O BOULEVARD
SHOPPING NAÇÕES, O EMPREENDIMENTO JUNTO DA ESTAÇÃO SOROCABANA E OS TOMBAMENTOS HISTÓRICOS
AQUI E PELO BRASIL AFORA
Primeiro
quero escrever umas linhas de uma pessoa, AVELINO CORTELINI, paulistano, manager do Grupo
Marca. Esse foi o senhor que viabilizou o empreendimento do Boulevard Nações, o
shopping que hoje encanta todos pelos lados da Marcondes Salgado. Posso não
gostar muito de shoppings, mas não posso negar e tapar o sol com a peneira,
tudo na região foi revitalizado. Avelino foi taxado de maluco, lunático, mas
continuou movendo céu e terra até conseguir algo pouco conseguido por aqui,
trouxe empreendedores de fora e ocupou aquela área respeitando todos os padrões
de civilidade pertinentes ao mundo do capital. Seguiu tudo à risca, espantando muitos daqui. Vive disso, de levantar negócios e trazer gente para executar os investimentos. A chaminé da
antiga Antarctica, tombada pelo CODEPAC (órgão local de tombamento) continua lá
e só não está incorporada de fato ao projeto por falta de um projeto criado
para ela. E uma estação de trem para abrigar a Maria Fumaça só não existe ali por
causa de um purismo ainda inexplicável. Pergunte para qualquer morador das
imediações o que acha do que ocorreu no lugar e a resposta será sempre
positiva. Foi mais do que um parto para Avelino e sua trupe vergar interesses
contrários. Esses ele venceu e podem me falar o que quiserem dele, mas não
tenho nada contra o que foi feito. Ele levantou um negócio e foi em busca dos
investidores e o que se viu foi algo inédito para Bauru.
Avelino é
mesmo um lunático. Esteve também envolvido na questão da Estação da NOB, enfim
comprada (acertadamente) pela Prefeitura de Bauru. Foi outro parto conseguir a
aprovação junto ao Condephaat (órgão estadual de tombamento), de que algo
precisaria ser feito e de imediato ali para não se perder a estação de vez.
Isso foi conseguido e agora, na sequência falta surgirem os projetos e sua
definitiva ocupação pela Prefeitura. Aqui também o dedo do Avelino. Tem mais,
esse um imbróglio ainda não resolvido. Do lado da estação da NOB, outra, a
da Sorocabana (a primeira de Bauru), numa área degradada junto a avenida Pedro de Toledo, abandonada há
décadas e com mato crescendo por tudo quanto é lado. Por anos ele tenta
viabilizar junto ao CODEPAC o mesmo que fez no Boulevard , a implantação de um
grande empreendimento, com prédios de apartamentos, escritórios, atraindo
moradores com custo relativamente baixo para revitalizar área central de Bauru.
No quesito da estação, ela ali permanecerá e lindona, imponente e soberana. Se o CODEPAC ainda possui desconfianças ou impedimentos,
que me desculpem, mas estão sendo obtusos, o que não acredito. Estive no
Conselho por oito anos, discutimos, aprovamos e não consigo imaginar esse sendo
um dos que impedem a chegada do empreendimento salvador para o local. Não vejo
no que o órgão estadual possa querer brecar algo de tamanha utilidade para
Bauru. Enfim, quais as forças que jogam contra a viabilização desse empreendimento.
São tantas
coisas. O fato é que Avelino está prestes a jogar a toalha e largar tudo. Se o
fizer, precisaremos explicar tim tim por tim tim o que estava sendo proposto
para aquela área e por quais motivos gente daqui estão tentando inviabilizar o
projeto. Não me entra na cabeça ver gente do CODEPAC instigando o órgão
estadual para criar problemas na aprovação de algo, pois perdendo esse projeto,
toda a área deverá permanecer ali abandonado por mais décadas e décadas. Não
existe nada de aviltante no que lá irá ocorrer, existe sim, algo renovador e
revitalizando de fato e de direito uma degradada área no centro de Bauru. Basta
de purismos, disso estamos mais que cheios. Preservacionismo decididamente não é isso. Quem já botou os olhos no projeto (o Da Silva, do Sindicato dos Ferroviários tem uma cópia) não consegue ser contra. Quero encerrar esse texto com algo
que acabo de ler na edição dessa semana na revista semanal Carta Capital (nº
777), “Ressureição Arquitetônica”, matéria assinada por Willian Vieira sobre “a
arte de reintegrar o tempo e o espaço e devolver prédios e avenidas a memória
pública”. Não consigo lincar o texto aqui, pois acredito ainda não esteja
disponibilizado pela revista, mas no seu bojo algumas frases pinçadas por mim,
propiciando uma comparação com o que o arquiteto SAMUEL KRUCHIN (matéria
baseada em seu trabalho com imóveis tombados) tenta fazer com obras tombadas,
devolvendo-as à utilidade, eliminando o que mais se vê hoje, o imóvel ser
tombado e também abandonado ao sabor do tempo. Dessa união de interesses, mais
do que um novo olhar sobre as questões de tombamento.
