domingo, 18 de agosto de 2013

FRASES DE UM LIVRO LIDO (71)


ESSA É PARA QUEM QUER DESCOBRIR QUEM SÃO OS “DONOS DO PODER” NO BRASIL
Sabe aqueles livros que brilham numa estante? Eu tinha uns desses aqui comigo. Eles despertam curiosidades mil, são imantados, não conseguem permanecer por muito tempo esquecidos numa estante. Conto a história de um deles. É o “OS DONOS DO PODER”, do maior jurista que esse país já teve, Raymundo Faoro. Já tive uma edição antiga, que li entre os anos 80 e 90, toda grafada, anotações variadas e múltiplas. Perdi essa edição não me lembro se numa enchente (moro nas barrancas do ribeirão Bauru) ou pela ação dos cupins ou a de alguém que o levou e nunca mais me devolveu. Cerca de dois anos atrás, quando meu sogro faleceu, um empedernido colecionador e devorador de livros, o carioca José Pereira de Andrade, herdei a obra doada a mim pela sua filha, Ana Bia. Fiz planos de fazer uma releitura, adiei e o folheei cheio de saudade até o último acontecimento.

Meu filho Henrique Aquino, 19 anos, estudante de Letras encomendou a obra num sebo de Araraquara, onde mora, acho quede  me ver falar tanto desse livro. Desfiz o negócio e o fiz levar o que tinha comigo. Na verdade são dois livros, edição 1 e 2, ambas da editora Globo, a original gaúcha, ano de 1977. Juntas devem somar quase mil páginas, um revelador catatau, desses feitos para quem não gosta de ser enganado e quer tomar detalhado conhecimento das entranhas dos poderosos e suas histórias. A importância do livro é exatamente essa, revelar a “formação do patronato político brasileiro”. Nas mãos do filho, como muita coisa que tinha de grandioso por aqui, está em muito boas mãos. Ele lendo, vamos promover um amplo debate para discutir seu conteúdo. Já sonho com isso.

Faoro, como disse, o considero nosso maior, mais digno, ético e reflexivo jurista. Igual a ele, hoje em dia nenhum outro. Um bálsamo sua postura. O único senão, que reconto sempre em tom jocoso foi quando Lula o convidou para ser seu vice, acredito que na sua primeira eleição. Faoro, já viúvo, aposentado, declinou de uma forma pomposa: “Lula, fico tocado pelo convite, mas acredito que mais o prejudico do que ajudo, pois do jeito que estou vivo para as putas e serei motivo de demérito para sua luta”. Essa é uma verdadeira brincadeira, bem ao estilo de Faoro. Dele, para encerrar esse curto texto dominical, lembro isso:

"O poder - a soberania nominalmente popular - tem donos que não emanam da nação, da sociedade, da plebe ignara e pobre. O chefe não é um delegado, mas um gestor de negócios, gestor de negócios e não mandatário. (...). E o povo, (...) que quer ele? Este oscila entre o parasitismo, a mobilização das passeatas (...). A lei, retórica e elegante, não o interessa. A eleição, mesmo formalmente livre, lhe reserva a escolha entre opções que ele não formulou”.

Mais dele aqui:
http://jus.com.br/artigos/24029/a-advocacia-geral-da-uniao-e-os-donos-do-poder

Três gerações de interessados na mesma obra, Zé Pereira, HPA e Henrique filho. É bom demais isso, verdadeiro livro de cabeceira.

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