UM “PROTÓTIPO” E ALUCINANTE LUGAR NO CENTRO VELHO DA CIDADE
Quem foi que disse que em Bauru não existem lúdicos lugares? Quem disse conhece pouco das entranhas dessa varonil cidade. Conheço alguns desses lugares, todos encantadores, algo criativos e cheios de impraticáveis possibilidades. Quando num desses, a primeira pergunta que me veem à cabeça é a seguinte: mas como eu não estou enfiado num negócio desses? São coisas de bater uma identidade de propósitos, ajuntamento de possibilidades meio que à margem disso tudo permeando o dia a dia de uma típica cidade interiorana paulista. A ralação neoliberal comendo solta lá fora, um pega pra capar onde com esse calor até as mentes estão se desconstruido, piorando e se modelando aos novos tempos, tudo gerenciado por tal de "mercado" e quando percebo gente ainda seguindo no caminho oposto, o benfazejo toma conta de minha pessoa.
Primeiro eu conto do que vi. Rua Monsenhor Claro, centro velho de Bauru, quadra dois. Quase mais nenhuma residência no quarteirão. Na esquina de baixo, a avenida Rodrigues Alves e dois hotéis, um em cada esquina, todos de baixo custo, mas com clientela simpática. Do outro lado da rua, um outro fechado e a Casa Sampaio, idem, com um andar superior deslumbrante. Tudo entregue ao pó do tempo. No meio do quarteirão um restaurante popular, preços mais que módicos e algo que só mesmo os que necessitam da coisa sabem, atende para jantar até certa hora da noite. Na esquina de cima, a da rua Bandeirantes, um típico boteco, daqueles resistentes em lugares centrais. Uma funerária do outro lado da rua e no meio do quarteirão um comércio com movimentação somente durante o dia. A noite seria tudo de um breu danado, não fosse dois intrépidos jovens, desvairados por osmose e natureza. Juntaram forças, trapos e fantasia para criar um dos espaços mais inovadores dentro da concepção de que a vida deve mesmo correr pelas beiradas.
O espaço criado, mantido, gerido, subsidiado e patrocinado pelo casal é o PROTÓTIPO, reunindo tudo o que a mente humana possa imaginar ocorrendo de um velho barracão, remodelado para atrações artísticas e culturais, todas modernistas e vanguardistas. O casal é FÁBIO VALÉRIO e LIDIANE MARQUES e deles escrevo a seguir. Vamos ao lugar. Ali naquele quarteirão funcionou por décadas um barracão localizado nos fundos, entradinha apertada, cabendo um só carro, portão fechado e lá na parte detrás o depósito de livros do hoje não mais existente por aqui, escritório da Editora Saraiva. Aquele teto sem forro, armação de madeira exposta e um amplo salão pronto para divagações imagináticas. Imagino o que se sucedeu com ambos quando bateram os olhos no mesmo e pensaram em tudo o mais que poderia nascer daquilo. Nem sei como fizeram, mas o Protótipo ali está, lindo e só fluindo, vicejando e florescendo. Quanta inovação no campo teatral, circense, musical e mágico já se apresentaram por ali. A cabeça desses dois é de um fervilhamento mais do que constante, internitente, ininterrupto e amalucatista.
Pelo que sei ambos não são daqui. O Fábio é um voador. Já alçou vôo por incontáveis lugares e aqui aportou quando passou num concurso para trabalhar nas hostes da Cultura municipal. Aquietou o facho viajandista e inquieto como poucos, precisava criar algo novo para amainar uma fúria intestina que toma conta de todo seu corpo. A fúria não foi aplacada, na verdade o fogo se expandiu ainda mais quando bateu os olhos na divinal figura, em todos os sentidos, os imagináveis e os inimagináveis, a Lidiane Marques. Uma menina campineira que aportou em Bauru para estudar na Unesp, cheia de planos bem distantes do que de fato estudava e um monte deles concretizado ao conhecer o parceiro. Quando juntos o circo pegou fogo e vai continuar pegando mais e mais, pois são incendiários por natureza. Essa história dos dois vai longe, pois pensam juntos e trabalham juntos. Ontem vi lá nas apresentações da noite como tudo é feito pelos dois e o que existe de um depender muito do outro, algo só entendível quando analisamos friamente como tudo ali nasceu e sobrevive.
