domingo, 25 de dezembro de 2016

UMA MÚSICA (143)


DO “PONTO DE VISTA” DA “PÓS-VERDADE” A MENTIRA ESTÁ VENCENDO

Estou aqui nesse dia meio que diferente dos demais, domingo e de barriga estufada, sentado aqui num lugar apartado de tudo e todos, tentando estudar e aprofundar leituras mestradinas, não sem antes me ater a algo que me cai às mãos com a edição especial de final de ano de Carta Capital, num texto do jornalista Gabriel Priolli, “A Era da Pós-Verdade”. Hoje mesmo no almoço vejo como a mentira venceu a verdade e a maioria das pessoas dá mais importância a uma versão dos fatos passada pela TV (mídia num todo) como verdade absoluta do que, como verdadeiramente se deram. Sim, a sociedade está preferindo os boatos aos fatos. Lembram-se quando nos enfiaram goela abaixo que Saddam Hussein tinha armas nucleares no Iraque. Não as tinha, mas naquele momento comprou-se gato por lebre. Kaddafi, o sírio foi assassinado pelo mesmo motivo. Não sei se isso é propriamente denominado de “culto à mentira”, mas sei tratar-se da mais absoluta indiferença com a verdade dos fatos. Isso da pós-verdade é uma espécie de Arte da Mentira, comprada hoje pela maioria dos seres frequentadores de meios internéticos. Leem pouco, sabem de tudo e tecem loas prolongadas, fazendo uso de uma verdade mais ou menos estabelecida, uma triste verdade única, sem possibilidade de outra saída, alternativa ou via vicinal. Priolli afirma, ela “desconsiderar fatos objetivos e prefere acreditar em lendas, num mundo atomizado, em que mentiras, rumores e fofocas se espalham com velocidade alarmante. O cidadão comum posiciona-se sobre um terreno movediço de informações, cada vez mais instável. Se os fatos se ajustam as suas ideias, ótimo. Caso contrário, não virão ao caso, pois a verdade é confirmada através de lobbies”.
Priolli e a pós-verdade...


Foi a pós-verdade quem derrubou Filma Rousseff, sem tirar nem por. Ela, como até as pedras do reino mineral sabem não cometeu nenhum crime de responsabilidade na Presidência da República, condição indispensável para o impedimento, mesmo assim foi deposta pelo “conjunto da obra” e nada foi capaz de impedir. Lulinha, esse filho um tanto abstrato de Lula continua, mesmo após todos os desmentidos possíveis e imagináveis continuará sendo o dono da Friboi. Aqui na mesa do almoço, ouço algo sobre Moro e sua “missão” por acabar com a corrupção (mesmo jogando a sujeira tucana para debaixo do tapete). Prefiro me calar, enquanto todos vão jogar buraco, me isolo e vou ler, estudar. Na vitrolinha um CD encontrado pela casa onde me hospedo, o “Trilhos – Terra Firme”, do excelente grupo carioca de samba da antiga, o Casuarina. Eu lendo sobre Folkcomunicação e a música comendo solta. Eis que, assim do nada ouço a “PONTO DE VISTA” (João Cavalcanti/Eduardo Krieger) e me rendo: Respeitar o ponto de vista é uma coisa, aceitar a pós-verdade é bem diferente.
Capa do CD do Casuarina.
Vale a pena encerrar o dia lendo e ouvindo essa bela canção, clicando a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=n8yMhmBnfIw
Do ponto de vista da terra quem gira é o sol
Do ponto de vista da mãe todo filho é bonito
Do ponto de vista do ponto o círculo é infinito
Do ponto de vista do cego sirene é farol

Do ponto de vista do mar quem balança é a praia
Do ponto de vista da vida um dia é pouco
Guardado no bolso do louco
Há sempre um pedaço de deus
Respeite meus pontos de vista
Que eu respeito os teus

Às vezes o ponto de vista tem certa miopia,
Pois enxerga diferente do que a gente gostaria
Não é preciso por lente nem óculos de grau
Tampouco que exista somente
Um ponto de vista igual

O jeito é manter o respeito e ponto final (2x)
Esse guru norte-americano saca tudo com precisão prá lá de impressionante. 

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