domingo, 2 de março de 2014

CARTAS (117)


DURMO, BUSCO FORÇAS PARA CONTINUAR RESPONDENDO SOBRE O QUE LEIO

Meu dia não está fácil. Depois da saída no bloco carnavalesco, onde estive enfurnado nos últimos dias, o BAURU SEM TOMATE É MIXTO, ainda não consegui reestabelecer a normalidade no combalido corpo, crivado pelas intempéries de um cansaço que não me abandona de jeito nenhum. Ontem, após a esbórnia, corpo combalido, tirei uma justa soneca num banco do Convívio Restaurante, tudo com o intuito de recarregar forças para uma noite no sambódromo. Dormi o sonos dos justos. Passo lá pela Banca Duque, do amigo Cláudio e na capa da semanal veja (minúscula mesmo) uma criminosa manchete. Quando o STF sob os auspícios de Barbosa lhe atende os anseios, elogios rasgados, como se a imparcialidade fizesse parte dos seus julgamentos e agora quando o que ocorre é o contrário, pau no STF. Querendo rir, mas sem forças, o máximo que faço após ler dois textos no Jornal da Cidade de hoje é enviar uma resposta com solicitação de publicação na Tribuna do Leitor.

ZARCILO E NASSIF. UFA! DUAS INTERPRETAÇÕES DO STF

Um bom jornal é construído no antagonismo de opiniões. Na edição dominical do JC percebo isso. Na página 2, texto do Zarcillo Barbosa, sobre a mais nova decisão da mais alta Corte do país ele destila isso: “Em 2012, surgiu a esperança de que, finalmente, o País se mostrara capaz de fazer justiça com os desmandos na política. (...) O golpe do mensalão surrupiou R$ 173 milhões em recursos, mediante conluio de alto escalão e não houve quadrilha, mas coautoria”. Isso assim jogado ao léu, até parece obra de capetistas. Foi irônico, pois defende Joaquim em tudo o que faz. Queria ver os ditos mensaleiros (houve isso?) mofando na cadeia, lhufas se isso recebe o nome de Justiça ou InJustiça. Escrevo isso do Zarcillo, pois é dois poucos que rebato e depois continuamos conversando e debatendo. Ele com seu ponto de vista, eu com o meu, sem facadas e golpes abaixo da linha da cintura. Muitos outros aboliram de vez a cordialidade.

Em outro caderno do jornal, na página 28, Luis Nassif prega o contrário versando sobre o posicionamento do ministro Barroso: “Seu único objetivo foi o da restauração da imagem do Supremo, afetadas pelos exageros de um julgamento que tinha tudo para ser exemplar. (...) Barroso é uma instituição maior que o próprio STF de hoje. É um iluminista em uma terra em que a selvageria insistentemente se sobrepõe à civilização”. Isso mesmo, concordo em gênero, número e grau, pois não existe como julgar algo sem levar em consideração os dois lados da questão, desapaixonadamente e sem influências de plantão.

Prefiro ficar com a interpretação do Nassif e encerro com algo de minha lavra. Por que poucos analisam de fato o massacre ocorrido, com forte influência midiática para criminalizar uns e deixar escapulir outros? O inquisidor Barbosa não estaria agora diante de uma mula sem cabeça, justa reviravolta no processo, algo contrariando interesses de quem se diz dono desse país. Máscaras estão caindo e quando os dois lados são oferecidos para interpretação dos leitores de um jornal, sinal de que nem tudo está perdido. Barbosa tropica no seu próprio autoritarismo clamando por penas exorbitantes e fora da normalidade. Compramos gato por lebre nesse julgamento e esse outro lado ainda não foi devidamente explicitado. Ao invés de “livrar os réus” como apregoa Zarcilo, prefiro muito mais o “não há politização que justifique a instrumentalização da Justiça”, do Nassif. Ela, a Justiça (uma com H maiúsculo) parece ter voltado aos trilhos dos quais nunca deveriam ter incentivado sua saída.

7 comentários:

  1. Henrique você pode não gostar, mas no fundo, cada um está defendendo o seu lado bandido, os seus fanatismos.

    Essa discussão de pano de fundo partidário cansou, ninguém enxerga o quanto palhaços se fizeram todos nesta questão.

    Os grandes embates ideológicos estão enterrados, não há mais lucidez para tal, tudo é um arrasta, rabos presos e sectarismos, o que era realmente para estar em pauta e provocando o questionar, isso falta não só coragem, mas a mente que se perdeu.

    E ah, o JC não é um bom jornal e sabemos disso, se algum dos pontos citados por mim acima sair do script deles vc sabe que a faca corta.

    Camarada Insurgente Marcos

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  2. Algumas pessoas que encontrei pelas ruas da cidade esta semana me pediram para me manifestar sobre um rodeio que acontecerá na cidade de Bauru lá pro final deste mês de março, com apoio da prefeitura e secretaria municipal de cultura.

