terça-feira, 2 de maio de 2017
CARTAS (174)
CARTA ABERTA PARA PEDRO TOBIAS EM VIAGEM AO LÍBANO
Caro deputado
Tomo conhecimento de sua viagem ao Líbano, sua terra natal. Nada como voltar às origens e reviver através dela a trajetória de toda uma vida. Voltar por voltar, fazer turismo é uma coisa, mas voltar para participar de um amplo círculo de debates sobre a diáspora libanesa, uma que obrigou boa parte da população de seu país a deixa-lo é algo grandioso e eivado de uma importância para lá de especial, a 4ª Conferência do Potencial da Diáspora Libanesa (LDE). Aqui algo mais do tema: https://www.facebook.com/events/248086778965893/ e http://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=378327.
Imagino como deve ter sido o seu embarque nessas circunstâncias, imbuído de tamanha responsabilidade social, ainda mais no exato momento em que, todas as pessoas sensíveis estão a denunciar outras ocorrendo nesse mesmo momento mundo afora e, algumas das mais sofríveis bem ao lado do Líbano. Impossível não se sensibilizar com o que ocorre na Líbia, no Iraque, no Afeganistão, no Iêmen e outras nações. O Líbano soube ao longo de décadas se reerguer e hoje, diante de tudo à sua volta, apresenta situação estável.
O sr, na qualidade de participante da fundação da entidade Médicos Sem Fronteiras deve continuar enfronhado com todos esses desmandos a ocorrer mundo afora. Essa entidade continua atuante e hoje, já não basta mais a citação em curriculum, de participação em sua criação, mas sim, onde se situa a pessoa nos dias de hoje. Que papel ela continua cumprindo diante das agruras do mundo? Quando continua engajada nas muitas frentes de luta, sem desvios de conduta, merecedora de todos os louros e consideração. Do contrário, tendo abandonado a trilha de estar ao lado dos menos favorecidos, onde eles estiverem, passa a ser merecedora de críticas e considerações desairosas.
O mundo de hoje está cheio de personalidades que defendem isso e aquilo, mas da boca para fora. Sofrível a defesa de algo abandonado há muito tempo como conduta de vida. Papel aceita tudo, mas no momento de confrontar com a prática, nem tudo bate. Abominável quem faz uso desse tipo de procedimento. Imagino alguém fazer uma calorosa fala contra a diáspora ocorrida com sua nação e ao mesmo tempo, na nova nação, a onde atualmente atua, apoiar algo contra os interesses dos trabalhadores e insistir numa reforma da Previdência, praticamente eliminando a possibilidade desses se aposentarem em vida. Como deve ser triste alguém, numa tribuna internacional falar em alto e bom som e ressaltar de como foi a criação de uma entidade como o Médicos Sem Fronteiras, mas na sua prática estar ao lado de quem dá decisiva contribuição para, por exemplo, aprofundar os problemas do SUS – Sistema Único de Saúde.
Incompatíveis esses discursos e essa prática. Venho alertá-lo, para que, se tiver a oportunidade de aí nesse Encontro Internacional onde se encontra neste momento, presenciar algum dos participantes com um discurso baseado em algo desta natureza, por favor, peça a palavra e o denuncie. Não podemos mais conviver com quem age escamoteando e falseando seus próprios atos. Ciente de que, estará atento a quem por descuido proceda desta forma, conto com sua laboriosa intervenção e, no retorno, nos conte tudo, tim tim por tim tim.
Grato pela atenção
HPA
Bauru SP, terça, 02 de maio de 2017.
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