MENDIGO TIMURA MORREU COM MAIS DE SEIS MIL NOS BOLSOS
Eu havia visto a manchete no Jornal da Cidade de hoje, “ANDARILHO MORTO COM R$ 6 MIL GUARDAVA SEUS PERTENCES EM CARRIOLA”, mas não havia atinado tratar-se do seu TIMURA, um velho conhecido das ruas de Bauru. Acredito ter sido a pessoa que mais o fotografou nos últimos tempos. Havia publicado como uma crônica de final de ano especialmente para o mesmo jornal, publicada em 13/12/2010, o começo do meu interesse pelo seu estado e sua pessoa:http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=seu+timura. Foi a primeira vez que escrevi dele. Depois, confesso, sua imagem nunca mais me saiu da cabeça. O motivo era um só, eu moro nas imediações da rodoviária e era por onde ele circulava. Dormia de início debaixo da marquise de embarque do Terminal Rodoviário, depois com o passar do tempo, fecharam as entradas via Nuno de Assis e ele passou a estacionar o seu trenó debaixo de um ponto de ônibus ali na Nuno de Assis. Cheguei a vê-lo em muitos dias, deitado na beiradinha do rio, debaixo de uma árvore que ali nasceu, com toda a sua tralha bem junto de si. Não havia como vê-lo diariamente e manter-se indiferente.
Tentei conversar com ele várias vezes. Suas respostas eram sempre muito curtas, evasivas, não puxava conversa e o máximo que consegui foi extrair seu nome, TIMURA, que nem sei se é o verdadeiro. Sua rotina diária era um desconserto para mim, pois o via logo cedo subindo a Nações ou a Antonio Alves, indo até na altura da praça Rui Barbosa, quando fazia meia volta e voltava pela Araújo ou mesmo pela Nações. Ouvia dizer que não pedia comida e comprava regularmente um marmitex no Confiança Rodoviária. Depois, outros me disseram que por causa do seu cheiro e das reclamações, não passou mais a comprar sua comida ali. Tenho certeza que poucos foram os que conseguiram falar com ele. Certa vez liguei para o Julinho, ex-presidente lá do Nipo, o clube japonês da cidade e ele me disse que já haviam tentado de várias formas tirá-lo das ruas. Nenhuma com sucesso. Existe uma máxima que diz que japonês não gosta de ver outro de sua raça nas ruas, algo que consideram vergonhoso. Esse, por mais que tentassem, não saia das ruas. Sempre nos mesmos lugares, daí as muitas fotos que fui tirando dele com o passar dos anos.
Em 03/07/2011, escrevi dentre vários textos de pessoas nas ruas, mais esse: “Seu Timura é da linhagem japonesa e vive nas ruas. Circula por uma restrita área. Dorme junto a algum banco na rodoviária, próximo do embarque do Expresso de Prata (canto esquerdo) e de lá circula pela Araújo Leite, Nações e Antonio Alves, voltando para o ponto de origem. Fica boa parte do dia parado debaixo de um ponto de ônibus defronte a rodoviária, sentado olhando para o horizonte. Sua maior preocupação no momento passa bem longe de qualquer dessas coisas que os jornais discutem à exaustão. ‘Sou velho, a rodoviária será reformada e o lugar onde durmo só poderá ser acessado por quem irá pegar ônibus. Ali terá uma cerca. Se não puder mais entrar lá no coberto, onde irei dormir daqui para frente?’”. Em 18.12.2010, dentro de outra crônica, essa intitulada HISTÓRIAS DEZEMBRINAS, escrevi dele: “Seu Timura é o único japonês mendigo das ruas de Bauru. Passa dos 70 anos e arrasta pela cidade, uma verdadeira embarcação (ou seria trenó?) com todos seus pertences. Sem morada certa, leva sua casa de um lugar para outro, sem destino. Pernoita num canto esquecido do terminal rodoviário. Vê-lo puxando um carrinho desses de pedreiro, amarrado a um outro, desses de descarregar mercadorias em lojas, ambos abarrotados, mais de 6 metros de extensão é para deixar o Natal de qualquer um mais triste e doido”.