Ontem foi a reabertura da casa para os trabalhos do ano de 2015 e eles estão conseguindo arregimentar algo inédito para um quadrilátero como o do antigo centro da cidade, muita gente por ali. Quem possibilita uma verdadeira redescoberta do centro da cidade em suas noites merece paparicação infinita. Entrando naquele portão e adentrando o lugar, tudo montado por eles, desde arquibancadas, palco de madeira, balcão do bar, cenários, iluminação e até um improvisado camarim, escritório e em alguns momentos dormitório. Tudo é muito lúdico. Um encanto o aproveitamento que deram para poltronas antigas, doadas de um antigo cinema bauruense para a Cultura, sendo degradadas pelo desuso e quando doadas a eles, colocadas numa posição de destaque, espécie de camaote vip para a platéia. Quando o espetáculo da noite tem início, mais algumas surpresas. Tudo ali dá certo, desde o som, as luzes se acendem na hora certa e até uma escada está ali ao lado, para ser prontamente utilizada. Isso tudo gera um comentário vindo da platéia num certo momento: “Se fosse no Teatro Municipal demoraria muito mais”. Eles improvisam e tudo acontece. Trabalho de verdadeira equipe, amor no que fazem. Apostam suas vidas naquilo.
Irretocáveis até nos pequenos erros, ajustes e desencontros. As apresentações por ali possuem a cara da dupla, a proposta que está na cabeça de cada um é o próprio ali concebido. Se querem saber com toda minha sinceridade, declaro como num confessionário algo cheio de muito contentamento: Se existe lugar onde me bate uma ponta de inveja, aquele ciúme besta, vontade de ter feito ou de estar metido am algo parecido, esse algo são lugares assim, com essa verve de possibilidades amalucadas sendo agrupadas. Lugares mais chiques, cheios de nove hora, de salamaleques não me atraem, prefiro os assim. Isso me faz lembrar do Lira Paulistana e do nosso querido Armazém, o bar mais cult dessa cidade. Tentativas outras existiram na cidade, todas históricas e até hoje vejo algumas delas em pleno funcionamento. O Centro de Cultura Celina Neves, ali pertinho, na Gerson França tem a mesma característica, o barracão onde a Mariza Basso guarda suas preciosidades bonequeiras idem, toda a casa do homem de teatro, Manoel Fernandes, lugar onde montou o Atucaec e também o esço do Moitará lá no começo da vila Falcão. Outro lugar possuidor da mesma aura deve ser o atelier do artista plástico Jorge Roberto Emiliano. Ainda quero escrever de todos eles, contando de cada detalhinho observado. Hoje não me contive e me declarei para o Protótipo. Não tinha mais como esconder, morro de amor por eles. Talvez resida aí o fato de ter demorado tanto para lá estar. Tinha um baita medo de me apaixonar. Não deu outra. Tô caidaço por tudo aquilo.
O espaço criado, mantido, gerido, subsidiado e patrocinado pelo casal é o PROTÓTIPO, reunindo tudo o que a mente humana possa imaginar ocorrendo de um velho barracão, remodelado para atrações artísticas e culturais, todas modernistas e vanguardistas. O casal é FÁBIO VALÉRIO e LIDIANE MARQUES e deles escrevo a seguir. Vamos ao lugar. Ali naquele quarteirão funcionou por décadas um barracão localizado nos fundos, entradinha apertada, cabendo um só carro, portão fechado e lá na parte detrás o depósito de livros do hoje não mais existente por aqui, escritório da Editora Saraiva. Aquele teto sem forro, armação de madeira exposta e um amplo salão pronto para divagações imagináticas. Imagino o que se sucedeu com ambos quando bateram os olhos no mesmo e pensaram em tudo o mais que poderia nascer daquilo. Nem sei como fizeram, mas o Protótipo ali está, lindo e só fluindo, vicejando e florescendo. Quanta inovação no campo teatral, circense, musical e mágico já se apresentaram por ali. A cabeça desses dois é de um fervilhamento mais do que constante, internitente, ininterrupto e amalucatista.
