quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

FRASES (113)


O BOULEVARD SHOPPING NAÇÕES, O EMPREENDIMENTO JUNTO DA ESTAÇÃO SOROCABANA E OS TOMBAMENTOS HISTÓRICOS AQUI E PELO BRASIL AFORA
Primeiro quero escrever umas linhas de uma pessoa, AVELINO CORTELINI, paulistano, manager do Grupo Marca. Esse foi o senhor que viabilizou o empreendimento do Boulevard Nações, o shopping que hoje encanta todos pelos lados da Marcondes Salgado. Posso não gostar muito de shoppings, mas não posso negar e tapar o sol com a peneira, tudo na região foi revitalizado. Avelino foi taxado de maluco, lunático, mas continuou movendo céu e terra até conseguir algo pouco conseguido por aqui, trouxe empreendedores de fora e ocupou aquela área respeitando todos os padrões de civilidade pertinentes ao mundo do capital. Seguiu tudo à risca, espantando muitos daqui. Vive disso, de levantar negócios e trazer gente para executar os investimentos. A chaminé da antiga Antarctica, tombada pelo CODEPAC (órgão local de tombamento) continua lá e só não está incorporada de fato ao projeto por falta de um projeto criado para ela. E uma estação de trem para abrigar a Maria Fumaça só não existe ali por causa de um purismo ainda inexplicável. Pergunte para qualquer morador das imediações o que acha do que ocorreu no lugar e a resposta será sempre positiva. Foi mais do que um parto para Avelino e sua trupe vergar interesses contrários. Esses ele venceu e podem me falar o que quiserem dele, mas não tenho nada contra o que foi feito. Ele levantou um negócio e foi em busca dos investidores e o que se viu foi algo inédito para Bauru.

Avelino é mesmo um lunático. Esteve também envolvido na questão da Estação da NOB, enfim comprada (acertadamente) pela Prefeitura de Bauru. Foi outro parto conseguir a aprovação junto ao Condephaat (órgão estadual de tombamento), de que algo precisaria ser feito e de imediato ali para não se perder a estação de vez. Isso foi conseguido e agora, na sequência falta surgirem os projetos e sua definitiva ocupação pela Prefeitura. Aqui também o dedo do Avelino. Tem mais, esse um imbróglio ainda não resolvido. Do lado da estação da NOB, outra, a da Sorocabana (a primeira de Bauru), numa área degradada junto a avenida Pedro de Toledo, abandonada há décadas e com mato crescendo por tudo quanto é lado. Por anos ele tenta viabilizar junto ao CODEPAC o mesmo que fez no Boulevard , a implantação de um grande empreendimento, com prédios de apartamentos, escritórios, atraindo moradores com custo relativamente baixo para revitalizar área central de Bauru. No quesito da estação, ela ali permanecerá e lindona, imponente e soberana. Se o CODEPAC ainda possui desconfianças ou impedimentos, que me desculpem, mas estão sendo obtusos, o que não acredito. Estive no Conselho por oito anos, discutimos, aprovamos e não consigo imaginar esse sendo um dos que impedem a chegada do empreendimento salvador para o local. Não vejo no que o órgão estadual possa querer brecar algo de tamanha utilidade para Bauru. Enfim, quais as forças que jogam contra a viabilização desse empreendimento.

São tantas coisas. O fato é que Avelino está prestes a jogar a toalha e largar tudo. Se o fizer, precisaremos explicar tim tim por tim tim o que estava sendo proposto para aquela área e por quais motivos gente daqui estão tentando inviabilizar o projeto. Não me entra na cabeça ver gente do CODEPAC instigando o órgão estadual para criar problemas na aprovação de algo, pois perdendo esse projeto, toda a área deverá permanecer ali abandonado por mais décadas e décadas. Não existe nada de aviltante no que lá irá ocorrer, existe sim, algo renovador e revitalizando de fato e de direito uma degradada área no centro de Bauru. Basta de purismos, disso estamos mais que cheios. Preservacionismo decididamente não é isso. Quem já botou os olhos no projeto (o Da Silva, do Sindicato dos Ferroviários tem uma cópia) não consegue ser contra. Quero encerrar esse texto com algo que acabo de ler na edição dessa semana na revista semanal Carta Capital (nº 777), “Ressureição Arquitetônica”, matéria assinada por Willian Vieira sobre “a arte de reintegrar o tempo e o espaço e devolver prédios e avenidas a memória pública”. Não consigo lincar o texto aqui, pois acredito ainda não esteja disponibilizado pela revista, mas no seu bojo algumas frases pinçadas por mim, propiciando uma comparação com o que o arquiteto SAMUEL KRUCHIN (matéria baseada em seu trabalho com imóveis tombados) tenta fazer com obras tombadas, devolvendo-as à utilidade, eliminando o que mais se vê hoje, o imóvel ser tombado e também abandonado ao sabor do tempo. Dessa união de interesses, mais do que um novo olhar sobre as questões de tombamento.

