à escória, meu amigo, ela existe em qualquer lugar, em qualquer povo. Só não podemos generalizar, como você fez acima.
C (também a mim): Deus do dinheiro? Deixa eu ver . . .no banco um troco que recebi agora, no bolso, a taxa dos jogos de ontem, mas aqui onde estou, tudo de bom rola, pago com o rachid dos amigos, dinheiro sim . . .ninguém aceita bônus sociais do governo . . .paguei o metro, trem e ônibus com grana . . .mas vamos olhar no legado . . .alguns alunos bem formados, cidadãos de qualidade, dois filhos adultos, respeitadores da lei e muito bem encaminhados na vida . . .uma luta de 39 anos para melhorar o meio onde vivo, trabalho e ganho o pão, honestamente, sempre recebi, apos suar um pouco . . .então Henrique, eu valho exatamente quanto? os mil e poucos reais que tenho ou aquilo que fiz, idealizei, sonhei e tentei implantar na minha comunidade? Voce quer ser meu inimigo? Ta falando serio? No físico, não aguenta o primeiro tranco, no intelecto, ta prejudicado demais por monocultura . . .voce sabe como é né? Passeei na Serra do Mar, via a Mata Atlantica e convivi com alguns dos seus animais . . .voce ja viveu fora do Brasil? Ja derramou lagrimas quando o nosso Hino é tocado antes de um jogo? Já sentiu falta da nossa cultura? Eu voltei . . .não vejo cubanos querendo voltar . . .todos os outros voltam . . Nicas, Ricans, chicanos, Bolivianos, todo mundo ganha uma grana la fora e volta para casa . . .ah . ..agora entendi . ..casa! La em Cuba, não tem uma . . .(marca horário e local que eu apareço, Enemy of mine!)
HPA (ao C): Tu falas sem conhecimento de causa. Exemplos pífios. Te dou um que virou manchete mundial. Alguns cubanos quiseram deixar o país e foram para a Espanha, isso recentemente. Bem recebidos, se viraram no começo e depois de alguns meses, a ficha começo a cair, desempregados, esfomeados, viram que o buraco no capitalismo é cada um por si. Juntaram-se numa praça e estão dando graças aos céus se fossem devolvidos ao seu país, onde tinha de tudo e não sacaram. Perguntem a esses. Outro exemplo, qdo em Cuba 2008, ficando por lá 30 dias, encontrei um taxista que havia morado no Brasil e aqui residiu 3 anos. Mesma coisa, sentiu um negócio por dentro quando precisou de atendimento médico e foi constatar o tipo de atendimento. Sabe o que fez, voltou correndo. Suas palavras: "Eu ia morrer no seu país, lá ninguém ligava para nós, o povo passa fome e ninguém nem aí". Portanto, aqui o dinheiro vale, voce não vai a lugar nenhum sem ele, concordo, é o tal paraíso do deus dinheiro. Existe de tudo, mas nem todos podem ter esse tudo. Lá, todos ganham pouco, mas o estado subsidia tudo. Lindo vê-los indo de onibus, todos bons, de uma cidade para outra, passagem quase gratuita. Eu, turista, pagava um preço mais alto e eles um preço irrisório, possibilitando a todos irem de um lugar a outro. Adoro a minha cultura, mas a verdadeira, não uma falsa que hoje tentam inserir mundo afora e a respeito. Não renego o Brasil, só luto pelo fim das injustiças e por justiça social, fim das desigualdades, atendimento justo e honesto a todos. Os cubanos nos ensinarão muita coisa. desarme-se, meu caro e conversamos lá na frente. Sem neuras, por favor...
C (a mim): Ah! Melhor assim . . .você iniciou o tal de inimigo . . .mas você não muda para Cuba por que mesmo? eu morei la fora, vi coisas fantásticas . . .tinha dinheiro, modernidade, mas estou aqui . . .que tal? O modelito não serve mais meu amigo, Trotsky, Lenin foi ha muito tempo atrás . . .o mundo virou outra coisa , , ,vocês não tem mais espaço com esta conversa, Eu estou fazendo minha parte e sim, vai precisar muita grana para implantar nosso projeto, que ira beneficiar milhões de pessoas, mas vocês não só não vão ajudar, como irão tentar impedir, com os velhos chavões de sempre . . .qual tua renda anual?
