quarta-feira, 29 de abril de 2015

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (61)


O DIA DO FERROVIÁRIO E O MUSEU DE CARA NOVA, ESPAÇOS AMPLIADOS – QUE VENHA AGORA A OUSADIA!

Sou de um tempo em que o Dia do Ferroviário era data cheia de muitas festividades cidade afora. Afinal, todos em Bauru somos um pouco ferroviários. Não existe família sem que muitos dos seus não tenham história dentro e fora da ferrovia (tenho avô e pai). O progresso hoje ostentado por Bauru também deve muito ao fato de aqui estar localizado o famoso entroncamento. Só aqui, nos áureos tempos mais de 4 mil ferroviários atuando ao mesmo tempo. São tantas histórias. Hoje muitos renegam isso tudo e apostam no modal rodoviário como o mais viável. Eu não. Pensem comigo, Imaginem o mundo daqui há 20 anos e como deverá ser a entrada em Sampa via rodovias. Um tendel. Daí entra o trem e deixando todos bem no meio da capital e sem problemas de interrupções de trânsito. Será a salvação da lavoura.

Isso uma coisa e dela surgem tantas outras. Minha escrita hoje aqui é para bater tambor pela passagem de mais um Dia do Ferroviário. O Museu Ferroviário Regional de Bauru não se esqueceu da data e tem programação para hoje e amanhã, com um grande café para convidados ferroviários e demais interessados. Será uma ótima oportunidade para que a cidade tome conhecimento de algo até agora pouco divulgado. O nosso museu cresceu, ou seja, ganhou mais espaço. Sim, o seu jardim interno, que até bem pouco tempo possuía uma divisão interna, como na antiga Alemanha, um lado Oriental e outro Ocidental foi totalmente unificado. Aquele jardim interno, bonitão e com muito verde, rodeado de construções históricas, todas datadas de quase cem anos agora pertence somente ao museu. A grade foi abduzida. Felizmente.

Fui outro dia passear por lá e encontrei logo na entrada o Kyn Junior e a Mariza Basso. Fizemos um tour acompanhado do melhor e mais profundo conhecedor de tudo aquilo, o intrépido Paulo Henrique, o menestrel e monitor PH. O espaço onde antes era o Centro de Memória da Unesp, hoje só municipal, está impecável, tudo graças a uma funcionária dedicada e caprichosa, a Cynthia Bombini. Olhei de relance e vi tudo muito bem embaladinho. Precisaria ver quando alguém aparece em busca de um documento antigo para ver sobre sua aposentadoria, mas sei que a Cyntia dá conta. Todo o arquivo existente em Bauru da extinta Rede Ferroviária Federal está ali sob seus cuidados. Por ali um vasto material sobre ferrovia em forma de livros e documentos. Tudo podendo ser pesquisado. Maravilhas que podem ser desvendadas por tudo e todos.

Nos fundos, paralelo à rua Nóbile de Piero, onde antes estava situado as instalações do SESEF, tudo hoje também sob os cuidados da Cultura Municipal. Vi uma cozinha ali funcionando e muitos documentos armazenados em outras salas. Alguma arrumação ainda sendo finalizada, bons espaços para serem ocupados e muitas ideias ainda sendo construídas. Chego a pensar que numa daquelas salas poderia funcionar um espaço permanente para recepção dos ferroviários aposentados, numa forma de atraí-los para continuar tendo contato com aquilo que foi o motivador e transformador em suas vidas. Falta isso e pelo que vi, espaço existe. Ao lado, ainda em funcionamento, o escritório remanescente da extinta Rede, cuidando do final do espólio e em suas salas, outro verdadeiro museu, com peças históricas ali sendo utilizadas e expostas. Mais ao lado, com entrada pela Nóbile, o Clube dos Engenheiros, com programação para alguns aposentados, um verdadeiro clube onde vejo constantemente alguns deles reunidos em torno de algumas mesas e esse o último reduto ainda independente do museu. Uma espécie de ilha cubana dentro de um grande arquipélago. Cheguei a achar isso ruim durante algum tempo, hoje não mais. Eles são e estão na ativa. Ótimo que assim o seja.

Não quero retratar nesse texto as modificações internas do museu, nem da provável utilização da estação (com muita gente trabalhando por lá), nem do projeto Ferrovia para Todos, que continua desativado, impedido de funcionar, assim como da desativação dos carros férreos estacionados no Poupatempo. Gostaria de me ater na desativação já há mais de sete anos do Conselho Deliberativo do Museu Ferroviário de Bauru. Quando vejo experiências fora de Bauru vicejando no apoio externo para instituições públicas e aqui tudo ter sido impedido de continuar funcionando, enxergo um veículo na contramão. Por que não reativá-lo? Comparando com a Sociedade Amigos da Biblioteca Nacional, lá do Rio de Janeiro, que tanto faz por aquela instituição, vejo que muito deixou de ser feito nesses anos de estagnação por causa do não funcionamento desse Conselho, um dos últimos ainda DELIBERATIVOS na cidade. Só no Ferrovia para Todos poderia estar acontecendo maravilhas, mas não, tudo parado. Uma pena.

Voltando para o espaço interno renovado, com o jardim inteiro aberto, algo a ser aplaudido. Espaços renovados e ampliados. Tanto que vi o prefeito Rodrigo oferecendo espaço ali até para abrigar temporariamente a Oficina Cultural. O fato é que o museu cresceu e com ele também precisa crescer e vicejar aquela mentalidade de que, esse ponto turístico pode voltar a ser um verdadeiro ponto de ação cultural e integração dentro da cidade de Bauru. A partir do enfoque ferroviário buscar uma ampliação e aliado a programação renovadora, voltar a ser local de reuniões, palestras, congressos, shows, exposições variadas e múltiplas, enfim, uma ousada revolução. A partir dele e ao lado da famosa estação, que poderá também rejuvenescer, o algo novo a movimentar o centro velho da cidade. Que isso tudo faça parte das discussões daqui para a frente.

Hoje, pelo país todo, uma sentida falta, ausência deliberada, a de pessoas intensamente revolucionárias, como a que perdemos ontem, o mestre ANTONIO ABUJAMRA. É de pessoas inquietas, com motorzinho ligados ininterruptamente, 24h no ar e plugados nas transformações que necessitam serem feitas. Vejo uma equipe em atuação, motivados, buscando o bem coletivo, mas falta, não só neles, mas em muito hoje no Brasil, desse espírito abujamrista nas ações provocativas e conspiratórias. Sei que muito disso é também barrado pelas instâncias superiores e levo isso em consideração. O Museu Ferroviário pode ser um pólo conspirador e agitador dessa transformação. É o que falta por lá, pois as condições matérias e imateriais já estão todas lá. Mãos a obra e boa sorte na empreitada. Eu, Kyn e Mariza podemos até colocar lenha nessa fogueira. Querem???

Obs.: As fotos foram tiradas por mim quando da visita por lá em 15/04/2015.

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