Vamos as tais frases escolhidas por mim:
- “Não temos hoje uma política consistente de recuperação do patrimônio. (...) E o Brasil está distante de atrair a iniciativa privada para a restauração”.
- “O poder público tem pouco capital para investir. O tombamento, feito por seus órgãos de preservação, é lento e obtuso. Isso afasta em aprovar a história de antigas construções em novos empreendimentos”. (...) O tombamento funciona como limitador dessa ânsia de terra arrasada”. (...) Como investir numa área sem saber o que se pode fazer ali?”.
- “O Brasil é um dos países com maior patrimônio arquitetônico. Estados Unidos e Argentina não tem nada parecido. Nós temos o barroco, as fortificações do século XVI, a rede de conventos e igrejas de Pelotas a Manaus, os núcleos urbanos criados pelo café. Boa parte dessa herança, ainda que tombada, jaz abandonada. Uma das razões é ver o restauro como arte de criar bibelôs. A gente não pode ver o patrimônio como uma massa passiva dentro da estrutura urbana, subsidiada. Esse bem só se manterá se a estrutura gerar valor, como acontece na Europa. A política de preservação tem de ser indutora da sua própria preservação”.
- “Restauro é interpretação. (...) O edifício fala. Você precisa se aproximar dele, auscultá-lo”. (...) Precisamos ganhar de volta as nossas cidades. Restaurar é reativar a dialética entre espaço, tempo e memória”.

OBS.: Escrevo isso, não munido por interesses econômicos, muito menos tendo recebido altos soldos (nem baixos) de alguém para fazê-lo. Meu intuito é bem outro. Ou avançamos em algumas questões ou continuaremos eternamente esmurrando facas, sem sair do lugar. A cidade está prestes de perder esse empreendimento e não me conformo que isso possa estar ocorrendo, sem que uma grita ocorra para salvá-lo. É o que faço nesse momento e lugar.E olha que sou socialista, mas vivendo dentro do seio capitalista, não posso me aquietar e ver que interesses bestiais ainda impedem que algo rejuvenecedor floresça. Daí eu esperneio.

6 comentários:

  1. Henrique

    Tem gente que tudo quer e acaba com isso não conseguindo nada. Passo diariamente ali na Pedro de Toledo e quando penso no que pode ocorrer ali e dando o pontapé inicial para que toda a região da estação se modernize e nada acontecesse, percebo que tem gente se colocando acima de todos, como sumidades e só eles os experts em tudo. Até quando isso?
    André Ramos

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  2. Pq será que eu não me espantei com a sua publicação?!!!!! Sério, tenho tanta coisa pra fazer que meu tempo praticamente não dá para assumir mais compromissos além dos que já tenho. Mas, que já pensei em me candidatar e concorrer com uma chapa no CODEPAC, ah isso já pensei sim e bem mais que uma vez!!!!


    Eu sou totalmente à favor de associar a iniciativa privada à questões como essa: resgates de prédios de valor histórico juntamente com propostas no entorno comerciais...

    Hoje pela manhã, conversando com um amigo fiquei sabendo que foi feito uma parceria entre um empresário do ramos de oficina para vagões de trens onde era antigamente as oficinas da FEPASA ou Sorocabana (sempre me confundo). Isto sim me deixou perplexa (no bom sentido), pq tudo é tão, mas tão complicado qdo se trata da coisa pública (vide exemplo acima) que, acabamos por jogar a toalha. Mas tem um detalhe: também ouvi da mesma pessoa a pergunta do pq desistimos do Memorial da Indústria - respondo - somente se eu ou o Domingos Malandrino morrer ou algo muito grave acontecer desistiremos desse projeto. e tenho dito!

    KÁTIA SAMPAIO

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  3. Henrique
    Com ctz correto sua escrita a respeito do Avelino, pois minha familia é uma da pioneiras da vila antarctica cardia e adjacencias e o empreendimmento que construiu o shoping compraram nossas casas e pagaram preço justo, para nós pessoas humildes e da labuta foi uma vitória...
    José Eduardo Ávila

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  4. HENRIQUE

    VEJA ISSO

    http://www.youtube.com/watch?v=IYx0473qn2Q

    http://www.youtube.com/watch?v=IMedhu2VndU

    http://www.youtube.com/watch?v=W-ioFeIEyb0

    ENTREVISTAS COM O AVELINO NA TV RECORD

    VALÉRIA

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  5. Conheci o Avelino quando estava na prefeitura, e realmente ele teve toda uma preocupação para que a obra do shopping fosse feita de acordo com as regras.
    Ricardo Coelho

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  6. Caro Henrique, gostaria muito que você voltasse a participar das reuniões do CODEPAC, pois realmente vivemos um momento de reflexão sobre qual o limite para praticarmos radicalismos e o "purismo" nas definições e limitações impostas muitas vezes sem considerar a realidade que nos cerca com a razoabilidade que sempre é necessária, juntamente com o bom senso, nas decisões que envolvem interesse público.
    Elson Reis

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