sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (106)


STAR WARS – FUI SENTIR O PODER DA FORÇA E AQUI CONTO DUAS HISTÓRIAS

Dia 25/12, final da tarde, 18h30, eu e o filho no Boulevard Shooping Bauru e adentrando uma das salas do Cinépolis. Ele para rever e eu para ver pela primeira vez o mais novo filme da saga STAR WARS, o O DESPERTAR DA FORÇA, sob direção de J. J. Abrams.

Dois breves comentários sobre, primeiro algo no entorno do filme e depois o que extrai assim de cara do que vi na telona grande.

1.) Quase tudo fechado em Bauru no dia natalino. Talvez um dos poucos dias do ano onde as convenções trabalhistas ainda consigam ser cumpridas a favor do trabalhador. O outro shopping totalmente fechado e no Boulevard quase tudo (do Alameda nada sei), só os cinemas funcionando. Adentramos seus corredores atrasados e com o filme quase começando. Ele me puxando pelo braço e eu querendo ver uma cena defronte uma loja toda colorida, neons piscando. Um jovenzinho sentado no meio fio e chorando copiosamente, ladeado por dois seguranças e uma outra funcionária uniformizada do lugar. Tentavam lhe explicar que sozinho e naquela idade (devia ter uns doze anos, por aí), não poderia adentrar o cinema. Quase assumi o imbróglio para mim, mas me omiti e segui em frente, com aquilo não me saindo da cabeça. Na virada do corredor que dá acesso para a sala outro grupo deles, todos da mesma idade e sozinhos ali dentro, todos sentadinhos num canto, olhando para a entrada dos cinemas com aquele olhar perdido, querendo fazer o que todos os demais estavam a fazer naquele lugar e momento: ir ao cinema. Também não podiam, pois estavam igualmente desacompanhados. Passar por eles e ver a carinha de desolação é dessas coisas para se certificar de que algo está mesmo muito mais do que errado na face do mundo onde vivemos. Talvez tivessem até o dinheirinho contado para o filme e para ali foram com o único intuito de verem o tão falada saga. São andantes dessa cidade, muito novos, já conhecendo muito mais dessa cidade do que, por exemplo, meu filho, que aos 21 anos também anda pela aí, mas não com a desenvoltura desses meninos cujos únicos GPs são o maravilhamento de já saberem tão cedos irem e voltarem para suas casas sem ajuda de nenhum adulto. Se perderem e se acharem são meros detalhes de suas vidas. A imagem deles não me sai mais da cabeça. Como me diz uma querida mestra: "Não são invisíveis, Henrique, são é ignorados". Pode ter a mais absoluta certeza, a imensa maioria ali presente nem deve tê-los notado.

2.) Assisto ao filme com um daqueles óculos tridimensionais. Gosto do que vejo, muito bem feito. Nem me lembro direito de todos os outros sete anteriores. Sou da época de Star Wars com George Lucas e meu filho me explica de como se sucedeu a venda da ideia para o grande estúdio e dali por diante outros diretores assumindo a continuidade da saga. No final de tudo, frigir dos ovos, quando tudo se encerra, ficamos a conversar sobre isso de filmes dentro dessa nada inovadora concepção da eterna luta do BEM contra o MAL. O tempo passou, o mundo intergaláctico é deslumbrante, pois lá no filme tudo transcorre no entorno de um país que se transformou no depósito de sucatas de naves variadas e múltiplas, mas a disputa segue firma e forte. Qualquer semelhança com países periféricos e o lixo das grandes metrópoles dos ricos não é mera coincidência. E os catadores desse lixo, depois indo revender o coletado nos postos de reciclagem, sendo ali enganados, tripudiados e quando com algo de valor, lesados descaradamente. A luta empreendida dentre duas poderosas forças, a Primeira Ordem, algo de cunho ditatorial, conduzindo as massas de forma domada e só pensando em destruir, ter mais e mais, poder concentrado nas mãos de uns poucos, com alguém acima de tudo a ditar todas as regras. Para combater tudo isso um outro grupo, a República, essa de cunho mais palatável, dita democrática e lutando pela Justiça (sic) e reordenamento das coisas no seu devido lugar. Pelo que entendi, também possui um poder central, sem possibilidades de mudanças, algo vitalício, só que bonzinhos. Quando aparece a versão de um local parecido com um bar, onde por lá uma pluralidade de gente de todas as matizes, vejo como incutem que o ocidente no mundo atual é mesmo o lugar onde tudo isso é possível e nada além disso. Impossível não fazer uma alusão com o que ocorre no mundo de hoje, essa luta do quase unificado Ocidente contra o “dragão da maldade”, ou seja, o Estado Islâmico. Tudo bem que os autores dão a entender que o próprio poderio dos EUA, pode também ser entendido como o totalitário Primeira Ordem, mas quando você liga a TV no noticiário a ocorrer hoje, o que passa mesmo é que as forças ocidentais unidas são a República e o Estado Islâmico é a Primeira Ordem. Num certo momento, vi uma velhinha simpática, espécie de conselheira da República apregoar que, assim como esses da Primeira Ordem, outro tanto maldosos e cruéis existiram, todos dia mais dia vencidos. Esse também o seria, não se sabendo só quando e como, depois mais outro e outro, mas a boa e insubstituível República estaria sempre ali para derrota-los e devolvê-los para a insignificância de meros grupelhos truculentos, os tais ogros intergalácticos.

Continuarei a discussão com meu filho sobre mais e mais assuntos extraídos do que vimos e talvez os faça ainda hoje, quando nos reencontraremos logo mais à tarde. Querendo entender mais do que vi, proponho também discutir um bocadinho do filme por aqui, mas por favor, sem altercações como as vistas hoje nas ruas? Enfim, de que lado estaria Chico Buarque e os inconsequentes abordadores de gente pensando contrário dentro da saga? Dá para viajar tendo enxergar o que é República e o que é Primeira Ordem. E teria como criar um algo novo no meio desse imbróglio todo? Já penso nisso, uma Terceira, Quarta ou mesmo Quinta via.

Um comentário:

  1. ACHEI ISSO HOJE NO SITE DA RÁDIO CONTINENTAL, ARGENTINA:

    http://www.continental.com.ar/noticias/Espectaculos/george-lucas-contra-disney-les-vendi-star-wars-a-esclavistas-blancos/20151231/nota/3028927.aspx

    HENRIQUE - DIRETO DO MAFUÁ

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