    Confesso que nem sabia desta merda de evento, e o ponto principal que me perguntam é sobre o apoio do poder público e um suposto espanto de alguns sobre um prefeito que se dizia ambientalista apoiar esse tipo de coisa.

    Olha gente, já escrevi, falei muito sobre isso no passado, nada disso era para surpreender, a grana manda nesta sociedade, e o populismo safado também. Nunca leve a sério um sujeito desse que se diz ambientalista, o prefeito Rodrigo Agostinho como vários outros, sempre usaram isso como meio de vida e projeção política, esse cara nunca lambeu beira de asfalto, quando vereador sempre foi situação, mesmo em mandato suspeito de um ex-prefeito, sempre com seu lobby para aprovar projetos. O secretário de Cultura é a mesma coisa, e aprendiz de um ex-prefeito populista cassado da cidade, sempre tem um sorriso para cada ocasião, um tapinha nas costas, o "saber levar", atuar como um promoter a atender interesses que servem a prática maliciosa populista, já poderia ser até o rei Momo esse ano.

    Esses caras são assim, marionetes políticas do sistema, hoje fazem populismo no carnaval, noutro dia é na marcha para Jesus, num outro estão subindo nos bois.

    Concordo com o que todos me disseram esta semana, reclamando que o poder público jamais deveria dar tal apoio, pois rodeio é a cultura do lixo, não só o ato em si não ser boa cultura, quanto mais chamar de esporte, fora as músicas horrorosas que em nada se parecem com os verdadeiros sertanejos, fora a maioria daqueles "cowboys" que frequentam as arquibancadas, todos vestidos a "caráter", onde o máximo que chegaram perto de uma vaca na vida foi comprando carne num açougue.

    Num passado não tão distante, rodeios estavam proibidos na cidade, mas é como falei, grana e necessidade política gente, portanto esqueçam aquele lance de educação para gerar cultura e belos cidadãos, aqui já foderam com tudo.

    Camarada Insurgente Marcos Paulo

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  3. Henricão

    Os coxinhas adoram. Nos jornais de hoje eles acham que deitam e rolam. O país endireitou e para pior. Uma bosta.
    Rosana

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  4. HENRIQUE
    JÁ SAIU NO JORNAL?
    NÃO VI.
    VAI SAIR?
    QUANDO?
    ANDRÉ RAMOS

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  5. Coisas de que Joaquim Barbosa se esqueceu de ficar triste

    Antonio Lassance

    Alguém o viu expressar tristeza com o fato de o processo contra o mensalão tucano não atribuir o mesmo crime de quadrilha a Eduardo Azeredo, do PSDB de MG?








    O presidente do Supremo, relator da AP 470, esbravejador-geral da Nação, candidato em campanha a um cargo sabe-se lá do que nas eleições de outubro, decretou solenemente:

    "É uma tarde triste para o Supremo".

    É curioso como Joaquim Barbosa se mostra triste com algumas coisas, e não com outras.

    Alguém o viu expressar tristeza com o fato de o processo contra o mensalão tucano não atribuir o mesmo crime de quadrilha a Eduardo Azeredo (PSDB-MG) & Companhia Limitada?

    O inquérito da Procuradoria-Geral da República (INQ 2.280, hoje Ação Penal 536), que sustenta a denúncia contra Azeredo, foi apresentado pelo mesmo Procurador (Roberto Gurgel), ao mesmo STF que julgou o mensalão petista, e caiu nas mãos do mesmo relator, ele mesmo, Joaquim Barbosa.

    O que dizia o Procurador? Que o mensalão tucano "retrata a mesma estrutura operacional de desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e simulação de empréstimos bancários objeto da denúncia que deu causa a ação penal 470, recebida por essa Corte Suprema, e envolve basicamente as mesmas empresas do grupo de Marcos Valério e o mesmo grupo financeiro (Banco Rural)”.

    Se é tudo a mesma coisa, se são os mesmos crimes, praticados pelas mesmas empresas, com o mesmo operador, cadê o crime de quadrilha, de que Barbosa faz tanta questão para os petistas?

    Alguém viu o presidente do Supremo expressar sua tristeza sobre o assunto?

    Alguém o viu decretar a tristeza no STF quando o processo contra os tucanos, ao contrário do ocorrido com a AP 470, foi desmembrado, tirando do STF uma parte da responsabilidade por seu julgamento?

    Talvez muitos não se lembrem, mas as decisões de desmembrar o processo do mensalão tucano e de livrar Azeredo e os demais da imputação do crime de quadrilha partiram do próprio Joaquim Barbosa.

    Foi ele o primeiro relator do mensalão tucano. Foi ele quem recomendou tratamento distinto aos tucanos.

    Justificou, sem qualquer prurido, que os réus estariam livres da imputação do crime de formação de quadrilha “até mesmo porque já estaria prescrito pela pena em abstrato”, disse e escreveu Barbosa, em uma dessas tardes tristes.

