terça-feira, 8 de abril de 2014

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (44)


BAURU VOLTA A SER A TERRA DE PASSAGEM (POR ALGUNS DIAS) COM O FESTIVAL DE BONECOS
A riqueza desse Festival de Teatro de Bonecos passando como vento por essa Bauru ainda um tanto insensível é algo que faço questão de ressaltar e com certo saudosismo. Bauru foi porta de entrada de gente de toda América Latina e hoje não é mais. Ver esses artistas todos de todos os lugares e matizes é algo encantador, sentar ao lado deles, ouvir suas histórias, ficar se encantando com o jeito como cada um fala, descreve suas histórias, falam dos seus lugares é algo único, possibilidades raras e que aproveito ao máximo. Esse Festival, organizado e conquistado pelo Kyn Junior e pela Mariza Basso devolvem um pouco disso para Bauru, tão pobre de ricas experiências latinas, principalmente com todos nossos vizinhos. Entro de cabeça nesse evento, pois sei, ano após ano encontrarei pessoas, que certamente não veria em outras oportunidades.
 
Daí bate aquela saudade de antanho, de tempos vividos décadas atrás quando o denominado Trem da Morte, o que saia daqui e nos levava até a Bolívia, trilhos da Noroeste do Brasil, traziam e levavam gente de todos esses lugares. Riqueza sem fim, perdida com a privatização. Bauru vivia cheia de latinos pelas suas ruas, desde bolivianos, paraguaios, equatorianos, peruanos, colombianos, venezuelanos, chilenos, argentinos... e brasileiros da fronteira, os mato-grossenses que hoje também circulam bem menos por aqui. O motivo de eles todos passarem por aqui, nessa acertada denominada “Terra de Passagem” não era pelas belezas dessa terra branca ou mesmo o famoso sanduíche, ou até o famoso meretrício, mas o trem. O trem foi vilipendiado com o a privatização das ferrovias e Bauru empobreceu a olhos vistos no quesito latinidade. Aquela riqueza de cultura que aqui aportava foi abortada e esse festival nos devolve um pouco disso a cada ano.

Além dos já citados, recebemos em anos anteriores mexicanos, espanhóis, portugueses, além de gente do Brasil todo, desde nordestinos até gaúchos. E na maioria das vezes, essas pessoas não aportam aqui sozinhos, acabam vindo em grupos, várias pessoas e daí no frigir dos ovos, o maravilhamento ocorre nos encontros pós-festival, nas mesas de refeições, quando todos estão frente a frente. Eu, junto de outros bauruenses desfrutei disso tudo e só ganhamos com isso. Acabo dando uma de intrometido e já vou logo estabelecendo relações com todos eles, papos infindáveis sobre seus países, conversas que não acabam mais. Não tem como não louvar quem propicia isso para Bauru e constatar que muitas pessoas, mas muitas mesmo poderiam usufruir bem mais disso tudo, dessa riqueza que passa por aqui de forma tão rápida e quando me dou conta tudo já se findou e a rotina volta a tomar conta de nossas vidas.

No evento desse ano, com muita coisa ainda em pleno andamento e podendo ser consultado no blog lá deles, o http://bonecogiraboneco.blogspot.com.br/. Tem espetáculos para todos os gostos, com gente de tudo quanto é lugar. Tudo começou com dois desfiles de Bonecos Gigantes, a maioria feita pela Cia dos Ventos de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba PR, um no Calçadão (onde participei me travestindo de Gentileza) e outro na Getúlio Vargas. Exposições ocorrem no espaço do Teatro Municipal, Bar Aeroporto e Oficina Cultural. Depois tivemos teatro de bonecos nas ruas com Beto Hinça Portugal/Brasil, O Cão na Rua com a Cia Feliz Comitiva da Argentina, o polivalente Evaldo Barros (irmão da Ariane da Cultura local) e seus bonecos de jornal (está vendendo peças feitas com jornal, cabeça de ave, manipulada com as mãos na exposição na Galeria do Teatro), o eterno curitibano Kabachuk e a Caravan Maschera unindo Brasil/Itália. Na noite de domingo uma encantadora pessoa, o argentino da Cia Tomate Avalos, Victor Avalos, que no SESC propiciou a todos os presentes ver a magia do que pode ser feito com a técnica dos balões. Victor já se tornou um amigo, gente da periferia de Tigres, uma cidade próxima de Buenos Aires (que conheci ano passado), experiências mil e conversas que não acabam mais. Na apresentação, ele saca de uma bandeira do PCBar Do Português e a estende ao lado de outra do Anarquismo, com trilha sonora da Internacional (apaixonei...). Como tem relação com Tomate e entendeu a proposta do bloco carnavalesco Bauru Sem Tomate é Mixto dei a ele minha camiseta do bloco e a vestiu na hora.

