FELIPE
CARVALHO é um eterno meninão e assim o será enquanto viver. Espírito jovial
desses jorrando aos borbotões por seus poros e por onde ande. Saiu lá dos
morros na beirada do cais carioca, Saúde, Gamboa e Santo Cristo, conseguiu
cursar Design numa escola particular, curso noturno e de curta duração, foi
galgando passo a passo uma trajetória vitoriosa e foi parar no final de julho
em terras argentinas. Morou meses em Bauru, quando por aqui tentou um mestrado.
Fez amigos às pampas, merecendo meus textos via blog do Mafuá, podendo ser
lidos clicando a seguir: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=felipe+carvalho.
Mais dele e sem delongas, aqui: http://www.fluidr.com/photos/ilpe86
ou aqui: http://statigr.am/tag/ilpe77.
Isso tudo
para começar afirmando que o garoto é fera, hoje um reconhecido designer da
Taco, uma loja de estampas de camisetas com temas inovadores. Chegou a grafitar
paredes dessa nova novela da TV Globo, a “Amor à Vida”, fazendo as vezes de um
dos papéis principais da trama. Seu traço já é por demais conhecido, tanto que
já foi bater asas em Macau e agora Buenos Aires. O motivo da estada já foi
motivo de um Memória Oral, o de nº 146, quando com outros colegas de classe,
todos oriundos da periferia carioca, foram participar da apresentação de trabalho
da professora Ana Beatriz Pereira de Andrade, no Encontro Anual de Design da
Universidade de Palermo. Tudo lá foi um sucesso, mas esse ousado e irrequieto garotão
queria algo mais por lá.
Dono de um
traço peculiar queria deixar sua marca registrada numa parede da cidade. Tentou
contato com o famoso muralista Miguel Rep, mas esse se encontrava fora da
cidade no período. Foi também visitar a Casa das Madres da Praça de Maio, mas
pela rapidez no contato e os poucos dias na cidade, teve que deixar a visita
com as “madres” para outra oportunidade. Daí quem lhe ajudou mesmo foi a
professora Ana e esse intrépido escrevinhador. Havíamos, eu e Ana conhecido um
restaurante fora das cercanias turísticas do Caminito, algo mais no espaço
periférico, junto das casas originais do lugar, ainda mantendo as chapas de
zinco como paredes das casas. Tratava-se do “resto Bar La Bohemia”, na rua
Magallanes 1000. A casa é cheia de inscrições pela parede, ou seja, quem por lá
aparece para almoçar pode deixar gravado uma frase e sair de lá todo pomposo.
Havíamos estado na casa dias antes, gostado do ambiente e na pressa, vendo se
aproximar o dia da despedida de Felipe, combinamos de irmos todos num grupo
para lá tentar junto aos donos uma pintura em uma de suas paredes.
Vanira Lallana nos reconhece e alegre pelo retorno, pedimos um almoço ao estilo do lugar, bifes de chorizo para todos, regados a Quilmes e a proposta logo lhe é sugerida. Aceita, mas diz ter que consultar seus outros sócios. Some na cozinha, comemos nossas carnes e a vemos sair calçada afora e entrar em casas vizinhas. Quando volta é um sorriso só: “Pode fazer, mas quero que conheçam o Felipe”. Havíamos falado dele, enchido sua bola, mas alguém mais queria conhece-lo e lá foi ele adentrar uma das casinhas do Caminito. Volta e começa a reunir tintas, sprays, pincéis, todos trazidos do Brasil.
Quem mais o ajuda é Toco Cabrera, um chileno que ele conheceu no alojamento onde está hospedado e por pura empatia, acabam por se tornarem imediatamente amigos. O local é definido por Vanira, na parte externa do bar, num local onde tempos atrás algo já havia sido pintado. O desenho escolhido é uma das marcas do artista, sua Nega, reproduzida por vários lugares onde mostra seus trabalhos. Leonardo, garçom da casa, que também desenha transforma-se numa espécie de auxiliar e lhe arruma uma escada, permanecendo de prontidão para o que mais ia sendo pedido. Em momentos todos da casa estavam na rua e vendo o início do trabalho
Riscos na parede sob o olhar atento de todos. Nisso surge e sentam-se numa das pontas um grupo de jovens do bairro, assuntam sobre o que ocorre e se inteiram de tudo diretamente com Felipe. Tudo acertado, apertos de mãos e a aprovação vem de um deles: “Vagabundo, você é como nós. Mostre a que veio”. Aval dado, todos se ajuntam, em mesas, seguidas cervejas são seguidas e daí em diante por aproximadamente duas horas Felipe sua a camisa. O frio tomava conta do lugar e quanto mais o tempo passava, mais aumentava. E ele ali de bermuda e em infinitos retoques, que pareciam não ter fim. Um perfeccionista, cheio de detalhes, riscos exclusivos, reforços com tintas daqui e dali. A nega ganhou a parede, ganhou forma, ficou imponente e quando menos se deu conta, estava pronta.