    Mais que isso, livrou os tucanos também da imputação de corrupção ativa e corrupção passiva.

    O que se tem visto, reiteradamente, são dois pesos, duas medidas e um espetáculo de arbítrio de um presidente que resolveu usar o plenário do STF como tribuna para uma campanha eleitoral antecipada de sua possível e badalada candidatura, sabe-se lá por qual "partido de mentirinha", como ele mesmo qualificou a todos.

    E as tantas outras tristezas não decretadas?

    Vimos a maioria que compõe hoje o STF ser destratada como se fosse cúmplice de um crime; um outro bando de criminosos, portanto, simplesmente por divergirem de seu presidente e derrotá-lo quanto a uma única acusação da AP 470.

    Que exemplo!

    continua

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  6. continuaÇÃO

    Sempre que um ministro do Supremo, seja ele quem for, trocar argumentos por agressões, será uma tarde triste para o Supremo.

    Há uma avalanche de questões importantes, que dormem há décadas no STF, e que seriam suficientes para que se decretasse que todas as suas tardes são tristes.

    Não só há decisões, certas para uns, erradas para outros. Há sempre uma tarde triste no STF pela falta de julgamentos importantes. Cerca de metade das ações de inconstitucionalidade impetradas junto ao Supremo simplesmente não são julgadas.

    Dessas, a maioria simplesmente é extinta por perda de objeto. Ou seja, o longo tempo decorrido é quem cuida de dar cabo da ação, tornando qualquer decisão desnecessária ou inaplicável. Joaquim Barbosa se esquece de ficar triste com essa situação e de decretar seu luto imperial.

    Por exemplo, o STF ainda não julgou as ações feitas por correntistas de poupança contra planos econômicos, alguns da década de 1980. Tal julgamento tem sido sucessivamente adiado. Triste. Quem sabe, semana que vem?

    É triste, por exemplo, a demora do STF em julgar a Lei do Piso salarial nacional dos professores. Nada acontece com prefeitos e governadores que se recusam a pagar o piso salarial, enquanto o Supremo não decide a questão. Até agora, o assunto sequer entrou em pauta. Triste.

    Muito mais triste foi a tarde em que auditores fiscais do trabalho, procuradores do trabalho, militantes de direitos humanos, sindicalistas e até o ministro do Trabalho, Manoel Dias, se reuniram em frente ao Supremo para chorar pelos dez anos de impunidade da Chacina de Unaí-MG.

    Fazendeiros acusados da prática de trabalho escravo contrataram pistoleiros que tiraram a vida de quatro funcionários do Ministério do Trabalho que investigavam as denúncias.

    Nenhum dos ministros cheios de arroubos com o suposto crime de quadrilha esboçou tristeza igual com a impunidade de um crime de assassinato.

    Até o momento, aguardamos discursos inflamados contra esse crime que envergonha o país, acobertado por aberrações processuais judiciárias, uma delas estacionada no STF.

    Quilombolas e indígenas: que esperem sentados?

    Tristes foram também os quase cinco anos que o Supremo demorou para simplesmente publicar o acórdão (ou seja, o texto definitivo com a decisão final tomada em 2009) sobre a demarcação da reserva indígena de Raposa Serra do Sol (RR). Pior: ao ser publicado, o STF frisou que a decisão não serve de precedente para outras áreas. Triste.

    Faltou ainda, a Joaquim Barbosa e a outros ministros inflamados, uma mesma tristeza, uma mesma indignação e um mesmo empenho para que o STF decida, de uma vez por todas, em favor da demarcação de terras quilombolas.

    Seus processos, como tantos outros milhares, aguardam julgamento.

    Uma Ação Direta de Inconstitucionalidade foi ajuizada pelo DEM contra o decreto do presidente Lula, de 2003, que regulamentava a identificação, o reconhecimento, a delimitação, a demarcação e a titulação das terras ocupadas por essas comunidades que se embrenharam pelo interior do território nacional para fugir da escravidão.

    Por pouco não se deu algo ainda mais escabroso, pois o ministro relator de então, Cezar Pelluso, havia dado razão aos argumentos do DEM impugnando o ato.

    A propósito, na mesma tarde em que o STF julgou e afastou a imputação do crime de quadrilha aos réus da AP 470, o mesmo Joaquim Barbosa impediu a completa reintegração de posse em favor dos Tupinambás de Olivença, Bahia.

    A área dos índios estava sendo reconhecida e demarcada pela Funai. Joaquim Barbosa, tão apressado em algumas coisas, achou melhor deixar para depois. Ora, mas o que são uns meses ou até anos para quem já esperou tantos séculos para ter direitos reconhecidos?

    Realmente, mais uma tarde triste para o Supremo.

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  7. QUEM POSTOU ESSE TEXTO ACIMA FUI EU
    PASQUAL MACARIELLO - RIO RJ

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