Continuo me encantando a cada pessoa nova que conheço. Os gaúchos da Cia Teatro Lumbra (www.clubedasombra.com.br) trouxeram para o Teatro municipal um espetáculo só com sombras, com a temática do Saci Pererê e foi de cair o queixo. Ontem a noite, um casal, ele peruano e ela colombiana, da Cia Concolocorvo levaram para o teatro o espetáculo El Diario del Cuervo e depois fomos todos papear jantando. Ainda tem gente da Colômbia para se apresentar, outros mais da Argentina, o argentino Miguel Nigros, artista que constrói esses bonecões gigantes, o Teatro de La Plaza argentino e tanta coisa que acabo me esquecendo de citar alguns. No encerramento, domingo 17h lá no Teatro Municipal a Cia Sylvia que Te Ama Tanto, de Sampa com “Para Meninos e Gaivotas – Um Voo Rasante”. Sinto por ter que trabalhar e não poder acompanhar esses todos também pela região, desde Promissão, Agudos e Lençóis Paulista, pois espetáculos como o do Tomato merecem serem vistos várias vezes.

Eu fico deslumbrado, escrevo demais da conta, abro meu coração, morro de saudades, bato doído na insensibilidade de gente que pode ter isso tudo aqui e agora, e deixa de se interessar, faz que isso não existe e depois critica a falta de oportunidades, a falta de opções, etc e tal. Eu não perco nada disso, atividades como essas me movem, me induzem a permanecer nas ruas, a participar, a estabelecer contatos, a conhecer mais e mais pessoas, a trocar experiências e a interagir de forma espontânea, franca e aberta. O encantamento desse festival está descrito aqui de forma bem clara. O que ganho estando enfurnado no meio dessas pessoas, não só apreciando o que sabem fazer, mas conhecendo-os é imenso pra a construção do meu dia-a-dia, da minha forma de encarar esse mundo, suas adversidades, seus enfrentamentos, trombadas, retaliações e admoestações. Sou um ser mais do que latino, adoro a convivência com todos esses verdadeiros Hermanos (com maiúscula). Que outras oportunidades terei de estar ao lado de gente assim no resto do ano na Bauru de hoje? Pouquíssimas, daí bate aquela saudade incomensurável do Trem da Morte e de uma estação lotada de gente de passagem (nem isso somos mais). Quase ia me esquecendo, mas não posso esquecer isso, o Festival é todo GRATUITO.

Obs.: O texto sai publicado com todos os possíveis errinhos (e os impossíveis também), pois na pressa de um dia cheio de atividades, não tenho tempo nenhum para correções. Me entendam...