HPA (ao 3): Tu me parece agente do imperialismo yanque, querendo saber até minhas fonte de renda e meios de subsistência. Vá buscar isso em outras fontes, talvez direito ao um que deve respeitar, Obama. Esse papinho cerca lourenço, "não muda para Cuba por que mesmo?". Primeiro, porque sou brasileiro e prefiro tentar mudar para melhor o meu país, ajudar a torná-lo menos desigual. Depois tenho uma missão comigo mesmo, que é a de espezinhar pessoas como tu, mostrar o quando são contraditórios. Faço isso por gosto, puro prazer. Perco tempo nisso, deixo de sair vendendo meus caraminguás que me dão os meios de subsistência, mas atinjo o orgasmo quando os tiro do normal. Acredito que estou conseguido, ops, desculpe, gozei.
3 (a mim): Ah . . .coito digital? Legal, cada um goza por onde pode! Mas eu sou um cara completamente duro, se olhar por um lado, um fracassado ... mas por outro, um vencedor, me propus a lutar e continuo na luta, descanso, preparo armas e luto! E você realmente acha que pode me atingir? Tente vir a um jogo duro, com milhares de pessoas (agora não mais) e ver se eu me intimido com isto . . . passei 39 anos na quadra, julgando instantaneamente, pessoas e ações, acho que isto me deu alguma condição de opinar, ainda mais pensando e lendo . . .não entre um tic e um tac do relógio . . .Sabemos onde, como e porque o socialismo funciona, porque tem sempre grana atrás, tirada do povo, uma vez que não são capazes de a produzir . . .voce sabe disto né? Partimos do feudal para o industrial, ai apareceu o capital . . .não tem mais que pedir para o dono da terra, o governo esta ai para isto . . né? Mas os disquerda, tomaram o governo em vários pontos do mundo . . .enquanto Mama Rússia, se esbalda no caviar beluga e no champagne frances . . .nao deu certo não é verdade? Alguém tem que produzir a riqueza, o exercito, para alguém poder ficar no comando . . .muda o que mesmo? Ah sim . . .o modelito . . .alias . . ta maus hein, de Mao a Dilma . . .cohorrorosa! Enfin mon cher . . .nada existe neste planeta que não tenha sido falado numa mesa de bar!
HPA (ao 3): Voce me propõe comparações e eu não as aceito. Quem disse que na União Soviética (Rússia é hoje) existia socialismo? Penso e defendo outro estágio. Cuba é cheia de defeitos, mas resiste e caminha numa vertente que incomoda, pois demonstra a existência real de que um outro mundo é possível. A discussão é prolongada e se o quiser a continuo num outro dia, hoje não mais. Propus-me a permanecer tempo limitado nessa máquina de fazer doido. Vejo como alternativa das mais viáveis buscar recursos dentre os capitalistas para manter um estado ao estilo de Cuba. Afinal se fosse hoje para lá, onde iria, por certo Varadero (que nem penso em pisar, pois os atrativos da ilha para mim são bem outros). Isso mesmo que se quer, que os capitalistas indo muito até lá deixem lá burras de grana e ajudem a manter o pobre país. Nada mais justo. No caso dos médicos, fonte de nossa discussão inicial. Eles tendo algo a nos oferecer, algo que irá com certeza nos ajudar muito em soluções que não estamos conseguindo dar, recebam por isso e esse valor os ajudem a manter o sistema que cria essa maravilha de médicos humanitários e sensíveis. é uma justa paga. Um abracito e amanhã continuamos, a rua me espera. Tchau.
3 (a mim): Mira muchacho, Cuba, para mi es una cosa para el futuro . . cuando tenga liberdad vamos ver como el pueblo se comporta . . . no creo en mejores dias sin capitalismo, sin produccion, a menos que vuelva a ser un pedaço de tierra olvidado y lejano . . .viviendo de sus proprios medios . . .agricultural, indigena! Asi es! Quem desistiu do seu pais, é, no mínimo, sem caráter! Eu vivia de sub empregos . . .ai você vê o povo real, são aqueles melhor aculturados e com certa intelectualidade! Tentei controlar alguns motoristas cubanos, ai quase rolei escada abaixo com um deles . . .como dizia meu amigo e patrão . . .nunca mais vou contratar um afro americano . . .e o cara era totalmente negro . . .escorias a parte, uma ilha pequena, com este tipo de problema, fala serio . . . por isto vivou a zona dos mafiosos americanos, todos se vendiam . . .e continuam . . .hoje por comida! Triste, mas real!
