sexta-feira, 7 de abril de 2017
DICAS (159)
QUIOSQUE DA IMAGINAÇÃO OU QUE TAL, UM FITEIRO POPULAR? PARA TIRAR BAURU DO MARASMO Ando muito encafifado com uma coisa, algo a me martelar o cerebelo. Vou tentar escrever sobre isso e como não sei ser possível, começo divagando até chegar no que quero. Descobri uma francesa dessa nova geração, sensação do que leio se chamar gipsy jazz, uma mistura de música tradicional com algo próximo do que Piaf fazia. Botei pra rolar no youtube e mesmo sem entender uma palavra do que ela diz, gosto do ritmo e pelo que leio, uma menina que por cinco anos cantou em cabarés pelo mundo afora, até sem microfones e isso me conforta. Até ensaio uns passos de dança aqui pelo mafuá. Meu cão, o Charles não entende nada e deve me achar muito louco. Tiro ele para dançar. Veja se não é mesmo gostoso o som da ZAZ: https://www.youtube.com/watch…. Tento trabalhar ouvindo isso e confesso, rende, a imaginação flui.
Não era disso que queria falar, mas segue o barco. Leio na revista semanal resenha do filme “Pitanga”, um documentário sobre a vida de Antonio Pitanga, o pai da Camila, que dirige o mesmo junto de Beto Brant. Viajo no que leio e já quero escapulir para um grande centro onde o filme está nas telonas. Por aqui, nada, nem sinal. Só mesmo o triller e um algo mais na sua página no facebook: https://www.facebook.com/pitangafilme/. Eu arrepiei só de ver o triller. Pitanga foi desses caras que bagunçou a cabeça de uma geração de abilolados como eu, que até hoje fazem coisas do arco do velha. Ele, nos incentivou e quando o via no cinema, com os peitos de fora, pulando e gritando bem alto, me dava uma vontade de fazer o mesmo nas ruas de minha aldeia. Fui um fraco, pois me contive e gritei, grito pouco. Feliz é a minha Aninha, que embarca para o Rio domingo e uma das primeiras coisas que vai fazer por lá é assistir o Pitanga. Que falta eu sinto de bagunçar mais as ruas por onde circule. O tempo passa, a gente fica mais velho e vai deixando tudo para amanhã quando podermos fazer hoje e agora. Pitanga é desses que vai e faz. Como queria ser assim.
Mas ainda não era disso que queria escrever. Hoje mesmo ando as voltas com tentar juntar a produção gráfica de dois artistas do traço: o argentino Miguel Rep e o brasileiro Henfil. Cada um ao seu modo, época distintas de atuação, produzem e muito algo de cunho social, para fazer a gente pensar, agir e inquietamente se movimentar. Ouvi Henfil na TV décadas atrás e hoje ouço Rep em castelhano no seu programa semanal de rádio, o EL HOLOGRAMA Y LA ANCHOA. Vejam o link para viajar sobre algo de sua página: https://www.facebook.com/elhologramaylaanchoa/. Quando vejo o que Henfil e que faz Rep, descubro que não faço nada, produzo pouco, instigo pouco, provoco pouco e já estou mais do que cansado, 56 anos, diabetes a mil e olhos turvos. Sei que ainda dá tempo e quando abro um jornal numa fila hoje pelo centro da cidade, eis um algo mais, um doido, tal de performer Ortueta a estimular crianças a grafitar murais em escolas. Rep é muralista, Ortueta também, Henfil se não o foi, produziu para caramba pelas vias tortuosas e eu aqui produzindo pouco, quase nada. Vejam como ele atua: http://mirada.sescsp.org.br/2016/programacao/flou-espbra/.
Hoje não consigo me concentrar e novamente não vim aqui para isso, mas estou me desviando acho que para chegar onde quero. Não quero escrever da provável bestial guerra sendo declarada mundo afora, nem desses boçais golpistas brasileiros, destruindo tudo, inclusive nossos sonhos. Deixo isso tudo para amanhã. Hoje é sexta e queria ir ao cinema, mas por aqui nem um filme que presta. Resta essa legião de bons cantantes de MPB aqui da cidade. Esses sim enobrecem essa cidade e para mim, sua verdadeira “Força Viva”. Deixa eu chegar onde quero, pois logo mais vou ruar um pouco e sair deste forno mafuento. O título lá em cima diz tudo o que tenho para vos escrever. Tempos atrás me foi oferecido um espaço para propagar cultura via Feira do Rolo, um QUIOSQUE, uma BARRACA, um AJUNTAMENTO AMALUCATIVO. A coisa passou, mas a ideia não. Depois a Cleide Portes, antes de se aposentar na rádio Unesp disse que talvez pudéssemos criar um programa e juntar essa amplitude de cabeças pensantes desta cidade, mas ela se foi e nada fizemos. Tem essa coisa pulsando de falar dessa periferia, botar o microfone na boca de todos eles, deixar a coisa rolar e eles deitarem falação sobres os desmandos todos a que são submetidos. Algo realmente COMUNITÁRIO e não só no nome. Isso me atordoa, como me atordoa isso de não termos criado até agora um espaço alternativo para discutir política e tudo o mais além da mídia massiva. Tião Camargo conseguiu sua rádio comunitária e não o procuramos para interagir, dizer da necessidade de ocupar esse rico espaço com coisas periféricas.
Agora, para encerrar de vez essa endoidada falação, leio que lá na Paraíba, em 1998, uma tal de Fabiana de Barros criou uma instalação de rua e nela deu o nome de QUIOSQUE DA IMAGINAÇÃO. Já tivemos algo assim aqui em Bauru, quando na Batista gente como o Nicodemus, poeta cigano que bateu asas de Bauru espalhava poesia pela rua, cantava, esperneava, ou seja, fazia e acontecia. Esse quiosque paraibano, FITEIRO CULTURAL fica na orla marítima e ali rola de tudo, desde bate papo, lançamentos, falações, agitos, esperneios e rastapés. Vejam isso da coisa lá do Nordeste: http://fabmic.ch/…/actualites/18-ans-du-fiteiro-cultural-s…/. Na verdade, escrevinhei isso tudo, pois estou com vontade mais que danada, verdadeiro comichão de aprontar umas e outras por essa cidade, onde até festa popular em residências periféricas estão impedidas de ocorrer (agora só as de santo podem). Daí, só mesmo furdunçando a vida desses que querem acabar com a nossa alegria. Se ninguém vier me conter, me segura que vou ter um troço.
Gente, nem lhes digo. Escrevi isso tudo ouvindo a francesa ZAZ e estou mais elétrico que qualquer marijuana. Ela me fez balançar as ancas divinalmente. Se me verem pululando hoje pela aí, será efeito dessa deliciosa francesa. Experimente, mas SEM moderação.
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