“FULANOS E SICRANOS”, NETO FAGUNDES E BEBETO ALVES MILONGUEANDO UNS TROÇOS
Ontem fui jantar com os artistas do Festival Teatro de Bonecos e lá, mais uma vez, papos com uns gaúchos mais que divinais da Cia Teatro Lumbra, lá de Porto Alegre RS. No site deles, o www.clubedasombra.com.br, um pouquinho do que nos propiciaram na noite de domingo no Teatro Municipal com a sua versão sombreada do Saci Pererê – A Lenda da Meia Noite. Falei a eles do nosso Beto Pampa, hojeBeto Xavier, embaixador bauruense por lá, gremista de quatro costados e atuando na Ipanema FM. Todos eles muitos bons, mas do papo ali rolando na mesa um algo mais sobre a cultura gaúcha, onde pude demonstrar toda minha admiração pela verve pampeira. Muitas e muitas citações, tanto de literatura, música, imprensa, esse regionalismo cheio de encantos, etc. Um dos citados foi esse aqui, NETO FAGUNDES, cuja música muito me entusiasma. Tenho dele esse CD, o ‘NETO FAGUNDES’ (RGE, 1993) e destaco para ouvirmos juntos a “FULANOS E SICRANOS”, letra de Mauro Moraes e música do próprio Neto e com a participação mais especial do também encantador nessa fase gauchesca, Bebeto Alves, num vocal lindo. Vejam isso: http://letras.mus.br/neto-fagundes/736265/ 

3 comentários:

  1. Henrique,
    adoro ler todas as coisas que você posta e de grande importância para nossa cidade parabéns continue escrevendo pois nossa Bauru precisa de gente com você um grande abraço
    Lucia - Centro Corpo Livre

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  2. O PODER MUNDIAL NÃO PRECISA DE GOLPE NO BRASIL
    As riquezas minerais, especialmente o petróleo, continuam sendo o grande motivo de muitos golpes em diversas partes do mundo, para garantir a exploração e posse desses bens por alguns poucos países ricos. É óbvio, há interesse por outras riquezas também.
    Há quem pense, talvez a grande maioria, que quem conduz todo o esquema de exploração das riquezas dos países periféricos seja apenas o imperialista EUA. Desconhecem o verdadeiro poder mundial das 300 famílias detentoras de imensas fortunas, lideradas por 13 dinastias, que habitam em vários países. Manejam o poder através de mecanismos que se pode conhecer em meu blog, no artigo “Governo Mundial”.
    Diversos países foram invadidos ou sofreram golpes patrocinados pelos EUA, França, Grã Bretanha etc.
    No Brasil, Getúlio Vargas, ao sair do poder em 1945, deixou créditos de cerca de US$ 500 milhões junto aos EUA e £100 milhões junto a Inglaterra. José Linhares exerceu a presidência por seis meses, passando para o Marechal Eurico Gaspar Dutra que cedeu às pressões daqueles dois países devedores.
    O primeiro, EUA, obrigou o Brasil a dilapidar os créditos em mercadorias que ainda não fabricava: importou rádios de pilhas, geladeiras, iô-iôs, canetas esferográficas etc. Não pôde aplicar em bens de capital. O outro país devedor, obrigou o governo Dutra a encampar a falida e sucateada “The Leopoldina Railway Co.”, por quase todo o valor dos créditos brasileiros e, pior, faltando, pelo contrato, apenas alguns meses para voltar para a União sem nenhum custo. E Dutra, de quebra, criou a Escola Superior de Guerra, sob figurino desenhado por oficiais norte-americanos.
    Voltando à presidência, em 1951, Getulio imprimiu orientação de defesa das riquezas nacionais. Caiu em 1954, após a aprovação da Lei 2004 (monopólio estatal do petróleo) e a limitação da remessa de lucros.
    Jânio Quadros caiu em agosto de 1961, após restabelecer relações diplomáticas com países da “Cortina de Ferro”, preparar o reslabelecimento com a URSS, mandar limitar a remessa de lucros para o exterior e impedir a criação de uma Força Interamericana para invadir Cuba, proposta pelos EUA.
    João Goulart, foi derrubado após editar decreto de limitação da remessa de lucros e medidas que desgostaram a burguesia rural. O golpe que o derrubou em 1964, iniciou-se em 1954, pois o poder mundial não permitia nenhum governo que tivesse autonomia. Em 1964, devido também à conjuntura internacional, militares, com apoio de civis, consumaram o golpe idealizado, conforme o embaixador Lincoln Gordon, pelos EUA. Afinal, Cuba estava atravessada na garganta do poder internacional e já se avizinhavam outros governos populares.
    Quando Obama anunciou que iria bombardear a Síria, para derrubar o governo de Bashar Assad, era a aplicação da política de dominação universal concebida no final da II Guerra Mundial. Recuou devido à indecisão do Congresso e repúdio da opinião pública, mas não significa modificação da política para o Oriente Médio. Em 1953, ao derrubar o governo nacionalista de Mossadegh no Irã, recolonizou o pais e estabeleceu uma base para toda a região.

