segunda-feira, 7 de março de 2016
DICAS (146)
NAS MÃOS DE QUEM ESTÃO AS RÁDIOS BRASILEIRAS Ouço rádio boa parte do dia. Hábito construído desde meus cueiros, tempos de antanho. Tento continuar, mas o desânimo toma conta. Uma triste constatação: a imensa maioria das rádios brasileiras estão entregues nas mãos de conservadores. Gente dentro da linha de ação do pensamento único, a do poder dominante. Não está mais adiantando muito ficar tentando mudar de dial, pois em quase todos o mesmo discurso. Triste demais não encontrarmos uma pluralidade de opiniões pelos microfones brasileiros. Com o acirramento dos ânimos dos tempos atuais isso é percebido com maior intensidade. A propaganda contrária ao Governo Federal é intensa, quase sem possibilidades de defesa. E daí me pergunto: Por que e como se deu essa concentração conservadora?
Se existe um culpado credito ao atuais governantes do país. Participei até quando pude da FNDC – Forum Nacional de Democratização das Comunicações, no órgão regionalizado em Bauru. Aqui por Bauru tudo deixou de existir há aproximadamente uns cinco anos. Tínhamos reuniões regulares, assim como no resto do país e nelas alguma esperança de que esse Governo, somente ele, pudesse reverter o quadro de concentração de poder nas mãos do poder constituído nas cidades brasileiras. Tudo foi tentado e sei da existência de milhares de pedidos de abertura de concessões país afora. A bur(r)ocracia emperrou tudo e mesmo algumas concessões já autorizadas continuam travadas e sem poderem legalizarem a papelada e iniciar os trabalhos. Uma dificuldade sem tamanho que, nem Lula nem Dilma conseguiram desatravancar. Um horror os resultados disso. A propriedade (sic) das rádios brasileiras está nas mãos dos segmentos mais conservadores do país, todos ligados de certa forma ao poder econômico local, na maioria das vezes, contrários aos interesses populares e produzindo um noticiário focado nos seus interesses e nunca nos do povo.
Ouço de um amigo na sexta passada, quando lhe comento sobre o que tenho ouvido pelas ondas do rádio sobre levarem Lula para depor de forma irregular. “Faltou empenho nessa distribuição. Perderam o momento histórico de promover essa distribuição voltada para interesses populares. Até algumas comunitárias, recentemente autorizadas a funcionar, estão completamente fora da legislação. Virou uma bagunça e quem de fato precisaria de ter espaço, continua não o tendo”. É a mais pura verdade. Quando ouço um comentário econômico, por exemplo, de um Reinaldo Cafeo, totalmente tendencioso, só preocupado com o que rege o mercado e nunca o povão, a mais elementar constatação de que algo não anda bem pelos lados de como ainda são produzidos os noticiários na rádio, não só bauruense, mas brasileira. Na Auri-Verde, toda entrada do J.Augustus, nos intervalos das horas é somente para, nota em cima de nota, espicaçar com o atual Governo, em algo premeditado, sem reflexão, intuito de sangrar mesmo. Nada contra ser oposição, mas tudo tem limites e o outro lado precisa também ter o mesmo espaço, daí o ouvinte consegue fazer o contraponto. Falta uma oxigenação, principalmente de pensamento. Vivemos dentro de um ortodoxia negativista, direcionando tudo para essa brutal linha de que, o melhor mesmo é nos resignarmos e aceitar que o mundo é assim e não temos mais nada a fazer.
O que esses fizeram com nossas rádios é algo mais do que brutal, até criminoso. Nossos meios de comunicação tradicionais estão mais do que dominados pelo pensamento neoliberal, entreguista e retrógrado. Com raríssimas exceções, um péssimo momento. Mas esses não estão nem aí, pois continuam a produzir informação caolha, tendenciosa e até mentirosa, sem possibilidade de debate, enfim, vieram para isso e cumprem o papel a eles designados. O outro lado, o de quem fornece as concessões, erra em tudo, primeiro na fiscalização, depois em frear e dificultar concessões que equilibrariam o que se ouve. Eu quero também ouvir o outro lado da questão pelo rádio e com o mesmo espaço de tempo. Mas como, se deixaram os piores continuarem mandando em tudo e ao bel prazer? Vá falar para um desses não ser ele o dono da rádio e sim, fruto de uma concessão governamental. Isso parece não existir no país. Lei para esses é só com o venha a nós, ao vosso reino nunca. Que seria de todos nós se não fosse a ação das alternativas existentes hoje em dia?
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