Pelo que sei ambos não são daqui. O Fábio é um voador. Já alçou vôo por incontáveis lugares e aqui aportou quando passou num concurso para trabalhar nas hostes da Cultura municipal. Aquietou o facho viajandista e inquieto como poucos, precisava criar algo novo para amainar uma fúria intestina que toma conta de todo seu corpo. A fúria não foi aplacada, na verdade o fogo se expandiu ainda mais quando bateu os olhos na divinal figura, em todos os sentidos, os imagináveis e os inimagináveis, a Lidiane Marques. Uma menina campineira que aportou em Bauru para estudar na Unesp, cheia de planos bem distantes do que de fato estudava e um monte deles concretizado ao conhecer o parceiro. Quando juntos o circo pegou fogo e vai continuar pegando mais e mais, pois são incendiários por natureza. Essa história dos dois vai longe, pois pensam juntos e trabalham juntos. Ontem vi lá nas apresentações da noite como tudo é feito pelos dois e o que existe de um depender muito do outro, algo só entendível quando analisamos friamente como tudo ali nasceu e sobrevive.
Ontem foi a reabertura da casa para os trabalhos do ano de 2015 e eles estão conseguindo arregimentar algo inédito para um quadrilátero como o do antigo centro da cidade, muita gente por ali. Quem possibilita uma verdadeira redescoberta do centro da cidade em suas noites merece paparicação infinita. Entrando naquele portão e adentrando o lugar, tudo montado por eles, desde arquibancadas, palco de madeira, balcão do bar, cenários, iluminação e até um improvisado camarim, escritório e em alguns momentos dormitório. Tudo é muito lúdico. Um encanto o aproveitamento que deram para poltronas antigas, doadas de um antigo cinema bauruense para a Cultura, sendo degradadas pelo desuso e quando doadas a eles, colocadas numa posição de destaque, espécie de camaote vip para a platéia. Quando o espetáculo da noite tem início, mais algumas surpresas. Tudo ali dá certo, desde o som, as luzes se acendem na hora certa e até uma escada está ali ao lado, para ser prontamente utilizada. Isso tudo gera um comentário vindo da platéia num certo momento: “Se fosse no Teatro Municipal demoraria muito mais”. Eles improvisam e tudo acontece. Trabalho de verdadeira equipe, amor no que fazem. Apostam suas vidas naquilo.
Irretocáveis até nos pequenos erros, ajustes e desencontros. As apresentações por ali possuem a cara da dupla, a proposta que está na cabeça de cada um é o próprio ali concebido. Se querem saber com toda minha sinceridade, declaro como num confessionário algo cheio de muito contentamento: Se existe lugar onde me bate uma ponta de inveja, aquele ciúme besta, vontade de ter feito ou de estar metido am algo parecido, esse algo são lugares assim, com essa verve de possibilidades amalucadas sendo agrupadas. Lugares mais chiques, cheios de nove hora, de salamaleques não me atraem, prefiro os assim. Isso me faz lembrar do Lira Paulistana e do nosso querido Armazém, o bar mais cult dessa cidade. Tentativas outras existiram na cidade, todas históricas e até hoje vejo algumas delas em pleno funcionamento. O Centro de Cultura Celina Neves, ali pertinho, na Gerson França tem a mesma característica, o barracão onde a Mariza Basso guarda suas preciosidades bonequeiras idem, toda a casa do homem de teatro, Manoel Fernandes, lugar onde montou o Atucaec e também o esço do Moitará lá no começo da vila Falcão. Outro lugar possuidor da mesma aura deve ser o atelier do artista plástico Jorge Roberto Emiliano. Ainda quero escrever de todos eles, contando de cada detalhinho observado. Hoje não me contive e me declarei para o Protótipo. Não tinha mais como esconder, morro de amor por eles. Talvez resida aí o fato de ter demorado tanto para lá estar. Tinha um baita medo de me apaixonar. Não deu outra. Tô caidaço por tudo aquilo.
COMENTÁRIOS ATÉ AGORA VIA FACEBOOK:
ResponderExcluirSilvio Selva bacana o texto. Achei estranha a frase sobre o "Teatro Municipal", mas enfim...
10 h · Descurtir · 1
Henrique Perazzi de Aquino Foi ouvida lá vinda da platéia, sem identificação possível.
9 h · Curtir
Silvio Selva propostas totalmente diferentes. Mas de boa, nem vou perder 5 minutos de meu domingo filosofando sobre isso...
9 h · Descurtir · 1
Henrique Perazzi de Aquino Silvãom não façamos isso, faça como eu, vamos à feira. Problemas todos nós temos, alguns resolvíveis, outros mais demorados. O fato é que o Protótipo e o casal idealizador fazem e acontecem, como outros tantos. Daí meu encanto por eles todos.