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  3. Foi no governo de Franklin Roosevelt (1882/1945) – quatro mandatos 1933/45 -, que foi criado o “War and Peace Program” visando ao domínio perpétuo dos EUA sobre todo o mundo, quando ainda se pensava que, com a desagregação do Império Britânico, a Grã Bretanha deixaria de ser imperialista.
    No início da ditadura militar-civil no Brasil, o grande capital internacional gozava de ampla liberdade. Porém, Geisel (1974/1979) impôs algumas medidas de defesa da nossa soberania. Fez acordo com a Alemanha para construir a usina nuclear de Angra, desagradando aos EUA, e denunciou o Acordo Militar Brasil-EUA, que Lula veio a restabelecer.
    David Rockefeller cria e preside, em 1982, o “Diálogo Interamericano” e a política imperialista para a America Latina começa a mudar.
    Sofreram golpes também, o Chile (grandes reservas de cobre), a Bolívia (gás natural), Argentina (petróleo) e até o pequenino Uruguai, estratégico para o pleno desenvolvimento das ditaduras latino-americanas.
    Os golpes foram efetuados para liberdade de exploração das riquezas minerais dos diversos países. Essa necessidade dos países dominantes persiste até hoje, para que possam desenvolver suas próprias economias e dominar a economia mundial.
    Esperava-se que, com o restabelecimento da democracia no Basil, os governos eleitos tivessem autonomia, devido à legitimidade conferida pelas urnas, e defendessem os interesses nacionais e populares. Ledo engano. Os grandes grupos internacionais continuam dando as cartas.
    Sarney, igual a peru tonto, empurrou com a barriga seus cinco anos. Collor foi mais incisivo na implantação da política econômica neoliberal que Fernando Henrique consolidou e aprofundou a desnacionalização da economia com as privatizações, a derrubada do monopólio estatal do petróleo, beneficiando as petroleiras multinacionais e atacou os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários e outras medidas lesivas aos interesses nacionais.
    Lula manteve a mesma política e, mais realista que o rei, aceitou a nomeação para a presidência do Banco Central do Brasil do indicado por David Rockefeller. Anunciou o Sr. Meireles em Washington, em Nov/2002, após sair de uma reunião como George Bush. E, no mesmo mês e ano, passou um final de semana na fazenda da família Moreira Salles, testa de ferro da multinacional Molycorps que explora nióbio no Brasil e é dona da maior reserva do mundo em Araxá. Esse preciosíssimo mineral está saindo desbragadamente para a Grã Bretanha e para os EUA, países que não dispõem em seus sub solos de nenhum grama do metal. O manganês do Amapá já acabou, e ficou apenas com os buracos.
    Dilma, aceita tudo e as empresas nacionais estão sendo adquiridas, livremente, pelas multinacionais que já dominam a rede de supermercados, lanchonetes, laboratórios, indústrias, distribuidoras de energia, telefonia etc. E privatizou o pré-sal.
    PORTANTO, se o poder mundial, o grande capital, os bancos, os grandes órgãos de mídia, o agronegócio, estão à vontade e lucrando como nunca, por que tirar do poder quem lhe atende completamente? E, de quebra, se a oposição vencer, nada mudará. Será o original derrotando a cópia.
    Interessa a esse poder, sim, derrubar governos que acabaram com a exploração de suas riquezas nacionais, como Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e até a Argentina, que está tomando medidas de defesa de suas riquezas.
    Em abril de 2014
    RONALD SANTOS BARATA
    enviado por Pasqual Macariello - Rio RJ

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