Vim rever Buenos Aires e adjacências junto da Ana, companheira de todas as horas. Ela num Congresso, eu nas ruas. Ontem algumas histórias já na chegada. A primeira no aeroporto de Guarulhos. Nosso voo Gol atrasou e ficamos assuntando sobre um atraso muito maior e um grupo grande de bolivianos reclamando sobre estarem confinados ali no saguão de embarque internacional desde a noite anterior. Não puderam sair para nada, não tinham dinheiro para gastos ali, tudo muito caro e pasmem, contaram que do voo cancelado pela Gol, um grupo de passageiros mais abastados, alguns médicos e um grupo de ricos comerciantes colombianos foram levados para um hotel. Eles não. Foram abandonados ali e só embarcaram mais de doze horas depois. Uma senhora esbravejava no local, mas muito ciente de que o fazia para o nada. “De que adianta gritar aqui, onde só os que estão do meu lado ouvem. Não sabemos impor nossos direitos e isso que aqui ocorreu me prova a existência de uns muito mais iguais que outros”. Embarcaram para Cochabamba entre protestos. Tiveram seus direitos tolhidos diante de uma parte dos passageiros, com privilégios especiais.
No tumulto, eu e Ana conhecemos um casal de argentinos, também interessados no furdunço. Daí o motivo de meu texto. Ela uma médica ginecologista aposentada e ele um comerciante aposentado. Vinham de alguns dias no Brasil e reclamavam muito dos aeroportos. Não só do atraso, mas da frieza das relações com os atendentes. Conversamos pra dedéu, pois nosso voo marcado para 11h20 saiu só uma hora depois. Um assunto puxado por ele foi o condutor da conversa, a Lei de Médios. “Veja o caso do meu país, onde um grupo empresarial midiático, o Clarín quer dominar tudo, monopoliza com mais de 300 empresas o setor de mídia, comandando desde jornais, TV, internet, quer tudo e se acha correto, mesmo com uma legislação que diz ser o limite de concessões para um mesmo grupo de 4 empresas. O absurdo maior é a Justiça agindo em favor deles. Não existe oxigenação desse jeito, pensam só neles e em mais nada. E a informação que passam é distorcida, segundo a sua concepção de mercado”, foi seu comentário. Penso da mesma forma e a conversa fluiu. Sobre Cristina, a presidente disse algo interessante: “Cristina não é santa, mas é melhor do que o que tínhamos antes. A diferença dela para com a Dilma hoje é uma só. Ela não perde um só momento para estar ao lado de certos movimentos populares argentinos. Isso reduz a ação da direita que não consegue promover um movimento como no Brasil, ficam acuados e se forem para as ruas o confronto ocorrerá e feio. Na Argentina, você vai perceber, os movimentos sociais e populares estão nas ruas e a maioria ao lado de Cristina”, foram suas palavras.
Na despedida, quando pegávamos juntos as bagagens, fez questão de abraçar nós dois, desejando boa estada em seu país e me presenteou com uma edição da revista Caras Y Caretas (www.carasycaretas.org), que já conhecia de outras incursões pelo país. Disse-lhe que leio no Brasil, via edição virtual, o Página 12 (www.pagina12.com.ar) e sorrindo ouvi: “Vocês já estão muito bem encaminhados e saberão com ele muito bem o que se passa no meu país”. Dessa forma pisamos os pés em solo argentino. Histórias virão e o tempo diante de um computador, cada vez menor, daí uma antecipada desculpa (ou justificativa, sei lá) de que até dia 05/08, a maioria dos textos deverão ser mais curtos e publicados na medida do possível. Na saída de ontem à noite, a primeira constatação, estava muito mais frio em Bauru e São Paulo do que aqui. Um show a reverenciar Elis Regina e quase fomos ter com o Brasil logo na primeira noite.
NOSSA PRIMEIRA NOITE MUSICAL EM BUENOS AIRES
Noite de jueves (quinta), 25/07, num barzinho vendendo muitos CDs brasileiros (todos mais baratos que no Brasil) e com um restaurante com comidas a preços honestos, o NOTORIUS (www.notorius.com.ar - av. Callao 966, 500 mts de onde estamos)), assistimos a um show do cubano IBRAHIM FERRER JUNIOR E GRUPO, filho do grande músico cubano do Buena Vista Social Clube, apresentando LA TROVA CUBANA. Uma mesa do lado do palco e até dançamos ao som intimista do filho do grande músico cubano, residente aqui. As fotos falam mais do qualquer palavra. Só para sentirem o clima do Notorius, ontem, sábado teve feijoada brasileira (diminuta para o jeito como o brasileiro a consome) com samba dos bons a tarde toda e hoje a noite quem canta por lá, por 300 pesos é PAULINHO MOSKA (ingressos esgotados - 100 lugares, tentamos mas não houve jeito, lotado). A casa bomba de som brasileiro e em agosto quem pisa por lá é nada menos que NANÁ VASCONCELOS e quem deve lotar o imenso teatro Gran Rex, na Corrientes, 26/08 é EGBERTO GISMONTI. Sintam só os detalhes dos indicadores de banheiros masculino e feminino do lugar, se não é para amar à primeira vista (uma foto de Chico no masculino e de Bebel Gilberto no feminino). Mais em casa impossível. Fiquem com Ibrahim e sua voz divinal. HPA, relatos portenhos.
NOSSA PRIMEIRA NOITE MUSICAL EM BUENOS AIRES
Noite de jueves (quinta), 25/07, num barzinho vendendo muitos CDs brasileiros (todos mais baratos que no Brasil) e com um restaurante com comidas a preços honestos, o NOTORIUS (www.notorius.com.ar - av. Callao 966, 500 mts de onde estamos)), assistimos a um show do cubano IBRAHIM FERRER JUNIOR E GRUPO, filho do grande músico cubano do Buena Vista Social Clube, apresentando LA TROVA CUBANA. Uma mesa do lado do palco e até dançamos ao som intimista do filho do grande músico cubano, residente aqui. As fotos falam mais do qualquer palavra. Só para sentirem o clima do Notorius, ontem, sábado teve feijoada brasileira (diminuta para o jeito como o brasileiro a consome) com samba dos bons a tarde toda e hoje a noite quem canta por lá, por 300 pesos é PAULINHO MOSKA (ingressos esgotados - 100 lugares, tentamos mas não houve jeito, lotado). A casa bomba de som brasileiro e em agosto quem pisa por lá é nada menos que NANÁ VASCONCELOS e quem deve lotar o imenso teatro Gran Rex, na Corrientes, 26/08 é EGBERTO GISMONTI. Sintam só os detalhes dos indicadores de banheiros masculino e feminino do lugar, se não é para amar à primeira vista (uma foto de Chico no masculino e de Bebel Gilberto no feminino). Mais em casa impossível. Fiquem com Ibrahim e sua voz divinal. HPA, relatos portenhos.
Meu caro HENRIQUE
ResponderExcluirO bonito dos seus relatos de viagem é que neles não tem pontos turísticos. Tem contato com gente do povo.
Gostei muito do entendimento dado ao seu texto de como a Argentina consegue resolver seus problemas com a ditadura e o Brasil não. O argentino enxergou isso e deixou isso claro no encontro que tiveram.
Por que nossas forças políticas não querem fazer o mesmo aqui e enfrentar o seu passado?
Eis a pergunta que não quer calar.
Um forte "abracito" do
Alvarenga