Ficou faltando um PERSONAGEM SEM CARIMBO – O LADO B DE BAURU com ele e para isso aguardo um pouco mais do que foi apurado, após a descoberta de que junto aos seus pertences, havia um valor considerável em espécie. Vi a notícia por cima hoje pela manhã e confesso, só tomei mesmo conhecimento de que o mendigo/andarilho da matéria do jornal era o seu Timura, quando dentro de uma agência bancária, horário do almoço, fico ouvindo a conversa de uma senhora também na fila. Caiu a ficha, era o meu velho conhecido. A matéria do JC pode ser lida clicando a seguir:http://www.jcnet.com.br/Policia/2014/02/andarilho-morto-com-6-mil-guardava-pertences-em-carriola.html. Lá também dentro do banco ouço que a Polícia ainda não sabe seu nome e nada mais dele. Dou a dica de procurarem o pessoal do Nipo Brasileiro, talvez o fio da meada saia daí. Quanto a outra coisa que também ouvi na fila do banco, sobre alguns já se apresentarem como seus parentes, algo mais do que normal. Minha opinião vale nada (ou quase isso), mas o melhor mesmo é com o dinheiro não o enterrarem como indigente e sim, comprarem a vista um jazigo num dos cemitérios da cidade e lá o deixarem descansar. Ficarei com boas lembranças do seu Timura.
OBS.: Todas as fotos são desse mafuento HPA.
Henrique, meu irmão.
ResponderExcluirVocê sempre na frente e de maneira sábia!
O pobre coitado morrer, sem assistência do Estado ou de qualquer instância de Poder: morreu vítima de atropelamento de veículo numa situação de abandono pelo Estado, porém, com mais de 6 mil reais nos bolsos.
A questão é: qual será o destino desse dinheiro todo?
Pela matéria do JC, (link no texto), o delegado plantonista José Dorneles Costa teria dito que, por enquanto o valor ficará guardado na Central de Polícia Judiciária (CPJ). “Ele fica em um lugar específico, que tem cofre para drogas, dinheiro”, revela. “Se não aparecer ninguém, é depositado para o Estado”.
NÃO! A Justiça NÃO PODE determinar que o dinheiro do falecido seja destinado ao Estado. O Estado é o responsável pela morte do infeliz.
O mínimo que se pode fazer com todo o dinheiro, é investir num funeral decente e digno para quem nunca vivia às margens da sociedade, portanto, desprovido de cidadania.
Se o Estado se apropriar desse dinheiro será um ROUBO, um CRIME com a conivência da Justiça.
Protesto!
Respeito ao Sr. TIMURA!
DIGNIDADE-JÁ!
duilio duka de souza zanni
#duilioduka.
Claro que devemos discutir sobre todas as mazelas do país, aqui na cidade morreu um "andarilho", sem nome, sem família, sem ninguém. E só AGORA querem saber quem é, se tem família ou seja ele NÃO EXISTIA!!! Até encontrarem R$6.000,00 (seis mil reais em suas roupas)...é só um paralelo pra defender os idealistas e os que estão a margem, porque muito se fala, se cobra e se exige contra os que não existem. O que querem realmente é que continuem não existindo ou que existam longe do seu mundo!!!
ResponderExcluirBruno Lopes
Fui espiar na internet e você teve 402 Compartilhamentos nesse texto e 60 comentários. Se der reproduza por aqui .
ResponderExcluirAndré Ramos
Gostaria de saber como consigo informações sobre o andarilho para tentar descobri sua identificação, pois há uma hipótese de que sua família reside no estado de Mato Grosso. Se alguém tiver um contato (telefone ou e-mail)da polícia ou outros, por gentiliza enviem para o e-mail: eu.faelperpetuo@gmail.com
ResponderExcluirMuito obrigado.
Gostaria de saber como consigo informações sobre o andarilho para tentar descobri sua identificação, pois há uma hipótese de que sua família reside no estado de Mato Grosso. Se alguém tiver um contato (telefone ou e-mail)da polícia ou outros, por gentiliza enviem para o e-mail: eu.faelperpetuo@gmail.com
ResponderExcluirMuito obrigado.
Gostaria de saber como consigo informações sobre o andarilho para tentar descobri sua identificação, pois há uma hipótese de que sua família reside no estado de Mato Grosso. Se alguém tiver um contato (telefone ou e-mail)da polícia ou outros, por gentiliza enviem para o e-mail: eu.faelperpetuo@gmail.com
ResponderExcluirMuito obrigado.