A FRAGILIDADE E A MILITÂNCIA DE CADA UM – ADEUS AO LEONAM
LOUREIRO
Estou longe de Bauru e cheio de problemas profissionais e
pessoais, algo tomando meu dia, meu tempo e me consumindo de uma forma como só
quem está longe de casa pode me entender. Tudo parece se avolumar quando longe
dos seus, do seu “quadrado”, como dizem alguns. Meio sem chão recebo a notícia
de mais uma morte, a de uma pessoa conhecida, o LEONAM LOUREIRO, militante da
minha geração, pois não deve estar com muito mais do que a minha idade. Eu,
aqui cheio de problemas também de saúde, vejo que muitos outros com a mesma
idade que eu estamos quase todos tomados por irremediáveis, alguns
incontornáveis. Eu sempre cuidei muito mal de minha saúde, sempre fui um
contumaz descuidado e hoje ao sentir os primeiros sintomas no corpo desse
descuido, sinto algo estranho por dentro, algo me travando e sem poder quase
nada para reverter, como queria e achava até então fácil. Vejo que a partir
desse momento nada será fácil, o corpo já não é o mesmo e expõe os reflexos de
como o tratei até aqui.
Escrevo isso e me volto para Leonam. Nunca fui próximo dele,
estivemos juntos em várias trincheiras de luta, poucas dentro das mesmas
agremiações políticas (sim, no Brasil os partidos são agremiações). Em alguns
momentos, mesmo dentro de algo onde o pensamento tinha como objetivo um mesmo
ponto lá no horizonte, os caminhos diversos, o agir diferente nos tornava um
tanto distantes. Isso acontece muito hoje em dia, teses já foram defendidas
sobre esse distanciamento das esquerdas, uma pratica que não tem uma real
aproximação. Vejo muito nítido isso hoje, principalmente no que concerne à
atuação dos Black blokers, quando não vejo ação revolucionária no que fazem,
pois está nítido que rejeitarão às esquerdas logo ali na frente, o mesmo que
foi feito com muitos dos jovens que foram às ruas numa movimentação nunca antes
vista nos país. Estava claro não serem nada revolucionários e sim,
conservadores, mas alguns segmentos achavam que tinham que se posicionar ao
lado deles. Assim o fizeram e assim o fazem, mesmo sabendo que a traulitada
ocorrerá logo mais.
Leonam, como todos de esquerda, já militou dentro do PT e
depois alçou outros vôos, sempre à esquerda. Tentava reorganizar o PSOL na
cidade e nos encontrávamos pelas ruas. Não sabia do seu problema de saúde e a
última vez que o vi ele estava nas escadarias da Câmara Municipal, acho que na
penúltima manifestação da movimentação nas ruas, quando de longe não o
reconheci e em alguns momentos me perguntei quem seria aquele senhor perto do
alto falante. Era o Leonam. Papeamos e nos atualizamos. Hoje ele se vai e fica
mais uma lacuna, mais um buraco do lado de cá. Eu me preocupo sobre isso e tudo
o mais, pois não estou mais lá grande coisa. Como somos frágeis e não
sabemos...
Estava com hepatite há algum tempo, grande figura...
ResponderExcluirSILVIO SELVA
O conheci na Apeoesp ....grande figura mesmo
ResponderExcluirAndré Zambello
Meu caro Henrique
ResponderExcluirEntendo sua angústia.
Tente levar tudo por algo que tínhamos em mente quando das antigas lutas: Ninguém está sozinho e o povo unido jamais será vencido.
Continue travando as lutas coletivamente e não estará nunca sozinho.
Um baita abracito do
Daniel Carbone
Um forte abraço Henrique.
ResponderExcluirBeatriz Alves Torres - Águas de Lindóia