Vamos as tais frases escolhidas por mim:
- “O poder
público tem pouco capital para investir. O tombamento, feito por seus órgãos de
preservação, é lento e obtuso. Isso afasta em aprovar a história de antigas
construções em novos empreendimentos”. (...) O tombamento funciona como
limitador dessa ânsia de terra arrasada”. (...) Como investir numa área sem
saber o que se pode fazer ali?”.
- “O Brasil
é um dos países com maior patrimônio arquitetônico. Estados Unidos e Argentina
não tem nada parecido. Nós temos o barroco, as fortificações do século XVI, a
rede de conventos e igrejas de Pelotas a Manaus, os núcleos urbanos criados
pelo café. Boa parte dessa herança, ainda que tombada, jaz abandonada. Uma das
razões é ver o restauro como arte de criar bibelôs. A gente não pode ver o patrimônio
como uma massa passiva dentro da estrutura urbana, subsidiada. Esse bem só se
manterá se a estrutura gerar valor, como acontece na Europa. A política de
preservação tem de ser indutora da sua própria preservação”.
- “Restauro
é interpretação. (...) O edifício fala. Você precisa se aproximar dele, auscultá-lo”.
(...) Precisamos ganhar de volta as nossas cidades. Restaurar é reativar a
dialética entre espaço, tempo e memória”.
OBS.:
Escrevo isso, não munido por interesses econômicos, muito menos tendo recebido
altos soldos (nem baixos) de alguém para fazê-lo. Meu intuito é bem outro. Ou avançamos
em algumas questões ou continuaremos eternamente esmurrando facas, sem sair do
lugar. A cidade está prestes de perder esse empreendimento e não me conformo que
isso possa estar ocorrendo, sem que uma grita ocorra para salvá-lo. É o que
faço nesse momento e lugar.E olha que sou socialista, mas vivendo dentro do seio capitalista, não posso me aquietar e ver que interesses bestiais ainda impedem que algo rejuvenecedor floresça. Daí eu esperneio.
Henrique
ResponderExcluirTem gente que tudo quer e acaba com isso não conseguindo nada. Passo diariamente ali na Pedro de Toledo e quando penso no que pode ocorrer ali e dando o pontapé inicial para que toda a região da estação se modernize e nada acontecesse, percebo que tem gente se colocando acima de todos, como sumidades e só eles os experts em tudo. Até quando isso?
André Ramos
Pq será que eu não me espantei com a sua publicação?!!!!! Sério, tenho tanta coisa pra fazer que meu tempo praticamente não dá para assumir mais compromissos além dos que já tenho. Mas, que já pensei em me candidatar e concorrer com uma chapa no CODEPAC, ah isso já pensei sim e bem mais que uma vez!!!!
ResponderExcluirEu sou totalmente à favor de associar a iniciativa privada à questões como essa: resgates de prédios de valor histórico juntamente com propostas no entorno comerciais...
Hoje pela manhã, conversando com um amigo fiquei sabendo que foi feito uma parceria entre um empresário do ramos de oficina para vagões de trens onde era antigamente as oficinas da FEPASA ou Sorocabana (sempre me confundo). Isto sim me deixou perplexa (no bom sentido), pq tudo é tão, mas tão complicado qdo se trata da coisa pública (vide exemplo acima) que, acabamos por jogar a toalha. Mas tem um detalhe: também ouvi da mesma pessoa a pergunta do pq desistimos do Memorial da Indústria - respondo - somente se eu ou o Domingos Malandrino morrer ou algo muito grave acontecer desistiremos desse projeto. e tenho dito!
KÁTIA SAMPAIO
Henrique
ResponderExcluirCom ctz correto sua escrita a respeito do Avelino, pois minha familia é uma da pioneiras da vila antarctica cardia e adjacencias e o empreendimmento que construiu o shoping compraram nossas casas e pagaram preço justo, para nós pessoas humildes e da labuta foi uma vitória...
José Eduardo Ávila
HENRIQUE
ResponderExcluirVEJA ISSO
http://www.youtube.com/watch?v=IYx0473qn2Q
http://www.youtube.com/watch?v=IMedhu2VndU
http://www.youtube.com/watch?v=W-ioFeIEyb0
ENTREVISTAS COM O AVELINO NA TV RECORD
VALÉRIA
Conheci o Avelino quando estava na prefeitura, e realmente ele teve toda uma preocupação para que a obra do shopping fosse feita de acordo com as regras.
ResponderExcluirRicardo Coelho
Caro Henrique, gostaria muito que você voltasse a participar das reuniões do CODEPAC, pois realmente vivemos um momento de reflexão sobre qual o limite para praticarmos radicalismos e o "purismo" nas definições e limitações impostas muitas vezes sem considerar a realidade que nos cerca com a razoabilidade que sempre é necessária, juntamente com o bom senso, nas decisões que envolvem interesse público.
ResponderExcluirElson Reis