domingo, 12 de março de 2017

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (112)


AGORA ATÉ JÁ GRITAM NA RUA CONTRA OS CONTRÁRIOS

Passo de carro diante de um bar nos altos do jardim Bela Vista e lá do meio de um deles, ouço um grito, dado em alto e bom som, direcionado para minha pessoa: “Henrique, o COMUNISTA. Olha lá, o COMUNISTA”. A voz é por demais conhecida, trata-se do MARCELÃO, militante neoliberal e se apresentando pela cidade afora como, “você sabe, sou a favor da social democracia”. Figura por demais conhecida pelos corredores da Câmara Municipal, onde comparece a quase todas as sessões. Dele, me limito a escrever isso. Nos conhecemos e temos uma divergência política e ideológica entre nós, o que não nos impedia de um cumprimento quando nos encontramos. Impossível puxar conversa, pois não aceita nada além do que expele boca pra fora.

O que me encuca é o seu grito. Nunca o havia feito, pelo menos até então. Considerei o mesmo um tanto intimidatório. Outro dia, o economista radialista me processou com uma arrazoado de 85 páginas e logo no começo, algo bem parecido: “ele é de esquerda”. Das duas uma, o fato de ser comunista e de esquerda, agora deve ter virado peça acusatória, pelo menos depois da implantação do (des)Governo golpista no país, pois não o era antes.


Os tempos, pelo visto, estão assim e podem piorar. Marcelão gritou bem alto de dentro de um bar para que todos lá soubessem passar ali diante de todos um dito e entendido por ele como “comunista”. Talvez tenhamos que, em curto espaço de tempo, circularmos com uma Estrela de David no peito, como os nazistas obrigaram os judeus a fazerem na Alemanha nazista.

A pecha de comunista não me causa peso algum, nem a de esquerdista e muito a de socialista, a que se encaixa melhor a mim. Causa estupor é o fato de que, na repetição constante do termo, incautos possam crer ser isso coisa ruim, condenável, merecedora de um corretivo (ou até algo pior). Isso já aconteceu recentemente no país quando uma mídia insana culpabilizou um partido político, no caso o PT, por todos os males do país e erros do mundo. Passado pouco tempo com os golpistas no poder isso já está se desmontando, pois os que chegaram são infinitamente piorados que os anteriores, muito mais cruéis e estão a desmontar com o país num todo.
Seria esse um caçador de esquerdistas?


Por atos como esse chega-se a pensar que, talvez possa estar surgindo ali na curva da esquina um convencimento coletivo de que, o sujeito só por ser e se assumir esquerdista, seja o próprio mal em pessoa. Será que ao descobrirem onde moro, algum doido varrido irá pintar meu muro com algo nesse sentido: “AQUI MORA UM COMUNISTA”.

Como passei rápido e não parei, não notei nenhuma outra reação dentre os no bar, mas isso tudo me fez pensar nisso tudo e escrever esse texto. Teremos, nós os esquerdistas tranquilidade para andar pelas ruas diante de tudo que se avizinha?

Como diz um conhecido, “quem viver verá”.

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