segunda-feira, 24 de abril de 2017

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (102)


PRIVILÉGIOS – AEROCLUBE E PANELA DE PRESSÃO
O mundo capitalista, até as pedras do reino mineral o sabem, é dos e para os espertos. E neste sistema econômico vigente hoje no Brasil e em boa parte do mundo, ser esperto faz parte do negócio. Não me canso de repetir ser o mundo de hoje o paraíso de uns poucos tirando proveitos nos costados da imensa maioria. Como pode dar certo isto? Não dá, mas é assim que se dão as coisas. Cito abaixo dois casos de privilégios em plena vigência na terra “sem limites” bauruense:

PRIVILÉGIO 1 – O Aeroclube de Bauru é uma área pública, das mais valorizadas para o mercado imobiliário local, hoje tombada pelo CODEPAC (este hoje adormecido em berço esplêndido, sob patrocínio do poder público municipal) e ali um bucólico aeroporto, nos moldes dos de antigamente. Virou o paraíso dos proprietários de pequenas aeronaves na cidade e região. A edificação é pública, mas administração é privada e daí cobrar aluguel dos hangares é algo natural. Fazem por lá uso e uma espécie de usucapião. Assim como também é algo mais do que natural encher todo o muro lateral da avenida Getúlio Vargas, ladeando a pista, com anúncios variados e múltiplos. Faz-se de tudo por aquelas bandas sem prestar nenhum tipo de conta para o dono da porcada. Hoje, o grande problema a revoltar todos os que lucram com o edificante negócio (da China, diria!) é a propositura de ocorrer uma licitação para, por exemplo, compra de combustível. Pelo que sei, o coronel a comandar a EMDURB, o Eclair ameaça mexer neste vespeiro. Não encontra só resistências, mas um declarado “motim”. Não entendem como alguém com seu currículo, pode querer fazer algo tão injusto para um negócio tão bem ajustado. “Pra que mexer em time que está ganhando? Para que revolver problemas do passado, enfim, águas passadas não movem moinhos? Está tudo correndo tão bem e agora vem esse cara cutucar quem está quieto”, eis como lhe cobram. Deixar como está ou comprar uma briga com alguns das “forças vivas” desta cidade? Eis a sina do coronel presidente da EMDURB.

PRIVILÉGIO 2 – A Panela de Pressão é um ginásio patrimônio noroestino e alugado para a Prefeitura Municipal por R$ 28 mil mês, tudo para favorecer duas equipes de grande rendimento no esporte nacional, com empresários bauruenses por detrás de cada uma e aqui mandando seus jogos, os de basquete e vôlei. Ambas disputam os mais importantes torneios nacionais em suas categorias e por detrás de cada uma, empresas, auferindo lucros com o auspicioso negócio. A cidade ganha com os jogos, os times formaram torcidas, os empresários lucram e a Prefeitura entra com o que pode fazer dentro de suas limitações. Tudo certo, até o exato momento em que, malditas goteiras interrompem uma partida de basquete transmitida ao vivo pela TV e para todo o país. O Noroeste, como se sabe, é o primo pobre neste imbróglio e dele não conseguirão a necessária reforma do teto. Simples, faça-se pressão sob quem já paga o aluguel, para que esse providencie a reforma e a toque de caixa, pois na próxima sexta já teremos mais um jogão aqui na cidade. Veladas ameaças são desferidas: “Oferecemos o melhor para cidade e em troca recebemos um ginásio meia boca”. Simplifico tudo. Eu monto o meu auspicioso negócio e conto com a ajuda externa, neste caso, do poder público, do contrário, irei à busca de quem assim o faça. A pergunta que não quer calar: tenho um time lucrativo, disputo torneios de ponta, não possuo ginásio para as partidas, ganho um praticamente de presente e reclamo por não estar nos trinques, do contrário, ameaço arredar pé. Promover, os dois times, em franca união de interesses, a tal reforma, nem pensar, né? Adoro explícitas demonstrações do “venha a nós, nunca ao vosso reino”.

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