sábado, 24 de dezembro de 2016

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (84)


DIZEM SER HOJE O DIA DE NOEL, ESCOLHI O MEU...

Cada um possui o Noel que merece e aquele mais dentro de sua concepção de mundo. Eu tenho o meu e o vejo nas ruas da cidade o ano inteiro. Trata-se do seu FLOR, isso mesmo o moto-taxista FLORISVALDO AVELINO. Esse distinto senhor, todo santo ano se traveste de Papai Noel e em algum lugar da cidade de Bauru estará atuando, preferencialmente na frente de algum estabelecimento comercial, ganhando seus trocados e fazendo a festa ao seu modo e jeito.

Esse ano o encontro ali junto da estação férrea, a da NOB, a mais linda de todo interior do estado de SP (segundo palavras de Ignácio de Loyola Brandão), atuando profissionalmente numa imensa, diria incomensurável loja de produtos R$ 1 real, a Magazine Pereirão, encravada onde antes existiu uma imponente loja comercial nos áureos anos da ferrovia e depois, mais uma dessas tantas descartáveis Igrejas Universal. Pois bem, seu FLOR está ali vestido de Noel defronte essa loja e paro para uma curta conversa dias atrás, mais por saber quem está por detrás (ou dentro) daquela fantasia (ainda vermelha).

A sua história com Noel já contei aqui, mas a repito em poucas palavras. Ele gosta de se doar nesse período e se veste naturalmente com sua fantasia, como se estivesse indo para um baile a fantasia. Se prepara com o devido esmero e atua, tendo sua melhor interpretação no papel do bom velhinho. Isso ocorre porque atua com amor e dedicação, muito além do ganho que irá lhe prover umas travessuras a mais nas festas natalinas. Ele corta a barba comprida logo após a passagem do Natal e a deixa crescer novamente durante o ano todo, cortando-a novamente, ano após anos na mesma data. Faz isso de caso pensado e conta com a anuência de sua família.

Ressalto ele, o querido seu Flor Florisvaldo Avelino e mais que isso, com a lembrança dele nesse texto que antecede o Natal, o faço por um simples motivo, o de continuar, dia após dia, fugindo da ostentação consumista desses dias, mas enxergando o que está por detrás da festa, ou seja, a simplicidade das pessoas que se entregam a isso tudo com uma abnegação que vai além das raias do compreensível. Eu, ao vê-lo nas ruas e até andando de moto trajando a vestimenta, percebo que a festa natalina se aproxima e ao escrever algo sobre a mesma, ressalto mais a figura do amigo dentro do traje do propriamente do que a do tal bom velhinho, criação feita somente para ampliação do consumo capitalista.

Flor é uma espécie bem popular nas ruas de Bauru, mais conhecido que nota de um real (hoje em extinção) e toda vez que o reencontro, um sorriso se abre em meus lábios. Algo instintivo, pois ele é mais do que um grande sujeito, um digno representante dessas camadas populares que dão o seu jeito de se enfronharem nas manifestações criadas pelos mais diferentes interesses e usufruem de alguma forma dela para proveito próprio, ou seja, ganham algo com isso tudo. E isso me maravilha, essa capacidade de improvisação popular. Portanto, para mim, Natal é seu Flor.

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