HPA (ao 3): Sua visão é reacionária e até racista. Não privo de discussões com quem pensa assim. Deprimente. By
4 (Outro na parada): Desistiu de um País? Por acaso cuba é um país? Um país tem democracia, tem liberdade de ir e vir, liberdade de imprensa. Os cubanos que conheci continuam cubanos e continuam lutando por um "Cuba libre".
HPA (ao 4): Tu não conhece nada de Cuba, isso que explicita aí ocorre de Miami pra cima. Já ouviu falar vagamente em Bradley Manning, Edward Snowden e Glenn Greenwald? Por acaso são cubanos?
A discussão tende a continuar sem solução. Iguais a essa pipocam outras tantas, assunto desses dias por tudo quanto é lado. Participar disso toma tempo, alguns deixo passar, mas outros piso forte no acelerador. Tive que dar um breque, pois eu não os convencerei e nem eles a mim. Fica o registro.
Porque Cuba é Cuba e Brasil é BRasil.
ResponderExcluirAlexandre Randi "Sim, Micheline Borges, as médicas cubanas, de fato, parecem-se com as suas empregadas domésticas. Eu também me pareço com a sua faxineira e a sua cozinheira. E, se me permite a comparação, Barack Obama também é cara dos garçons dos restaurantes que você deve frequentar, dos vendedores de coco na praia, da maioria dos presidiários brasileiros, dos desempregados e subempregados do país.
ResponderExcluirFeita esta constatação certeira, seria legal se você se perguntasse por que é uma ilha de loiridão e alvura cercada de tantos pretos pobres por todos os lados. Será determinação do destino que estabelece que as pessoas não-brancas tenham que se tornar empregadas domésticas de michelines? Será prescrição do Oráculo de Apolo que pessoas com cara de micheline sejam jornalistas casadas com engenheiros?
Pergunte-se, além disso, qual é a magia que fizeram em Cuba para que tantos que bem poderiam ser suas empregadas domésticas sejam hoje médicas que embarcaram para este país, de saúde pública de terceira, a fim de ajudar pessoas de todas as cores que não são ajudadas pelas alvas michelines que moram ao lado.
Não, Micheline, eu não diria “coitada da nossa população” de pessoas com cara de empregadas domésticas porque serão atendidas por médicos com a mesma cara delas. Eu tenho pena é do coitado deste país, açoitado pela mentalidade-micheline, que resolve que o lugar de pessoas com cara de empregadas doméstica é na cozinha das suas casas, fazendo a limpeza ou picando cenoura para o jantar. Na falta de uma boa e velha senzala..."
DANIEL HECTOR HERNANDEZ
Mas que letrinha miúda, essa Henrique. É igual as de bula. É para ler ou para não ler? Tive que selecionar tudo e aumentar aqui no computador para ler. Um horror, hem! A Klu Klux Klan fazia igual a esses.
ResponderExcluirDaniel Carbone
Quando a gente acha que já viu tudo, vêm uns idiotas, imbecis, sub-gente, chamados de médicos que fizeram o juramento médico:
ResponderExcluirJuramento de Hipócrates - Na Declaração de Genebra da Associação Médica Mundial de 1948 [1] está o juramento mais antigo que tem sido utilizado em vários países na solenidade de recepção aos novos médicos inscritos na respectiva Ordem ou Conselho de Medicina. A versão clássica em língua portuguesa possui a seguinte redação:
“Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza.
e nos fazem envergonhados e enojados por estes "ditos" médicos brasileiros.
TAVEIRA
HENRIQUE
ResponderExcluirESSE TEXTO NÃO É MEU, MAS SERVE PARA O COMENTAR O QUE ESCREVEU:
Enquanto médicos, fariseus e doutores da lei tentam filtrar os mosquitos, uma fila de camelos é engolida nos rincões fora da rota turística do País. Em outras palavras, as pessoas seguem morrendo, sem que mereçam um franzir de testa de quem parece disposto a armar uma Intifada contra o programa Mais Médicos.
Segundo mapeamento do governo, existem hoje 701 cidades no País sem um único médico a postos. Sabe quantos brasileiros demonstraram, em chamada recente, interesse em trabalhar nesses municípios? Zero. Nesses lugares, falta o básico do básico, conforme mostrou o repórter Gabriel Bonis em sua visita a Sítio do Quinto, município do interior baiano onde a população não tem para onde correr em caso de emergência (o caso mais simbólico foi a morte, testemunhada por uma técnica em enfermagem e um vigia, de um homem que levou uma facada e não pôde ser atendido porque não havia médico de plantão). Não estamos falando de cirurgia de alta complexidade, mas de carência humana, cuja atuação garantiria o tratamento mínimo para problemas mínimos como diarreia, gripe ou ferimentos leves, que neste diapasão de interesses e serviços se transformam em tragédias diárias e desproporcionais.
