sexta-feira, 1 de agosto de 2014

RELATOS PORTENHOS (13)


NO POUCO TEMPO ANTES DE MAIS UM ANIVERSÁRIO DE BAURU
Daqui da distância bauruense de onde me encontro fico sabendo da morte da eterna missivista do JC, dona Isolina Bresolin Vianna, uma que assim como eu, permanecemos morando ad eternum nas barrancas do rio Bauru e pertinho dos trilhos da outrora estação da Cia Paulista. Ela na riba de cima, eu na riba de baixo. Ela se foi e eu pelo Mafuá já havia escrevinhado dela algumas coisas. Morava no mesmo cantinho de sempre juntos dos trilhos e quase na esquina dos Bombeiros, tendo visto de tudo ali diante de sua casa, hoje com um antes hotel de viajantes e hoje de alta frequência, entra e sai que lhe valiam boas histórias e observações. Certa vez ganhei dela um livrinho com um texto seu sobre Natal, que nunca o li, mas prometo fazê-lo um dia desses. Tinha posições bem diferenciadas das minhas, visões de mundo bem antagônicas, o que não impedíamos de manter um relacionamento cordial, de respeito mútuo. Dela só isso.

De MARIZA BASSO, vejo também por aqui que está comemorando DEZ anos de apresentações com sua Cia Teatral e fico muito feliz, não só pelo seu sucesso, como de sua Cia e do Festival de Bonecos (agora mesmo tento me encontrar com Victor Tomate Ávalos Perfil Lleno, um que conheci esse ano em Bauru e o revejo em Buenos Aires). Mariza produz e muito junto do seu Kyn Jr e como faz e acontece, muitos outros dez anos estarão a se multiplicar por toda sua vida.

Por fim, explicito aqui o que de melhor existe para mim dentro das festividades de aniversário da cidade: a apresentação e reunião do grupo QUINTAL DO BRÁS, hoje com seus integrantes espalhados em vários outros grupos, mas resistindo e se reencontrando em festividades e eventos como esse lá no Vitória Régia, festa durando o dia todo e com eles festando com o samba da palma da mão lá diante do gramado do parque central da cidade. Adoro o seu Brás (criador de tudo e dando nome ao agrupamento e na foto abaixo), ferroviário de ótima cepa. Grupo esse tendo em Ivo Fernandes, seu expoente e aglutinador maior (maior palmeiro não conheço). Sinto não estar por esses dias em Bauru por causa de não poder bater palmas para essa rapaziada toda, todos morando no meu coração. O Quintal teve um impulso nos meus tempos lá de Cultura quando o samba rolava toda semana na cantina do teatro e num dia juntou mais de 500 pessoas. Daí assustou e tivemos que parar, eles não, saltaram de lá para o mundo. E alguns deles já fazem um sucesso pra muito além do horizonte.


LA PEÑA DEL COLORADO - ARGENTINOS E BRASILEIROS
Primeiro eu achei no diário Página 12 a dica certa para a noite de quinta, música regional argentina. As opções musicais por aqui são sempre variadas, mas de todos os jornais daqui só essa de algo regional, música proveniente do interior do país. Vamos em oito pessoas para o La Peña del Colorado, um barzinho estilo rústico enfiado no meio de Palermo. Lá o salão principal é um grande corredor e no fundo um palco com o nome de nada menos que Mercedes Sosa. Primeiro comemos, depois ouvimos uma boa música com uma dupla, que em alguns momentos levou todos para a pista. Tentei esboçar algo parecido com dança, movido pelo ritmo da chacareira.

Depois, o melhor da noite, quando o show termina, eis que um distinto senhor levanta vai até seu carro e volta um violão debaixo do braço. Sua mesa logo se amplia, tomando toda a extensão de um dos lados do bar. Ele canta de tudo, algo mais do que sentido e contaginte. Outros violões surgem assim do nada e com eles outros cantantes. Não me seguro e vou até eles. Me apresento e sou recebido com um abraço e taças de vinho são levantadas. A recepção foi feita com Brasileirinho tocado por um belo de um músico, na sequência mais um brasileira e alguém dentre nós pede para que toque Mercedes Sosa.

Foi apoteótico o que fizeram, provando como é bestial essa rivalidade que muitos insistem em manter com os hermanos. Sou sempre muito bem recebido por aqui, principalmente nos bares. Contatos como esses enriquecem minha vida e a fazem seguir cada vez mais com o espírito de um verdadeiro latinoamericano. Sintam a beleza do encontro...

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