9 h · Descurtir · 1
Artur Faleiros Neves máximo respeito lugar/proposta/pessoas incríveis.
9 h · Descurtir · 2
LM Marques Ahhh satisfação total!!!! Ficamos imersos nas ideias e fazeres, é bom sentir um pouco do feedback! E ver com olhos terceiros...! Valeu, Henrique! !
É só o Amor! !
8 h · Descurtir · 2
Edward Albiero Jr. Maravilha Henrique, Iniciativas deste naipe devem sempre ser encorajadas. Está mais do q provado q existe vida além das q são oficialmente reconhecidas. A arte tem q aprender a andar com as pernas próprias, senão o caminho sempre será direcionado e nem sempre pra onde a Arte aponta.
8 h · Descurtir · 3
Jorge Miyashiro · 34 amigos em comum
Caramba! Que legal a aventura! Boa sorte aos ventureiros, que bons ares inflem e influam as cabeças bruzeiras. Sempre na noite, sempre na penumbra Bauru é outra. A pedra geme nesse sanduba.
8 h · Descurtir · 2
Jorge Miyashiro · 34 amigos em comum
somos apreciadores desse assunto, não Edward Albiero Jr.?
8 h · Descurtir · 1
Edward Albiero Jr. Jorge. Yes I do... e vc também..._- Saudade docê, japones paraguaio...
8 h · Descurtir · 2
OUTRA RODADA DE COMENTÁRIOS EXTRAÍDOS DO FACEBOOK:
ResponderExcluirLizeth Lisete Agnelli Henrique, tive essa mesma sensação qdo conheci o espaço. Já conhecia um pouco do trabalho do casal e gostava muito. Mas, assim como vc, fiquei encantada com o lugar. Faz com q a cidade seja melhor, maior, mais colorida...
18 h · Descurtir · 3
Henrique Perazzi de Aquino Não é lindo gente, saber da existência de lugares assim? Fico tão conbtente, que já quero escrever, divulgar, ajudar no que for possível. Eles irradiam algo tão bom, são tão gente fina, merecedores de elogios múltiplos e variados, os quais não me furto. Adoro os dois e agora, fiquei apaixonado pelo jeito como construiram e mantém o tal do Protótipo. Vamos todos para lá...
11 h · Curtir · 3
José Fábio Sousa Nougueira · 18 amigos em comum
...se me permite um "pitaco": não conheço - ainda - esse espaço cultural, mas o parabenizo pelo texto (muito bem escrito) pelo fato de estar divulgando algo que acontece na área cultural. Isso é - e sempre será - digno de elogios, principalmente da par...Ver mais
10 h · Descurtir · 3
Mariza Basso Formas Animadas Quando conheci o espaço tive a mesma sensação, um espaço arrebatador em todos os sentidos! Parabéns ao casal pela bravura!
8 h · Descurtir · 3
Kyn Junior Com certeza um espaço irresistível com excelente localização e com muitas possibilidades, parabénas ao ator e Professor de Teatro da Secretaria de Cultura de Bauru Fabio Valerio e sua companheira atriz/produtora/organizadora do FACE LM Marques... sucesso ao casal!
4 h · Curtir · 2
Atb Gestão Kyn Junior O Prototipo Espaço é um dos principais centros culturais de Bauru. Com objetivo difundir a cultura em nossa cidade, promovendo a integração sociaartistica através de atuação junto às Companhias e grupos taeatrais de todos os segmentos. Parabéns aos proprietários!!!
3 h · Curtir · 1
Ricardo Coelho O centro é legal!
3 h · Curtir
Ariane Barros Foi assim.
Foto de Ariane Barros.
58 min · Curtir · 2
Mais três comentários via facebook:
ResponderExcluir26 de janeiro às 18:42 · Curtir · 2
Fabio Valerio pelos dias turbilhonantes que arte nos propõe!! obrigado Henrique Perazzi de Aquino
26 de janeiro às 20:40 · Descurtir · 5
Dulce Lagreca fui fazer um ensaio lá outro dia.... Olugar é mágico!
26 de janeiro às 21:26 · Descurtir · 3
Henrique Perazzi de Aquino Mágico e com algop arrebatador, magnetizante. Fui atraído assim assim do nada.
27 de janeiro às 06:38 · Curtir · 1