Vanira Lallana nos reconhece e alegre pelo retorno, pedimos um almoço ao estilo do lugar, bifes de chorizo para todos, regados a Quilmes e a proposta logo lhe é sugerida. Aceita, mas diz ter que consultar seus outros sócios. Some na cozinha, comemos nossas carnes e a vemos sair calçada afora e entrar em casas vizinhas. Quando volta é um sorriso só: “Pode fazer, mas quero que conheçam o Felipe”. Havíamos falado dele, enchido sua bola, mas alguém mais queria conhece-lo e lá foi ele adentrar uma das casinhas do Caminito. Volta e começa a reunir tintas, sprays, pincéis, todos trazidos do Brasil.
Quem mais o ajuda é Toco Cabrera, um chileno que ele conheceu no alojamento onde está hospedado e por pura empatia, acabam por se tornarem imediatamente amigos. O local é definido por Vanira, na parte externa do bar, num local onde tempos atrás algo já havia sido pintado. O desenho escolhido é uma das marcas do artista, sua Nega, reproduzida por vários lugares onde mostra seus trabalhos. Leonardo, garçom da casa, que também desenha transforma-se numa espécie de auxiliar e lhe arruma uma escada, permanecendo de prontidão para o que mais ia sendo pedido. Em momentos todos da casa estavam na rua e vendo o início do trabalho
Riscos na parede sob o olhar atento de todos. Nisso surge e sentam-se numa das pontas um grupo de jovens do bairro, assuntam sobre o que ocorre e se inteiram de tudo diretamente com Felipe. Tudo acertado, apertos de mãos e a aprovação vem de um deles: “Vagabundo, você é como nós. Mostre a que veio”. Aval dado, todos se ajuntam, em mesas, seguidas cervejas são seguidas e daí em diante por aproximadamente duas horas Felipe sua a camisa. O frio tomava conta do lugar e quanto mais o tempo passava, mais aumentava. E ele ali de bermuda e em infinitos retoques, que pareciam não ter fim. Um perfeccionista, cheio de detalhes, riscos exclusivos, reforços com tintas daqui e dali. A nega ganhou a parede, ganhou forma, ficou imponente e quando menos se deu conta, estava pronta.
Para
surpresa geral, pouco antes do apronto final deu a ela um nome: “é a nega Ana”.
Pronto, Ana estava ali mais derretida que manteiga em dia de calor infernal e o
produto fora da geladeira. Novamente todos à calçada e fotos do coletivo diante
da obra ainda brilhante pela tinta fresca. Vanira e os seus se derretem diante
da obra, oferece mais algumas cervejas a todos (Felipe fez tudo de forma
espontânea e gratuita). Sair de lá não foi fácil, pois a conversa parecia não
ter mais fim. A noite começava a chegar e ainda todos tinham por propósito
conhecer o La Bombonera, o estádio do Boca Juniors. E lá foi a trupe, andando
pelos trilhos até a porta do estádio e de lá, de táxi, noite alta, para o
centro de Buenos Aires, mais precisamente os altos da avenida Corrientes. A
conversa sobre tudo aquilo continuou noite adentro e a ficha demorou a cair
para Felipe. Ele andava meio nas nuvens e nem sentia o frio da noite de um
começo de agosto por aquelas bandas.