Tragédias que parecem não comover quem, de antemão, diz se sentir envergonhado pela leva de navios negreiros (?) a aportar por aqui atolados de médicos dispostos a nivelar por baixo a medicina brasileira. Pois Jean Marie Le-Pen, o líder ultradireitista francês de xenofobia desavergonhada, seria capaz de corar ao ver a reação dos médicos brasileiros, de maioria branca, que hostilizaram, vaiaram e chamaram de “escravos” os colegas cubanos, de maioria negra, durante um curso de preparação em Fortaleza. O protesto, organizado pelo Sindicato dos Médicos do Ceará, foi talvez o estágio mais alto de uma ofensiva que já teve até presidente de conselho regional de medicina pregando, como num culto, o boicote aos camaradas estrangeiros. Os manifestantes, que provavelmente se divertem ainda hoje com a herança colonial supostamente encerrada por uma lei - não coincidentemente - denominada Áurea, talvez inovassem a rebelião contra o estado das coisas no período anterior a 1888. O método consiste em cuspir no escravo para manifestar uma repulsa fajuta à escravatura. Parece um método pouco inteligente para quem levou seis anos para retirar o diploma. Não cola.
O episódio mostra que, até mesmo quando se trata de salvar a vida humana, a vida humana é contagiada pela mais devastadora das doenças: a ignorância de quem enxerga o mundo entre o certo e o errado e nada mais entre uma ponta e outra. A ignorância, neste caso, parece desnudar um resquício de desumanidade presente em um dos últimos bolsões de um elitismo pré-colonial. Um elitismo que tolera o esquecimento e a omissão, mas esperneia ao menor sinal de desprestígio, este galgado longe, bem longe, dos salões onde mais se precisa de médicos. Onde o jaleco se suja de terra ao fim do expediente.
vai continuar...
e aqui continua...
ResponderExcluirA opção de ficar nos grandes centros é, de certo modo, compreensível. Não se discute as fragilidades de um programa de emergência. Seria pouco razoável, por exemplo, negar a ausência de uma estrutura adequada para a atuação de quaisquer médicos pelo interior do País. Seria pouco razoável também negar a dificuldade para amarrar juridicamente um contrato de trabalho que prevê a triangulação entre países (um deles, bem pouco afeito à transparência) para remunerar o trabalhador. Não se nega ainda a necessidade de se regular a atuação desse médico conforme o tamanho de sua responsabilidade. Não se discute a necessidade de se validar diplomas com base em um critério honesto que não tenha como finalidade a reserva de mercado. Da mesma forma, seria razoável (ou deveria ser) supor que a urgência para a garantia de atendimento básico preceda os ajustes de rota – estes facilmente remediados com boa vontade, o que não é o caso de uma vida por um fio.
Mas, para boa parte dos ativistas de ocasião, cruzar os braços diante da suposta politicagem, do suposto populismo, do suposto oportunismo e do suposto navio negreiro é mais nobre do que atacar o problema real. Parecem a versão remodelada da conferência das aranhas do conto A Sereníssima República, de Machado de Assis. É a mais perfeita alegoria de nossa incompetência histórica: “Uns entendem que a aranha deve fazer as teias com fios retos, é o partido retilíneo; outros pensam, ao contrário, que as teias devem ser trabalhadas com fios curvos, - é o partido curvilíneo. Há ainda um terceiro partido, misto e central, com este postulado: as teias devem ser urdidas de fios retos e fios curvos; é o partido reto-curvilíneo; e finalmente, uma quarta divisão política, o partido anti-reto-curvilíneo, que fez tábua rasa de todos os princípios litigantes, e propõe o uso de umas teias urdidas de ar, obra transparente e leve, em que não há linhas de espécie alguma”.
Nessa conferência, a discussão gira em torno dos símbolos atribuídos a uma mesma teia. O imobilismo é o único resultado da gritaria.
Como as aranhas de Machado de Assis, preferimos discutir o sexo dos anjos em vez de atingir o cerne de uma questão urgente: o abandono de uma parte considerável da população. Seria razoável que elas estivessem no centro do debate. Mas a razoabilidade é um objeto raro quando a ala (sempre em tese) mais esclarecida do País tem como um cartão de visita a vaia, a arrogância e a agressão.
DO SEU AMIGO CARIOCA PASQUAL MACARIELLO