felipe é o meu eterno my boy! dona valdete que esteja sempre comigo, e me perdoe e me ajude. ilpe é um filhote que tenho como meu! my boy vai sempre em frente, se virando e tocando a vida como ela é. amor à vida é pouco pra ele. paixão sempre. gratidão ! humildade. o típico carioca. malandro, amigo, feliz, alegre. sem palavras. ana bia andrade
ResponderExcluiramor faltou as fotos de ele trocando os bicos dos sprays... e tbm toda a questão de como my boy conseguiu levar os sprays pra bue.... ana bia
ResponderExcluirHenrique
ResponderExcluirNão entendo muito desse negócio de graffite, mas gosto do que vejo. Queria te perguntar algo, mas não sei se voce é o mais adequado para responder. Talvez o próprio Felipe. Tenho notado essa nova técnica deixando a tinta escorrer. Alguns a usam ao fundo de alguma pintura, outros, como vi nesse que voce postou, o artista deixou a tinta escorrer dentro da própria pintura. Como surgiu isso? Não é só nele que é carioca, pois passei em Bauru mês passado e vi uma Frida linda pintada na Feira do Rolo e aqui perto da Grande São Paulo onde moro tem muita coisa. Um está antenado com o outro, tudo o que sai pelas paredes do Rio, sai aqui em São Paulo, Bauru e Buenos Aires. Não via isso de deixarem escorrer tinta oa fundo antes. Pode me explicar. Em alguns casos acho muito bonito, noutros nem tanto. Comentários de uma leiga, viu! Uma admiradora do que vejo de bonito por aí, algo a embelezar partes da cidade não tão bonitas.
Aurora
Respondendo a pergunta.
ResponderExcluirBom não sei exatamente de onde vem ou quem começou isso nas artes plásticas, particularmente, isso nasceu por pura admiração no trabalho de Salvador Dali "The Persistence of Memory" os relogios derretendo, e por contato com amigos grafiteiros de São Paulo também, nossos intercambios culturais, acaba gerando muita conversa sobre tecnica, arte e visão do espaço no qual queremos de alguma forma registrar algo.
Mas sempre foi bem comum o uso desse tipo de técnica, motivos existem diversos, com o pouco tempo que tenho no grafite posso dizer que existe ou existia uma rejeição muito grande na hora de pintar e a tinta escorrer, e isso sempre acontece, e no caso de uma pintura mais objetiva isso se torna um erro. Para outros artistas essa tecnica pode ter uma outra ideia.
Por ser morador do centro do Rio, e tudo que vejo ao meu redor na grande maioria são prédios em uma paisagem "dura" gosto da ideia de deixar algo relativamente livre, fazendo com que a própria tinta também dê o caminho da pintura. O grafite como conhecemos hoje vem dos grandes centros urbanos, e traz com ele toda carga de contraste,
traços fortes, cores vibrantes, contornos "duros" creio que voluntariamente ou involuntariamente uma maneira de demonstrar que ele está ali, afirmando uma posição na cidade. Imagino que essa particularidade de deixar a tinta escorrer já não esta ligado a essa afirmação estética. Por fazer parte de uma geração mais nova de grafiteiros onde
não passei pelos mesmo problemas que os primeiros, diria que deixar a tinta escorrer seria algo como dizer : Não estou afirmando, eu ja faço parte do seu cotidiano.
Reafirmo tenho pouco tempo de estrada na execução da arte urbana, então tudo ainda é bem novo pra mim, mas sempre que faço uma arte e deixo ela "livre" e escorrida na parede a sensação é de poder quase dizer ao expectador de que mesmo ele não sendo, um ilustrador, pintor ou coisa do tipo também é possível fazer arte. Qualquer pessoa que tentar pintar uma parede seja em um momento simples como a reforma do apartamento, ela vai deixar escorrer tinta, ela vai respingar, ela vai cair no chão, ou seja é um movimento creio que normal de todos nós, vivemos a mesma gravidade. Em tempos onde estamos cada vez mais desmistificando essa idéia do artista intocavél ou iluminado
vejo essa forma de expressão como uma segunda maneira de dialogar com o expectador, que sai da posição de
contemplador e entra na na esfera do : ah! isso eu também faço! é só deixar a tinta escorrer na parede!
Nesse sentido acho que o grafite democratizou a arte, a primeira parte acho que esta muito bem definida, quem por exemplo nunca teve oportunidade de ver, Frida em um museo, hoje vê na rua 24h sem faixa amarela e pode por a mão sem problema algum, creio que a segunda fase do grafite e ai arrisco em dizer que está por um caminho em informar ao publico que "Yes We Can " !
Espero que tenha respondido a pergunta.
Felipe Carvalho - Ilpe
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ResponderExcluir- free download the chainsmokers the one ringtone for mobile